Diário do Alentejo

Sporting Clube Figueirense conquistou dois troféus no escalão de juniores A (sub/18)

14 de junho 2024 - 08:00
Um marco históricoFoto | Firmino Paixão

O Sporting Clube Figueirense, de Figueira dos Cavaleiros, sagrou-se campeão distrital de juniores A (sub/18), título a que juntou a conquista da Taça Distrito de Beja no mesmo escalão. Uma época de ouro para um clube que andava afastado da ribalta do futebol regional há muito anos.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

 

“Foi uma época muito bem-sucedida. Uma época em que nós conseguimos traduzir em títulos tudo aquilo que foi o nosso trabalho dentro do campo. Foram 24 jogos, 20 vitórias, dois empates e apenas duas derrotas. Fizemos uma época limpa. Uma época espetacular, que só foi possível graças aos grandes jogadores que temos”, garantiu Rui Marques, o jovem técnico que nesta época chegou a Figueira dos Cavaleiros depois de também ter “feito obra” na sede do concelho. O treinador lembrou esse momento, dizendo: “Graças a Deus, já tínhamos sido campeões na Associação de Futebol de Beja, na época 2022, ao serviço do Ferreirense, conseguimo-lo agora com o Figueirense. São títulos que estamos a aportar para o concelho de Ferreira do Alentejo e isso também é importante para dinamizar o território”.

 

Conseguiu, digamos assim, ressuscitar o Sporting Clube Figueirense?

Foram os primeiros títulos conseguidos por este clube em 70 equipas que que por ali passaram ao longo dos 47 anos que o clube tem. Fomos os primeiros a conquistar títulos, e isso é muito relevante. Mas volto a dizer que só foi possível devido ao grupo de trabalho que tínhamos. Jogadores fantásticos, que sempre acreditaram nas nossas ideias, acreditaram no treinador quando o treinador nunca duvidou deles, e deram uma grande resposta. Vencemos as duas provas em que participámos no quadro competitivo da Associação de Futebol de Beja.

 

A fórmula foi essa: acreditar reciprocamente?

A fórmula é, sobretudo, essa: acreditarmos uns nos outros. Quando se acredita muito naquilo que se faz, quando acreditamos nos métodos de trabalho e acreditamos nas pessoas, essencialmente, acreditar nas pessoas porque, sem elas, nunca se conseguirá vencer. Defendo muito isso, que a fórmula é acreditar nas pessoas. Termos palavra, sermos sempre o mais sinceros possível, sermos justos e quando falamos, quem nos está a ouvir tem de acreditar sempre em tudo o que dizemos. Mas tem de o provar dentro de campo e no dia a dia, e eu acho que nós temos feito esse trabalho muito bem.

 

Qual foi o momento em que pensou que poderia ser campeão e partilhou essa ideia com os seus jogadores?

No primeiro dia de trabalho. Disse-o quando nos reunimos com toda a equipa para iniciarmos a época. Os jogadores e a direção do clube sabem que foi assim. Disse-lhes que acreditava muito neles e que estávamos ali para ganhar. Já trabalhávamos juntos há cinco anos, tinha jogadores que acompanho desde o primeiro ano de iniciados e já tínhamos feito um campeonato nacional juntos. Quando entrámos no balneário, olhámos uns para os outros e pensámos que estávamos ali para vencer. Esse foi sempre o nosso foco. Estivemos sete jogos em desvantagem no marcador e virámos sempre os resultados a nosso favor, tal como aconteceu na final da Taça Distrito de Beja.

 

Cerca de metade do plantel trabalhou consigo no Ferreirense. Veio daí essa empatia e confiança mútuas?

Quando se muda de clube, nunca é fácil construir plantéis. Será, porventura, necessário que os jogadores estejam dispostos a mudar connosco, e eu tive essa felicidade. São jogadores nos quais reconheço bastante qualidade, mas, depois, foi preciso juntar a esse grupo mais alguma qualidade. Foi preciso recrutar mais atletas que eu, pessoalmente, também conhecia e que andava a seguir. Foi possível juntá-los todos. Unindo toda essa qualidade só podia sair algo de muito bonito. E o que saiu foi a conquista das duas primeiras taças na história do Sporting Clube Figueirense. Falamos de uma terra que tem cerca de 1200 habitantes, que nunca tinha assistido a estas vitórias do seu clube, portanto, foi muito bonito termos conseguido. Vimos felicidade no rosto das pessoas e isso foi muito gratificante.

 

A debandada dos jogadores entre os clubes vizinhos não lhe fechou as portas do Ferreirense?

O meu trabalho no Ferreirense está bem consolidado. Fui coordenador da formação, consegui ganhar um campeonato distrital de juniores, um título que o clube não conquistava há 28 anos. Não vejo isso como um fechar de portas. Vejo é que o Ferreirense, naquele momento, escolheu um caminho, e eu escolhi outro. As nossas vidas separaram-se e cada um ficou livre de fazer o que muito bem entendesse. Os jogadores também escolheram livremente o seu caminho e se hoje estão comigo no vizinho Sporting Figueirense foi porque assim o entenderam e decidiram livremente. Eu não obriguei ninguém a seguir-me, os jogadores vieram porque acreditaram no nosso projeto, acreditaram que comigo podiam ser mais felizes do que no outro lado onde estavam.

 

E para si, pessoalmente, foi enriquecedor? O que lhe trouxeram estes dois títulos?

Fortaleceram-me a vontade de voltar a ganhar. Não projeto a minha carreira para grandes patamares. Não vou por aí. Olho para a minha carreira construindo-a em clubes onde é possível fazer esta história, onde é possível acreditar, onde é possível reunir um grupo que queira trabalhar e dedicar-se. Não penso muito nesta ou naquela divisão. Quero estar onde me sinto bem. Na Figueira de Cavaleiros deram-me tudo o que era possível para fazer o melhor trabalho, e é aqui que quero permanecer no próximo ano.

 

Porém, a falta de “certificação” não permitirá que o clube dispute o próximo campeonato nacional…

 

O clube tem muito de se centrar em si mesmo e, mais do que disputar nacionais, terá de progredir em termos de infraestruturas, sendo importante dar o passo seguinte para um relvado sintético, algo que virá ajudar muito. Um dia que saia, e olhe para trás, certamente que me regozijarei por tudo o que foi conseguido no passado.

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