Diário do Alentejo

Ricardo Galope fez uma abordagem muito pragmática à realidade do Mineiro Aljustrelense

28 de janeiro 2023 - 11:00
Que sejamos campeões!
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Um desejo legítimo, naturalmente, manifestado pelo presidente do Sport Clube Mineiro Aljustrelense, Ricardo Galope, um antigo atleta do clube, sucessor de Emídio Charrua, que renunciou à liderança dos tricolores.

 

Texto Firmino Paixão

 

Ricardo Galope não esconde a confiança que tem no grupo de trabalho que lidera, os órgãos sociais, os treinadores e os atletas. Assume o desejo de conquistar o título distrital, mas sem obsessão. O processo de certificação do clube, necessário à participação em provas nacionais, garantiu o presidente, está praticamente concluído. Mas deixou a nota de que o executivo está igualmente focado na formação, onde já tem 180 atletas, com miúdos “a bater à porta dos seniores”. Um clube cada vez mais eclético e ganhador é o lema do atual líder dos tricolores.

 

É um orgulho presidir a um clube como o Sport Clube Mineiro Aljustrelense, um emblema cheio de história e com um rico palmarés?

Sim, é um orgulho tremendo. Para mim, basta pertencer a qualquer um dos órgãos sociais do clube para me sentir orgulhoso. É o clube da minha terra, o clube que representei como jogador e que tenho servido como dirigente e agora, de uma maneira praticamente inesperada, vi-me como presidente e quero fazer o melhor possível, naturalmente com a ajuda dos meus colegas de direção, porque nós somos uma equipa e é com esse espírito que trabalhamos, sem nos importarmos com a figura do presidente, mas com uma boa interação entre todos os elementos que dirigem o clube.

 

Todos os dias surgem problemas para ultrapassar, o que exige uma permanente proximidade?

Não é nada fácil. Todos os dias nos surgem imensos problemas para resolver. Temos essa grande dificuldade que é sermos um clube de uma terra no interior do País e os recursos não são muitos. No entanto, contamos com a ajuda das empresas locais e de alguns particulares, mas é muito difícil conseguirmos verbas para fazer face às exigências que se nos deparam. O recrutamento de jogadores também é complicado, devido ao local onde estamos, os atletas nem sempre gostam de vir para o interior, acabou aquela época das ‘vacas gordas’ em que existia dinheiro para ir buscar isto e aquilo, portanto, tudo o que se conseguir tem que ser à custa de muito trabalho. Mas nós sempre fomos conhecidos por sermos um clube humilde, mas muito trabalhador, e é graças a isso que vamos conseguindo levar o “barco a bom porto”.

 

O Mineiro tem por lema, sempre que cair no regional, que a época seguinte é de regresso aos campeonatos nacionais …

Claro. Com as condições que o clube possui ao nível de infraestruturas, e com o seu palmarés, tem tudo para se manter no patamar nacional. O nosso lugar é esse, competirmos no campeonato nacional, mas, como está atualmente, não como existia no passado, isso não era para nós. Não temos orçamentos para andarmos a competir com as SAD (sociedades anónimas desportivas) que investem centenas de milhares de euros. Não temos arcaboiço para isso, nem nós, nem nenhum clube deste distrito. Mas, como o campeonato está atualmente, sim, esse é o nosso lugar. Estou até muito feliz pelos resultados que o Serpa e o Vasco da Gama estão a conseguir, será bom que se mantenham e, se tudo correr bem, o nosso desejo é juntarmo-nos a eles no próximo ano.

 

Na época passada não foi possível. Este ano as coisas estão a correr de feição?

Na época passada não conseguimos, mas temos de ver que o último campeonato foi dos melhores “distritais” de sempre. Uma prova com o Mineiro, o Moura, o Castrense, o Vasco da Gama, que acabou por ser campeão, foi uma época atípica, o próprio União Serpense que já não existe, mas que, enquanto durou, teve uma excelente equipa, com bons jogadores e bem orientada, que deu luta até ao final. Foi um campeonato com cinco ou seis putativos candidatos ao título. Se será o ano do Mineiro? Espero que sim. Mas não estamos obcecados, nem pressionados por isso.

 

Uma das decisões que tomou foi abdicar da equipa técnica liderada por José Luís Prazeres, numa altura em que nada estava ganho, nem perdido...

A continuidade na Taça Distrito de Beja estava perdida e era um dos nossos objetivos. Mas não foi por aí, porque perdemos nas grandes penalidades, não houve nada a apontar em relação a isso. Mas, até hoje, foi a decisão mais difícil que tive de tomar Considero-me amigo do José Luís, gosto muito dele e sinto que ele também é meu amigo. Mas há momentos na vida em que temos de tomar decisões e creio que havia já um certo desgaste na relação com o grupo, ele próprio sentia isso. A mensagem já não passava e nós sentimos isso. O jogo no Penedo Gordo foi a gota de água e o executivo entendeu que era a melhor altura para mudar.

 

A solução veio de dentro do próprio clube, com a promoção de Pedro Amaro, que treinava a equipa de juniores?

O Pedro está a tomar bem conta do barco. Para mim, foi sempre a primeira opção. Obviamente que olhámos para o mercado. Os putativos candidatos a treinar o Mineiro estão todos ocupados e em projetos atrativos que não querem largar e, para irmos recrutar alguém de fora que não conhece a nossa realidade e nos aumenta os custos, fomos para a opção óbvia, que foi a escolha do Pedro, mantendo a nossa filosofia de possuirmos um plantel sénior curto, para aproveitamento dos juniores, porque temos uma excelente equipa de juniores, com miúdos que darão que falar no distrito de Beja. Queremos que eles comecem a jogar na equipa sénior do Mineiro.

 

O campeonato está competitivo?

Ainda faltam muitos jogos. Nós estamos a fazer o nosso papel. Não temos feito um excelente campeonato, mas estamos bem. O Castrense também. O Moura, já se sabia que não era uma época de aposta, depois temos o Despertar que, sorrateiramente, anda entre os primeiros, mesmo que digam que não querem, mas andam lá. Quem vai buscar o Carlos Daniel, o João Graça, o Bruno Amaro, o Mike, o Jorge Raposo, não quer andar só a fazer número. Mas nós estamos atentos, esperamos que seja uma boa luta, porque o nosso distrito merece um campeonato equilibrado, que promova o nosso futebol e, claro, que sejamos nós os campeões.

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