Diário do Alentejo

Um Ourique Desportos Clube ambicioso no Nacional da 3.ª Divisão Feminino

18 de dezembro 2022 - 10:00
Isto nunca é fácil!
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Uma equipa feminina do Ourique Desportos Clube disputa o Campeonato Nacional da 3.ª Divisão, com um plantel de qualidade, misto de juventude e veterania, onde até pontificam jogadoras internacionais.

 

Texto Firmino Paixão

 

Três vitórias, um empate e uma derrota, é o saldo da participação da formação ouriquense, treinada pela dupla Luís Caixinha e Rui Ramos, no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão Feminino. Após uma vitória robusta (18-0) sobre a formação do Grupo Desportivo Alfarim (Sesimbra), restam três jogos à equipa de Ourique para conseguir uma possível passagem à 2.ª fase do campeonato.

 

O próximo será no domingo, no reduto do Vitória de Setúbal, uma partida com elevado nível de exigência, considerou Luís Caixinha, treinador que também elogia a qualidade e a disponibilidade das suas atletas, neste ano de estreia num campeonato de seniores.

 

O Ourique tem um percurso muito positivo neste campeonato…

Tem sido, realmente, uma boa época, apesar de ser também uma novidade, porque viemos da formação. Competíamos no campeonato de juniores e, este ano, assumimos um novo patamar, contudo, se não formos ao encontro das dificuldades também não evoluímos. Mantermo-nos nos Sub/19 não nos permitia crescer, por isso, decidimos, este ano, fazer esta adaptação aos seniores, algo que está a correr muito bem. O último jogo deste ano será no dia 18, em Setúbal, onde tentaremos rebater essa derrota que temos ou, pelo menos, amenizar os números da primeira volta (1-3). Mas, sem dúvida que o mérito destas atletas é algo gigantesco.

 

Que metas trouxeram para este campeonato num ano de estreia a este nível?

Como lhe disse, para nós é um campeonato novo, queremos desfrutar desta nova realidade, mas pretendemos evoluir. Temos jogadoras com 15, 16 e 17 anos e apanhamos adversárias com mais de 20 e 30 anos. Temos uma equipa onde a jogadora mais nova tem 15 anos, a mais velha tem 42, é um desnível enorme, podiam ser mãe e filha, mas é assim, nas dificuldades é que se formam as grandes atletas, competindo com as mais fortes e aprendendo cada vez mais. Foi essa a mensagem que lhes passei: desfrutarmos, fazermos o melhor que sabemos e, quando chegarmos ao fim, logo se verá. Se calhar, até será melhor do que alguma vez pensámos.

 

Será possível qualificarem-se para a fase seguinte?

Este ano, apuram-se o primeiro classificado de cada uma das 12 séries e os quatro melhores segundos. Nós estamos em 2.º lugar, com os mesmos sete pontos que o Ferreiras, mas existem 12 séries, umas com seis e outras com cinco equipas.  A nossa tem cinco, por isso, faremos menos jogos que as restantes e isso prejudica-nos no coeficiente de pontos.

 

O próximo jogo será em Setúbal, depois recebe o Ferreiras e visitará o Juventude de Évora …

O jogo com o Setúbal terá uma exigência muito maior, com o Ferreiras também será renhido. No Algarve empatámos a uma bola, talvez merecêssemos vencer, mas isto é bola. Depois, o Juventude, fora de casa, e podendo estar já tudo decidido, também terá as suas dificuldades.Os jogos podem tornar-se fáceis ou difíceis, mediante aquilo que for a nossa prestação.

 

Um plantel com uma média de idades entre 23 e 24 anos. Trata-se de um misto de juventude com veterania?

Sim, temos muita juventude, mas também jogadoras muito experientes que andaram no futsal, depois tiveram alguns anos sem actividade e que se juntaram a nós, ou seja, têm idade mas não têm uma prática continuada. É a experiência de umas, com a juventude e a irreverência de outras, que nos tem permitido levar esta projecto da melhor forma possível e até ao momento estamos muito felizes e orgulhosos.

 

Tem aqui também atletas que já foram internacionais…

Na verdade, temos a Carolina Silva que foi internacional, temos a Ana Rita Batista que já andou na ‘Liga BPI’, a Ana Feliciano que já jogou no Vitória de Setúbal, mas em futsal. Depois temos as nossas jovens que também vão às selecções nacionais, o caso da Maria Margarida que já foi internacional, a Sofia Carraça já foi à selecção, a Margarida Cavaco também. Portanto, temos várias jogadoras que já foram às selecções, agora é tentar juntar todos estes talentos e fazermos o melhor possível.

 

Tem sido fácil trabalhar com esta seleção de talentos?

Não! Nunca é fácil. Toda a gente diz que os resultados aparecem porque isto é fácil. Não, não é assim, não é fácil. Estamos a falar de uma equipa feminina, é sempre mais complicado termos muitas mulheres juntas, do que termos muitos homens. Têm os seus porquês, as suas quezílias, qualquer equipa as terá e, no nosso caso, não sendo fácil, temos conseguido levar a nau a bom porto. Mas, sem dúvida que eu e o Rui Ramos [adjunto] saímos daqui no final de cada treino, ou jogo, sempre maravilhados. Elas dão tudo o que podem.

 

Este projeto está consolidado e é um exemplo para os restantes clubes…

Claro. O clube aposta no futebol feminino há cinco anos. Este é o meu quarto ano aqui, como treinador. Não são todos os clubes que conseguem ter uma equipa feminina com esta longevidade. Temos conseguido manter este grupo em Ourique, mas com imensa dificuldade. Estamos numa vila pequena, vêm jogadoras de todo o distrito de Beja e isso não tem sido fácil para o clube, apesar do precioso apoio das entidades locais. Investe-se muito dinheiro em deslocações, em alimentação, em portagens, com motoristas, além do esforço das atletas que vão cedo para as escolas e ao final do dia ainda vêm treinar, regressando a casa às 10 ou 11 horas da noite. É um esforço enorme, mas elas gostam e têm-se sentido bem aqui, portanto temos que estar orgulhosos e vermos até onde irá este projecto.

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