Diário do Alentejo

Clube Desportivo de Beja retomou Campeonato Nacional Sub/19 Feminino

09 de abril 2023 - 09:00
"Somos uma família"
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Clube Desportivo de Beja entrou na segunda fase do Campeonato Nacional Sub/19 Feminino (juniores A) Futebol de 9, com uma derrota caseira (1-4) frente ao Clube de Futebol Benfica, o popularíssimo “Fofó”.

 

Texto Firmino Paixão

 

Nada que perturbe o grupo comandado pelo treinador Pedro Delgado, nem que belisque o mérito do que até aqui foi conquistado, nomeadamente, a vitória no grupo G da fase inicial da prova, sem derrotas, apenas com um empate e sete golos sofridos. Nesta fase, momento competitivo em que além do Futebol Benfica terá que jogar com o União de Almeirim e com o Vasco da Gama, de Fátima, o treinador mostra-se confiante no futuro e acredita que esta derrota foi um mero acidente de percurso de um grupo de miúdas que, afirma, terá de continuar a ser “mais do que uma equipa”.

 

Foi um jogo mal conseguido?

Acho que é complicado entrarmos mal num jogo e, sendo nesta fase, que é mais exigente, ainda mais complicado se torna ir atrás de um resultado negativo, para tentar empatar ou mesmo ganhar. Quando fomos para o intervalo, tentei transmitir às atletas que queríamos vencer o jogo, que nunca entramos em qualquer campo para perder, mesmo que estejamos em desvantagem por três ou quatro bolas. Temos que manter a ambição e termos o sonho de lá chegar. Vamos trabalhar para melhorar tudo isso.

 

Quais os erros que identificou que tenham sido determinantes na derrota?

Errámos muito nas saídas com bola, não conseguimos manter as nossas jogadoras à entrada da área. São pormenores que estão falados com o grupo, são erros que não podemos cometer e que, neste caso, deram vantagem às nossas adversárias. Na primeira parte tivemos dois lances em que podíamos ter feito golo, depois a equipa adversária dispôs de três [ocasiões] e concretizou-as. Foi uma questão de eficácia.

 

Foi a primeira derrota da época, após terem terminado a primeira fase na frente da série e só com vitórias …

Ninguém nos pode retirar esse mérito, ninguém nos pode retirar aquilo que fizemos até aqui e que colocou as atletas com uma condição psicológica muito forte. Agora, é preciso que todo esse percurso seja reconhecido e não será por termos perdido este jogo que deixaremos de ser melhores ou passaremos a ser piores. Tal como temos vindo a saber ganhar, hoje também mostrámos que sabemos perder. Contudo, deixamos aqui a garantia de que vamos continuar a trabalhar com a mesma dedicação.

 

Que mensagem deixou às jogadoras no final deste jogo?

Recordei-lhes que quando fomos campeões de série recebemos uma t-shirt com a inscrição “Mais do que uma equipa, somos uma família” e jamais deixaremos de ser essa família por termos perdido este jogo por 4-1. Continuaremos ainda mais fortes e vamos continuar a trabalhar pensando já no próximo jogo e na possibilidade de o vencermos, pois para esta equipa nada será impossível. Estaremos unidos até ao fim, sempre de mãos dadas.

 

Faltam cinco jogos para se completar a segunda fase. Não está nada perdido?

Temos que acreditar. É isso que não me canso de transmitir às atletas. O primeiro objetivo foi conseguido. Foi o primeiro ano que nos juntámos no escalão sub/19 e conseguimos qualificar-nos para a segunda fase do campeonato. Foi espetacular, estou bastante orgulhoso pelo que elas conseguiram. Têm dado tudo o que têm, sinal de muito crer e de muita ambição.

 

Nesta fase, além do Futebol Benfica, vão competir com o Almeirim e com a Associação Vasco da Gama (Fátima). Aumentaram as exigências?

Não conhecemos nada destes adversários. Estamos um bocado no desconhecimento, sem qualquer referência das restantes equipas. Resta-nos trabalhar para sermos cada vez mais competitivos, para discutirmos os resultados e eliminarmos os erros que cometemos neste jogo com o Futebol Benfica. Mas não é fácil obtermos informações, por isso, vamos apenas concentrar-nos nas nossas capacidades, melhorar onde tivermos que melhorar, e os jogos serão uma descoberta, tanto para eles, como para nós. Não sabemos nada deles, certamente que eles também não conhecerão nada de nós.

 

O próximo jogo será apenas no dia 22 deste mês. O calendário também não ajuda a manter uma certa regularidade competitiva?

Olhe, por exemplo, a equipa do Futebol Benfica tem o escalão de sub/17 e estão a competir quase todos os fins de semana, algumas até estiveram aqui a jogar connosco. Têm muito mais andamento do que as nossas atletas. Agora, o tempo de paragem é enorme e isso só nos tem prejudicado, porque terminámos a primeira fase num excelente momento de forma.

 

O apoio do público tem sido relevante? Esteve aqui hoje uma boa moldura humana…

Os pais e os familiares, de uma forma mais geral, são incansáveis no apoio à equipa. Podemos falar dos treinadores e das jogadoras que têm um papel muito importante, mas as famílias dão-nos um apoio especial, diferente. Nunca desistem e ajudam-me a dar à equipa aquele ânimo de que elas precisam muitas vezes. Quero que apoiem e que gritem até que se lhes acabe a voz, desde que sejam comentários positivos e motivadores, naturalmente.

 

Este projeto está a ganhar raízes no Clube Desportivo de Beja?

O Clube Desportivo de Beja disponibilizou-se para receber estas miúdas e construir este projeto. Não lhes falta nada, o apoio é constante e permanente. O projeto tem todas as condições para se enraizar, para se consolidar e ter o maior sucesso futuro. Espero que o futebol feminino cresça, não só no Desportivo de Beja, mas noutros clubes do distrito, em nome da igualdade de género, um fator que estas miúdas identificam e defendem muito, como oportunidades para todos e todas praticarem desporto. Começámos este projeto com 23 atletas, perdemos duas por lesão, mas tem sido difícil cativar mais jovens. O importante é não fecharmos as portas a quem queira praticar futebol, vestindo esta camisola

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