Diário do Alentejo

Presidente da FPF está preocupado com a coesão territorial

02 de abril 2023 - 10:00
O caminho certo...
Foto | Federação Portuguesa de FutebolFoto | Federação Portuguesa de Futebol

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, presidiu à cerimónia de entrega dos diplomas aos 11 clubes que, durante a época desportiva 2021/2022, concluíram com sucesso a sua “Certificação como entidades formadoras de futebol e de futsal”.

 

Texto Firmino Paixão

 

A importância que a Federação Portuguesa de Futebol confere ao processo de certificação ficou vincada através da presença, na Associação de Futebol de Beja, de Fernando Gomes, líder da FPF, em que esteve acompanhado pelo dirigente Júlio Vieira, associando-se ao dirigente local, Pedro Xavier, na entrega dos diplomas e placas aos 11 clubes que, na época desportiva 2021/2022, concluíram este processo: Boavista dos Pinheiros, Castrense, Despertar, Desportivo de Beja, Ferreirense, Milfontes, Moura, Ourique, Serpa e Vasco da Gama, todos no Futebol e Desportivo de Baronia, em futsal.

 

O presidente Fernando Gomes, em entrevista exclusiva ao “Diário do Alentejo”, sublinhou a importância da certificação para elevar a qualidade e o processo de formação.

 

“Sabemos as nossas limitações, enquanto país, ao nível dos recursos financeiros, por isso temos de fazer a diferença, fundamentalmente, pela inovação e elevação da qualidade da nossa formação, na procura e na pesquisa de encontrarmos o maior número possível de talentos, para poderem abastecer, digamos assim, as nossas seleções e atingirem patamares de excelência”.

 

Portanto, adiantou, “este processo atinge hoje quase a sua plenitude, com quase 90 por cento dos clubes com formação a aderirem à certificação e também eles conscientes, muito conscientes, da importância deste processo, em termos daquilo que é a sua organização, a qualidade do trabalho que os atletas desenvolvem em prol dos clubes que representam e que, obviamente, ajudam, e de que maneira, a elevar a formação em Portugal e a desenvolver o futebol no nosso país”.

 

Sobre o simbolismo da sua presença em Beja, uma cidade do interior, o dirigente deixou a nota: “A nossa aposta tem sido essa e os colegas, dirigentes das associações regionais, sabem que existe, da nossa parte, um tratamento muito equitativo relativamente às associações distritais e com alguns critérios, exatamente, para permitir maior coesão ao nível daquelas associações com menos recursos, mais longínquas dos centros de decisão e com mais dificuldades, até pelo afastamento e pelo despovoamento que existe e, portanto, este processo, é um processo nacional e, estando nós no Plano Estratégico da FPF Futebol 2030, estamos a desenvolver um programa que é a ‘Bola Mágica’, que envolve num projeto-piloto 44 escolas e mais de 1600 crianças de cada distrito e regiões autónomas. Portanto, tentamos sempre tratar todas as associações, todos os cantos do País, da mesma forma. Nós nunca conseguimos identificar, desde o início, onde é que está o talento, se está nas ruas do Porto ou se estará, eventualmente, em Trás-os-Montes, no Alentejo ou no Algarve, e a experiência que temos, em termos de atletas que representam a seleções, diz-nos, por exemplo, que o Pizzi é de Bragança, o Paulo Sousa e o João Félix são de Viseu, o Gonçalo Ramos do Algarve, o Pauleta dos Açores, o Cristiano Ronaldo da Madeira. Os talentos existem em todo o lado e este processo, por vezes, ajuda efetivamente a que seja encontrado tanto talento muitas vezes em locais onde nós nem esperamos que existam”.

 

Quanto ao futebol feminino, cujo crescimento também está na ordem do dia, quer quanto ao número de atletas, como de espetadores nos estádios, Fernando Gomes recordou: “Nós fizemos uma aposta desde que entrámos na federação, e desde a primeira hora quisemos integrar na direção um elemento do género feminino, que foi a Mónica Jorge, que tem dado uma ajuda extremamente importante. Estamos muito perto de atingir as 15 mil atletas, mas essa aposta continuada só é possível através da ajuda das associações distritais e dos clubes, pois estes são as células fundamentais em termos de desenvolvimento desportivo”.

 

Já no futsal, modalidade em que temos grandes conquistas, existe um enorme desequilíbrio entre regiões, facto que Fernando Gomes admitiu, mas acentuando: “Temos incentivado a promoção de torneios inter-regionais para que territórios que sejam limítrofes possam organizar competições interdistritais – exatamente para evitar que num distrito onde existam três ou quatro equipas tenham que competir sistematicamente umas contra as outras – para existir atividade desportiva e possam fazer essa ligação com distritos vizinhos, no sentido de criarem condições para uma maior diversidade. Recentemente, aprovámos, ao nível da federação, incentivos para os clubes e para as associações onde isso seja possível e implementado”.

 

Outra das garantias deixadas pelo presidente da FPF foi a continuação de uma política de descentralização de grandes eventos desportivos. “Tem sido sempre a nossa preocupação”.

Comentários