Diário do Alentejo

Um “Distritalão” prematuramente marcado pela desistência do União Serpense

30 de dezembro 2022 - 10:00
Um tempo novo...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

No futebol do Interior do País, porque, mais aberto e menos competitivo, vão surgindo, aqui e acolá, verdadeiros “elefantes com pés de barro”, projetos que as entidades que tutelam a modalidade e as que apoiam o desenvolvimento do movimento associativo devem acautelar a montante.

 

Texto Firmino Paixão

 

O Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja (AFBeja), que recentemente viu a sua orgânica competitiva reestruturada em nome de uma maior competitividade, ficou, no início desta temporada desportiva, marcado pela desistência de um dos concorrentes, o União Serpense Sport Clube.

 

Um projeto desportivo que rompeu com uma aparente pujança, que prometia agitar o movimento associativo regional e que, de um dia para outro, veio revelar a sua verdadeira ausência de sustentabilidade. Não foi caso único no futebol alentejano: a norte, no concelho de Ponte de Sor, repetiu-se o exemplo. Vamos ver se não se replicará noutras latitudes.

 

Feito este preâmbulo e, antes de mudarmos de agulhas, mostramos a convicção de que, quando no horizonte surgem estes elefantes, as entidades devem exigir garantias de que, mais adiante, o paquiderme não entre na loja das porcelanas. Temos que viver um tempo novo.

 

Pois bem, como o “Distritalão” está a desenvolver-se apenas com 11 das 12 equipas previstas, ficou, desde logo, encontrada a equipa que no final da temporada será despromovia, ou melhor, que a seu tempo foi desclassificada, pelo que, a menos que aconteça alguma fatalidade que provoque a indesejável despromoção do Serpa e, ou, do Vasco da Gama de Vidigueira (lagarto, lagarto…) não será despromovida nenhuma das 11 equipas que estão em prova.

 

Esgotadas 14 das 22 jornadas, desta 1.ª fase do campeonato do escalão principal da AFBeja, ou seja, disputados 70 jogos, marcaram-se 220 golos, 15, 7 golos em média por cada uma das rondas que ficaram para trás. Um número para o qual o Futebol Clube Castrense, o 11 mais realizador, contribuiu com 34 golos.

 

O Desportivo de Almodôvar é a equipa com maior número de golos sofridos, 42, média de 3,2 golos por jogo. O resultado mais volumoso da prova foi registado na 2.ª jornada, com o triunfo por 7-1, do Mineiro Aljustrelense sobre o Penedo Gordo.

 

Todas as equipas já festejaram, pelo menos, uma vitória. O Almodôvar tem uma única, na jornada 15, um triunfo de dois a zero sobre o Piense, e não mais pontuou. Todas conheceram, igualmente, o sabor da derrota, existindo um quarteto de equipas que, por duas vezes, saborearam o gosto amargo desse insucesso: o Despertar (em São Teotónio e em Casa com o Moura), o Aljustrelense, (em Moura e em Beja, com o Despertar), o Castrense (no reduto do Despertar e na sua própria casa com o Aljustrelense) e o Moura (duas derrotas caseiras, primeiro com o Castrense e, mais tarde, com o Despertar).

 

Como se vê, o Despertar já venceu o Aljustrelense, o Castrense e o Moura e, por isso, lidera (à condição) a classificação do campeonato, ainda que em igualdade de pontos com o Mineiro Aljustrelense, mais um do que o Castrense (que tem menos um jogo) e mais quatro do que o Moura.

 

Este é o Despertar de um novo tempo. Mas, como o treinador Hugo Felício já referiu: “O Despertar não é candidato. Somos, sim, candidatos a ganhar todos os jogos, e queremos fazê-lo, para mantermos a equipa sempre motivada”.

 

Com um plantel reforçado por alguns jogadores com experiência a outros níveis, sim, esta equipa não inclui apenas o produto da sua formação mas, o que é inegável, é que tem surpreendido, pelo percurso de excelência que tem feito, pelo menos, nestas 14 jornadas, após uma entrada pouco auspiciosa (duas derrotas, em São Teotónio e, em casa, com o Moura, resultados que já rebateu, no início da 2.ª volta, desta primeira fase).

 

O Mineiro Aljustrelense é o 2.º classificado, mas a formação tricolor é sempre um dos mais fortes candidatos à vitória. Na última época, não conseguiu o regresso que desejava fosse rápido, ao patamar nacional, mas está, pelo segundo ano consecutivo, a tentá-lo.

 

No início da época passou por um processo de renúncia do anterior presidente, Emídio Charrua, prontamente substituído por Ricardo Galope e, mais recentemente também prescindiu dos serviços da equipa técnica liderada por José Luís Prazeres, não se conhecendo, por ora, quem o substituirá, sendo que a equipa, na última jornada, foi orientada pelo treinador da formação Sub/23 do clube, Pedro Amaro.

 

Depois, o conjunto tricolor nem sempre tem conseguido exibições condicentes com as exigências da massa associativa e com os pergaminhos do emblema. Terá sido por isso que aconteceu o seu afastamento prematuro da Taça Distrito de Beja, logo na 1.ª eliminatória, em casa, com o Odemirense.

 

O Castrense fecha o pódio. Ainda não chegou ao topo da tabela, mas tem todas as condições para o conseguir, porquanto, tem menos um jogo que as duas equipas que estão na sua frente. Estamos a falar de um grupo que, na última época, também com Ruben Vaz como timoneiro, conquistou a Taça e a Supertaça Distrito de Beja e que, esta temporada, só perdeu pontos com o Despertar e com o Mineiro. É candidato? Se calhar! Será tão candidato como as restantes equipas que estão no pódio, contudo, os técnicos deixaram, (aparentemente) de olhar para o horizonte, criando esse novo estigma que é “ver jogo a jogo”.

 

Outra nota que importa valorizar é que, entre a 4.ª equipa, o Moura, e a 5.ª, o Renascente, já existe uma diferença de 10 pontos. Como se sabe, os primeiros seis classificados no final desta fase, disputarão uma 2.ª, já com a manutenção assegurada e para decidir o campeão, as restantes cinco (neste caso) disputarão a fase de manutenção/descida.

 

Há dias, foram sorteados os oitavos de final da Taça Distrito de Beja, que se realizarão no dia 19 de março de 2023 e que terão seguinte quadro de jogos: Renascente-Mértola United, Ourique-Naverredondense, Almodôvar-Penedo

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