Diário do Alentejo

A SLU Serpense e a Casa do Povo de Serpa bem cotadas no Ténis de Mesa nacional

12 de dezembro 2022 - 14:00
A utopia da 1.ª Divisão
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A Sociedade Luso União Serpense venceu o Vitória de Setúbal (3-2) e subiu ao 2.º lugar (à condição) da Zona Sul do Campeonato Nacional da 2.ª Divisão de Honra, igualada em pontos com o Sport Lisboa e Benfica.

 

Texto Firmino Paixão

 

Luso Serpense venceu o Vitória de Setúbal em jogo a contar para a 8.ª jornada do Nacional da 2.ª Divisão de Honra, disputado no último sábado na Casa do Povo de Serpa. Não foi uma partida fácil, mas a equipa da “Terra Forte” teve arte, engenho e qualidade, para ultrapassar os vitorianos, e colar-se ao Benfica, no 2.º posto da tabela, em igualdade de pontos (e mais dois que o União Sebastianense/ /Açores) embora com mais dois jogos disputados.

 

O próximo compromisso da equipa formada por Edilson Rodrigues, João Bentes e António Chaves (treinada por António Bentes), será no recinto do Grupo Desportivo Toledos (Açores), em meados de janeiro de 2023. Noutro âmbito, a equipa da Casa do Povo de Serpa tem agendado um jogo, referente à 9.ª jornada, no reduto da equipa b do Vitória de Setúbal.

 

Ora, como referiu o histórico dirigente do ténis de mesa serpense, o professor António Bentes, “o Luso Serpense e Casa do Povo de Serpa, são dois clubes que se complementam, temos jogadores que mudam de uma equipa para a outra, os treinos são conjuntos, é tudo pessoal conhecido e são amigos.

 

Vamos alinhavando coisas assim, vendo o que poderá acontecer aqui ou ali, vendo o que as outras equipas têm e o que teremos que fazer para melhorar as nossas performances”. Este ano, de novo, no caminho dos bons resultados. “Sim, estamos a conseguir resultados muito bons. Depois do triunfo frente ao Vitória de Setúbal passámos a partilhar o primeiro lugar com o Sport Lisboa e Benfica, embora com jogos a mais”.

 

Quanto às metas perseguidas, adiantou: “O nosso objectivo, enquanto Luso Serpense, para esta época, será ficarmos entre os quatro primeiros classificados da zona sul, algo que, por enquanto, estamos a conseguir, no entanto, temos que manter este bom desempenho até ao final do campeonato”.

 

A equipa da Casa do Povo, também está a fazer uma boa campanha na 2.ª Divisão, concordou António Bentes. “Claro que sim, mas, neste caso, a permanência é o objectivo principal, porque é muito difícil tentar subir para a 2.ª de Honra e mantermos duas equipas com qualidade nesta divisão.

 

O nosso pensamento, o nosso objectivo, é mantermos a Casa do Povo de Serpa na 2.ª Divisão Nacional e continuarmos com o Luso Serpense na 2.ª Divisão de Honra. Às vezes torna-se necessário fazer a transferência de algum jogador que desponte de repente e que fique melhor, ou pode dar-se o caso de alguma saída do Luso Serpense e temos que estar precavidos”.

 

O êxito deste projeto é tanto mais surpreendente quando falamos de uma cidade do interior do Alentejo, num distrito onde o ténis de mesa é praticado, apenas, por três clubes (Externato António Sérgio/Beringel, Casa do Povo e Luso Serpense).

 

O dirigente e técnico da modalidade, fez notar que: “Formámos este clube faz agora 41 anos e temos contado sempre com o grande empenho de todos os jogadores que por aqui têm passado, entre os dois clubes temos à volta de 26 atletas e apenas um não é oriundo das classes mais jovens, é um mesa tenista espanhol que temos cá, aliás, um excelente jogador, que tem 11 vitórias, em 11 jogos, inclusivamente, contra dois profissionais nigerianos, um do Benfica e outro do Boa Hora”. Sem pressão, com qualidade, empenho e dedicação até porque, justificou António Bentes, estão a fazer o que gostam e esperam continuar por muitos anos.

 

“Este é o 25.º ano consecutivo que estamos na 2.ª Divisão de Honra, permanência neste escalão que não acontece com mais nenhuma equipa a nível nacional, algumas sobem para a primeira, depois descem, mas nós temo-nos mantido”. Não é fácil recrutar, os que estão a praticar estão fidelizados, mas a aposta, de hoje e de sempre, é formar novos atletas.

 

Quanto à ambição de um dia o Luso Serpense atingir a divisão principal, António Bentes rejeita, liminarmente, e explica porquê. “Esse sonho é um bocado uma utopia. Principalmente, porque nós conhecemos a realidade da 1.ª divisão nacional.

 

É um patamar onde pontificam sempre profissionais, há chineses, nigerianos, polacos, são jogadores com elevada qualidade, mas também com elevada exigência monetária. Não podemos chegar aos valores que esses clubes pagam.

 

Há jogadores a receberem mais de 1000 euros para fazerem um jogo nas equipas da 1.ª divisão. Nisso não embarcamos. Termos jogadores pagos a peso de ouro só para dizermos que estamos na 1.ª divisão e abandonávamos os nossos atletas. Não. O nosso projecto é termos duas equipas, termos jovens, divertirmo-nos conseguindo os melhores resultados possíveis”.

 

O salão da Casa do Povo, onde as equipas jogam, nem sempre está bem composto de público. São modalidade de sala, com pouco público e pouca divulgação (mea culpa) da comunicação social. O veterano mesa tenista considerou que “é preciso que as pessoas também se sintam motivadas para ver os jogos e para nos apoiarem. Temos tido boas casas, com cerca de 30 pessoas.

 

Mais recentemente, devido aos jogos do Mundial, diminuíram as presenças e as pessoas não vieram”. Ainda assim, a comunidade local e as forças vivas, conhecem e reconhecem o esforço. “Sim, quer o município, quer as juntas de freguesia têm-nos apoiado sempre a nível financeiro, caso contrário, não conseguiríamos desenvolver a modalidade como temos feito, pois temos duas equipas adversárias nos Açores e temos viagens para diferentes locais no centro e norte do país”, concluiu.

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