Diário do Alentejo

Secção de natação da Zona Azul (Beja) sabe o que quer e aonde quer chegar

24 de abril 2023 - 09:30
A fazer muito tendo tão pouco...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A secção de natação da Zona Azul está bem e recomenda-se. Atravessa um momento positivo, uma afirmação de Carlos Filipe Paixão, seu coordenador, que assegurou: “Continuamos focados no nosso trabalho, tentando corresponder a todos os utentes que nos procuram. Temos listas de espera para algumas turmas, portanto, é um sinal positivo a que nós procuramos responder com o melhor do nosso esforço e qualidade”.

 

TextoFirmino Paixão

 

Fundada há cerca de 23 anos, a secção de atividades aquáticas da ACR Zona Azul, de Beja, viu a Federação Portuguesa de Natação reconhecer-lhe, progressivamente, a qualidade, até atingir, em 2020, o “Selo de Ouro do Projecto Portugal a Nadar”, distinção que ainda mantém. Embora, segundo Carlos Filipe Paixão, ambicionem mais. “Esperamos manter essa distinção, mas o ‘Selo de Excelência’ é também um objetivo que perseguimos, dependendo de alguns resultados desportivos que consigamos conquistar através dos nadadores de competição”.

 

O que diferencia a escola de natação e competição da Zona Azul para ter conquistado o “Selo de Ouro” e perseguir a excelência?

Desde logo a excelente organização e as metodologias que seguimos. Temos uma secção muito bem organizada, sabemos o que queremos, para onde queremos ir e penso que essa é a grande mais-valia da Zona Azul, que a distingue e faz a diferença. Temos pessoas a trabalhar connosco que estão focadas exclusivamente na área de natação do clube e trabalham diariamente com esse foco, sem se dispersarem com outras atividades.

 

Quantos atletas têm na vertente competitiva?

Neste momento, nos escalões de infantis, juvenis e juniores, temos oito atletas. No escalão de cadetes temos o dobro. São nadadores que evoluirão para os escalões acima, mas sentimos dificuldade em manter atletas no escalão de juniores, porque é uma idade que coincide com o final do 12.º ano de escolaridade e os jovens saem para as universidades. Não temos conseguido manter juniores porque saem para outros clubes.

 

O exemplo mais recente foi a saída do Francisco Palma?

Exatamente. O grande exemplo de longevidade, e também de bons resultados, foi o Francisco Palma. Foi a grande referência do clube e ainda hoje o é, pois deixou a sua marca. Um nadador com uma capacidade incrível. Chegou muito longe em campeonatos nacionais e meetings, tornando-se uma referência da natação da Zona Azul. Fazemos questão de fazer perdurar as suas performances e a recordação do contributo que deu ao clube como exemplo para os atletas que estão agora a iniciar-se na competição.

 

O clube tem atletas capazes de seguir esse exemplo?

Sim, temos gente com algum talento. Neste momento não tenho no meu grupo nenhum rapaz, mas tenho nadadoras com muita capacidade e com enorme talento, que precisam de trabalhar mais, eventualmente, de maior assiduidade aos treinos e que, a nível regional, têm obtido bons resultados, tendo mesmo já conquistado alguns títulos. Falta-lhes dar aquele salto para a competição nacional. Andam lá perto, muito próximo dos registos mínimos para as competições nacionais, mas ainda não conseguimos dar esse saltinho para elas se qualificarem. Mas acredito que no futuro isso irá acontecer.

 

Globalmente, os resultados têm sido relevantes?

Sim, a nível distrital também já conseguem ser atletas de referência, bastante competitivos, lutando sempre pelos pódios, e isso, obviamente, dá-nos imenso prazer e alegria podermos ter atletas desse nível. Procuramos cumprir sempre o calendário regular da Associação de Natação do Alentejo. Disputamos provas em Évora, Grândola e Sines, locais onde com mais frequência se realizam as provas e nós, enquanto clube filiado, procuramos ser parte ativa da Associação de Natação do Alentejo.

 

A Zona Azul tem conseguido colocar nadadores nas seleções regionais?

Recentemente realizou-se a Taça Vale do Tejo, em Abrantes, onde conseguimos ter duas atletas a representar o clube e a seleção, algo que nos deixou muito orgulhosos.

 

A sobrelotação dos espaços é um problema recorrente?

É um dos nossos handicaps. Infelizmente é uma das nossas fraquezas, não termos aquele espaço que desejaríamos ter. Mas, ano após ano, tentamos sempre conseguir mais espaços e proporcionarmos melhores horários aos nossos utentes. A turma de competição, por exemplo, sai da água às nove e meia da noite, um horário já um pouco tardio. Nunca chegam a casa antes das 10 horas para jantar e, eventualmente, estudar. Proporcionarmos melhores horários tem sido uma das nossas lutas, não só aos atletas da competição, mas a todos os outros. Mas não tem sido fácil, porque a gestão da piscina e dos horários não depende de nós. Costumo dizer que, tendo em conta aquilo que temos, muito fazemos nós, e não ficamos atrás de ninguém nessa vertente do trabalho, da entrega e dos resultados, por isso, o nosso espírito é tentarmos sempre fazer o melhor.

 

Perseguem alguma meta, algum objetivo que esteja idealizado e ainda não tenham conseguido atingir?

Para já, mantermos o nível de certificação da escola de natação no programa “Portugal a Nadar”. Depois, também o próprio clube está a desenvolver o processo de certificação enquanto entidade formadora. Queremos melhorar a nossa qualidade, atingir outros patamares de excelência e aumentarmos o número de nadadores na área de competição, sabendo que não dispomos de muito espaço para o fazer, porque dispomos apenas de uma pista para treinar. Estamos dependentes de fatores externos, mas também gostaríamos de aumentar o nosso processo de ensino. São estas as grandes ideias que orientam o nosso futuro.

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