O Despertar Sporting Clube concluiu a primeira volta do Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja em 4.º lugar, a dois pontos do topo da classificação. Um empate e duas derrotas foram os resultados menos conseguidos pela equipa treinada por Hugo Felício.
Texto Firmino Paixão
As derrotas aconteceram exatamente nas duas primeiras rondas do campeonato, primeiro no terreno do Renascente (a quem ganharam no último domingo, em Beja), depois, no seu próprio recinto, com a formação do Moura, adversário que os espera na jornada deste domingo.
Na última época a equipa bejense garantiu a sua continuidade neste patamar com um 5.º, e penúltimo lugar, na poule de manutenção/descida. Este ano, vem surpreendendo, tudo e todos, com o seu posicionamento logo atrás dos principais candidatos ao título. Será o Despertar, também, um dos candidatos? Ou será o Despertar, apenas e só, a equipa revelação das primeiras 11 jornadas? Teremos respostas para estas questões na conversa que mantivemos com o treinador Hugo Felício.
O Despertar fez uma excelente primeira volta…
Fizemos realmente uma boa primeira volta e acho que a equipa tem vindo a subir de rendimento. Temos conseguido somar pontos, na realidade não iniciámos muito bem mas, depois, a equipa começou a melhorar e os resultados começaram a aparecer. Assumo que estamos, de facto, a fazer um bom campeonato.
As duas derrotas (Renascente e Moura) aconteceram exatamente nas duas primeiras jornadas. É esse o mau início que refere?
Sim, não podemos esquecer que estamos a falar de uma equipa que está em formação e que, na última época, passou por um campeonato muito difícil, tentando, a todo o custo, a manutenção a este nível. Era o ano zero, tínhamos que nos manter para, depois, darmos o outro passo. Conseguimos, reforçámo-nos bem, com alguns jogadores experientes, que ajudam muito os miúdos a crescer, e sabíamos que esse processo demoraria algum tempo, por isso os primeiros jogos foram mais complicados, depois a equipa começou a ficar mais coesa e conseguiu resultados positivos. Agora, as outras equipas também têm qualidade, também têm objectivos e haverá sempre um ou outro momento em que nós podemos não estar tão bem.
Aceita que consideremos o Despertar a equipa revelação desta primeira volta do campeonato?
Não sei se poderá dizer-se isso. Obviamente que o Despertar não é candidato. Na última época lutámos pela manutenção, este ano foi assumido um objectivo um pouco diferente, porque também melhorámos em termos de qualidade do plantel, portanto, o nosso objectivo passa por ficarmos nos primeiros seis, ou seja, no grupo de cima, que disputará a fase de subida. Estamos, de facto, a fazer um bom campeonato, se somos a equipa sensação ou não? Talvez sejamos, mas pronto, acho que estamos a seguir o nosso caminho.
Esse caminho colocou-vos a um ponto do 3.º classificado e a dois pontos da liderança…
Costumo dizer que nós somos candidatos a ganhar os jogos todos. Fazemos por isso, trabalhamos para isso, todas as semanas, quando entramos em campo, procuramos a vitória. A nossa equipa tem vindo a crescer, estamos melhor, sabíamos disso antecipadamente e, de facto, os resultados vão aparecendo, agora, o que estamos a conseguir acaba por ser natural e uma consequência do trabalho que temos feito.
Já referiu a juventude do plantel, sinal de que o Despertar mantém aquela sua matriz de clube de formação?
O problema do Despertar, nos últimos anos, é que é muito forte na formação, domina a formação ao nível do distrito de Beja mas, depois, tem sido muito difícil manter esses jogadores no plantel sénior. Este trabalho tem vindo a ser feito muito da base, não é um trabalho da equipa sénior, é um projecto global do clube, que está a tentar e a conseguir criar melhores condições para os atletas. O trabalho tem sido bem feito. Estamos a criar bases sólidas e depois, naturalmente, os jogadores que terminam a sua formação, já olharão de outra forma e pensarão em ficar no Despertar. No ano passado, os cinco juniores que subiram a seniores ficaram todos connosco, portanto, isso já quer dizer alguma coisa. Temos também mais sete ou oito jogadores de primeiro e segundo ano que vieram da formação e depois temos três ou quatro jogadores que, na sua maioria, também passaram pelo clube e trouxeram aquela experiência que faltava ainda aos mais jovens. O trabalho é este, um trabalho de continuidade com uma aposta clara na formação.
Tem jogadores entre os 17 e os 39 anos. São esses reforços que trouxeram maior maturidade ao plantel do que existia na época passada?
Recordo-me que quando terminámos campeonato, na época passada, o jogador mais velho do plantel tinha 24 anos. Tínhamos oito juniores, era um plantel com qualidade, mas muito inexperiente, e isso, ao nível distrital, a falta de experiência paga-se muito caro. Por isso, tentámos colmatar essa lacuna com jogadores com alguma experiência a este nível, atletas que sabíamos que se integrariam bem no nosso plantel e que nos podiam ajudar a fazer crescer os restantes. Foi uma junção intencional para podermos, esta época, dar um passo mais ambicioso na classificação e melhorarmos a qualidade do nosso jogo. Sabíamos que teríamos que ir buscar cinco ou seis jogadores que se enquadrassem dentro desta filosofia que criámos. Quisemos jogadores com qualidade, experiência, e que, ao mesmo tempo, estivessem disponíveis para ajudarem os mais novos. Todos os que vieram têm essas características, dão tudo pela equipa, nos treinos e nos jogos, mas depois funcionam, também, como uma extensão do treinador dentro de campo, até pela forma como comunicam com os colegas.
A 2.ª volta já se iniciou, com uma vitória sobre o Renascente e, no domingo, jogarão em Moura...
Nós fazemos as contas de outra forma. Concluímos o primeiro terço do campeonato, a segunda volta terá dez jogos e, na segunda fase, terá outros dez. Entrámos na segunda etapa, estamos com o pensamento de conquistar os três pontos, para mantermos a equipa motivada e competitiva, para podermos continuar nos lugares de cima. É só isso…