O Beira Serra Naverredondense (Odemira) conquistou a Taça de Honra da 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja, vencendo, na final, a formação do Grupo Desportivo de Santa Luzia (Ourique), no desempate da igualdade a uma bola, através da marcação de grandes penalidades.
Texto Firmino Paixão
Uma final interessante, com uma moldura humana colorida e ruidosa, incansável no apoio às suas equipas. Bom início de jogo do conjunto vindo do sopé da serra de Monchique, mas que depressa permitiu que o Santa Luzia tomasse as rédeas do jogo e se adiantasse no marcador com um lance bem finalizado por Daniel Antas.
As equipas recolheram às cabines para o período de descanso com a formação do concelho de Ourique em vantagem e, no segundo período, a iniciativa de jogo voltou a pertencer aos “serranos”, adivinhando-se que, a qualquer momento, chegariam ao empate, o que veio a acontecer à entrada do último quarto de hora de jogo, levando a decisão para o desempate através da marca de grandes penalidades.
A primeira série de cinco penáltis foi convertida com sucesso para ambos os lados. Ao sexto, o santaluziense Ângelo Vaz rematou por cima do travessão, o Naverredondense concretizou e festejou a conquista de um troféu em que já tinha “posto a mão” em 2019. Na última época o triunfo pertenceu ao Grupo Desportivo de Alvito, derrotando os “bês” do Futebol Clube de Serpa, numa final disputada em Montes Velhos. Sucede-lhe, agora, o Naverredondense.
No final da partida os dois técnicos disseram de sua justiça. João Oliveira, treinador do Santa Luzia, comentou a partida concordando que, “na primeira parte”, a sua equipa esteve “um bocadinho melhor”.
“No segundo período o Naverredondense veio para cima de nós, abdicámos de jogar, não porque estivéssemos mal fisicamente, mas porque quisemos que fosse assim, e quando sofremos o golo do empate ficámos nós por cima, novamente. Fomos para os penáltis e foi o que se viu. Aqui não existe sorte, nem azar, existe competência. Na perspetiva de isto poder acontecer, os meus jogadores tinham treinado as grandes penalidades, mas houve um dos nossos jogadores que falhou. Vamos sair daqui com a cabeça erguida porque para o ano haverá mais. Parabéns ao Naverredondense, porque foi o digno vencedor, mas acho que estas duas equipas hoje dignificaram o futebol distrital. Termos chegado aqui foi mais do que um prémio para os nossos jogadores. Ninguém acreditava em nós, mas chegámos aqui com todo o mérito. Não tivemos a tal estrelinha que dizem que existe, mas a estrelinha também se procura e nós estamos cá”.
No lado oposto, o momento era de celebração da conquista, mas o técnico Luís Coelho concordou que “a marcação dos penáltis depende, realmente, da competência de quem os marcar”. “Ali não existe sorte, existe saber e competência”.
Acrescentou ainda: “Só podia sair daqui um vencedor, o Santa Luzia também fez um bom jogo. O jogo foi repartido, mas na segunda parte entrámos muito bem, fizemos algumas alterações, pressionámos mais e conseguimos o empate. Mas também tínhamos entrado bem nos minutos iniciais, só que eles conseguiram ficar por cima do jogo. Estiveram aqui duas boas equipas, dois conjuntos muito equilibrados”. O antigo jogador do Beira Serra assumiu ainda: “Houve um lance a nosso favor, na área contrária, que me deixou algumas dúvidas, mas isso pouco importa, porque, depois, também existiu outro que favorecia o nosso adversário”.
Comentando este segundo troféu que conquistou ao leme da equipa odemirense, Luís Coelho ironizou: “Queria ganhar todos os anos, mas não consigo”.
A Taça de Honra da 2.ª Divisão envolveu a participação de 15 clubes, entre os não apurados para a fase final do campeonato deste escalão. As equipas foram distribuídas por quatro séries. A competição iniciou-se a 25 de fevereiro último e concluiu-se no passado sábado, com a realização da final, que pôs frente a frente o Beira Serra Grupo Desportivo Cultural e Recreativo Naverredondense e o Grupo Desportivo de Santa Luzia, no Estádio Municipal Filipe Venâncio, na vila de Almodôvar.
No fim de semana anterior, no mesmo palco, tinham sido disputadas as meias-finais entre as quatro equipas vencedoras de cada uma das séries. Ourique, no lugar do Amarelejense, vencedor da série A, Santa Luiza (B), Naverredondense (C) e Barrancos (D).
O sorteio caprichou em juntar o Barrancos ao Naverredondense, duas equipas dos extremos geográficos do distrito de Beja, num prélio que a formação do interior do concelho de Odemira venceu por 3-1.
Na outra meia-final, outro capricho, as duas equipas do mesmo concelho, Ourique e Santa Luzia, com o conjunto capitaneado pelo “eterno” Tonico Sabino a levar a melhor sobre os ouriquenses, por 2-0.
Resultados ( Estádio Municipal Filipe Venâncio, Almodôvar):
- Naverredondense - Santa Luzia, 1-1 (6-5 GP);
- Equipa Naverredondense: Evandro, Salvador, Alfa Baio, Heliorraine, Valentim, Vânio Glória (Cabral, 60’), Nuno Bonheira (Paulo Fernandes, 60’), Luís Almeida, Belchior (Cláudio, 37’), Alexandre e Paulo Silva (cap.);
- Treinador: Luís Coelho;
- Equipa Santa Luzia: João Neto, Tonico (cap.), Guilherme, João Felicidade, Hugo Ramos (Estevam, 89’), Daniel Antas, Bruno Soares, Durães (Ângelo Vaz, 63’), Luís Leal (Leandro, 45’), Diogo Oliveira (Mário Loures, 85’), Adilson;
- Treinador: João Oliveira;
- Marcadores: Daniel Antas (22’), Cláudio, 75’);
- Árbitro: Luís Ralha, assistido por Francisco Pereira, Hugo Simão e António Bernardino (quarto árbitro).