Diário do Alentejo

A Taça Skating Sul 2022, na vila de Cuba, encerrou a época desportiva

26 de novembro 2022 - 09:30
A regressar à normalidade
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Pavilhão Desportivo Municipal de Cuba recebeu, no último fim de semana, a Taça Skating Sul 2022 em Patinagem Artística, competição organizada pela Associação de Patinagem do Alentejo e Algarve (APA).

 

Texto Firmino Paixão

 

Cerca de 80 patinadores, em representação de uma dezena de clubes oriundos das duas regiões tuteladas pela associação regional, convergiram para a vila de Cuba, em cujo pavilhão se realizou esta competição do calendário regional que encerrou a época desportiva, na área da patinagem artística e que se destinou aos atletas que competem em provas nacionais.

 

O evento contou com a colaboração do Clube de Patinagem Artística de Cuba e com o apoio do município de Cuba. Só não contou com a presença do presidente da Associação de Patinagem do Alentejo e Algarve, o lacobrigense Rui Mateus, aliás, uma ausência bastante notada.

 

“Vi aqui patinar atletas com valor para chegarem a patamares onde eu cheguei”, confidenciou-nos o jovem Cláudio Rus, patinador sénior do Clube de Patinagem Artística de Cuba, mas avisou: “terão que trabalhar muito, porque a patinagem está cada vez mais difícil. Mas, se eles se dedicarem, acredito que podemos ter aqui atletas capazes de atingir esses patamares, aliás, notei que todos os clubes estão a trabalhar muito bem e que possuem patinadores muito talentosos”.

 

Campeão nacional e quatro vezes vice-campeão, duas vezes medalha de bronze na Taça da Europa, o jovem romeno, que adotou a vila de Cuba como sua terra natal, assumiu a grande paixão pela modalidade. “Sim, esta paixão pela patinagem artística está aqui muito dentro, muito interiorizada, e eu já não consigo tirar isto de dentro de mim. Tudo começou quando eu era muito novo e acredito que permanecerá para sempre, é uma verdadeira paixão o que eu sinto pela patinagem artística”.

 

Já no escalão de sénior, não deixou de aceder à pista para mostrar a sua arte e confessou que: “É com um enorme orgulho que recebemos sempre aqui provas desta modalidade. Cuba é a ‘minha terra’, este pavilhão é a ‘minha casa’ e nós queremos deixar sempre o público satisfeito, por isso, empenhamo-nos muito nas organizações. Como patinador, também existe sempre aquele gosto especial por estar a patinar em casa”.

 

Cláudio Rus, patinou, mas também viu patinar os seus alunos, e fez notar que sempre gostou muito de lidar com crianças. “Observava os treinos dados pelo meu treinador, eu e a Catarina Bicho começámos também a dar treinos às crianças desde muito jovens. Ganhámos esse gosto e, graças a isso, fui tirar também o Curso de Treinador. Sinto-me vocacionado para essa vertente e sinto um prazer muito grande em lhes transmitir tudo aquilo que sei, em partilhar com os miúdos tudo o que que foram as minhas vivências de muitos anos na modalidade. É gratificante”.

 

Depois, também está feliz por ver o seu clube crescer e valorizar-se. “O nosso clube tem crescido bastante, temos feito muitas provas, temos uma nova geração de atletas, por isso, acredito que estamos no bom caminho”, sublinhou o antigo campeão nacional.

 

Mais adiante, o nosso jornal ouviu também a dirigente da APA, Maria Antónia Paulino revelar que “a ‘Taça Skating Sul’ é uma prova da Associação que se dirige a todos os atletas que estão a competir em campeonatos nacionais, uma prova que ganhou esta nova nomenclatura de ‘Taça Skating Sul’ para não se confundir com outras provas semelhantes, mas é, sobretudo, mais um momento competitivo para que os atletas cresçam, porque, na próxima semana, terão já a Taça de Portugal”.

 

A dirigente adiantou ainda que “participaram todos os escalões competitivos, desde os benjamins aos seniores, nas variantes de patinagem livre e solo dance”, e revelou: “Estavam inscritos mais de 80 atletas de 11 clubes, foi um número bastante razoável atendendo a que estamos em final de época. Faltaram dois clubes, o Roller Lagos e o Canaviais, de Évora, creio que, este, por questões de saúde dos atletas, mas está aqui quase o universo da patinagem artística regional. Temos quatro clubes na especialidade de ‘solo dance’ mas só aqui estiveram dois, o Sport Clube Serpa e o Grupo Desportivo Diana, de Évora. Os restantes não vieram por opção, uma vez que temos algumas dificuldades no ajuizamento”.

 

Como assim? “Não temos juízes especialistas para ‘solo dance’ no sistema ‘rollart’ e fizemos no sistema ‘white’, e o Roller Lagos achou por bem não vir, porque as suas atletas já estão a competir em ‘rollart’”. Ainda assim, sublinhou a dirigente, “viram-se aqui muitos momentos de qualidade. Nota-se, sobretudo, que existe muito trabalho dos técnicos e dos atletas, alguns muito talentosos mas, se não trabalharem, não chegarão lá, porque a dedicação e o trabalho são sempre a base do sucesso, seja em que modalidade for. Mas, efectivamente notou-se que existe um trabalho de muita persistência dos treinadores e muita vontade dos atletas”.

 

Já quanto ao crescimento da modalidade, Maria Antónia Paulino lamentou: “A pandemia e as dificuldades que daí derivaram, com um período de inactividade de quase dois anos, impediram, de certa maneira, a evolução da patinagem artística, porque muitos atletas, sem treinos, nem competição, desmotivaram-se. Mas vamos retomando aos poucos e verificamos que estão a regressar alguns atletas que possuem talento. Por outro lado, estamos a verificar também um rejuvenescimento, com a iniciação de novos patinadores”.

 

Olhando um pouco para o passado, tempo em que a patinagem alentejana estava, recorrentemente, representada em grandes palcos internacionais, Antónia Paulino concordou que “no passado tivemos patinadores com grandes resultados em provas internacionais. Recentemente, tivemos dois atletas na última Taça da Europa, o Luan Andrade, do Clube de Patinagem de Albufeira, e a Madalena Figueiredo do Grupo Desportivo e Recreativo de Canaviais (Évora). Mas enfim, foi uma época positiva, apesar dos condicionalismos dos últimos dos anos e do problema de juízes, porque os que temos são poucos e, por isso, sistematicamente sacrificados, porque têm que estar em todas as provas e isso é muito extenuante”.

 

Estão, de facto, a decorrer cursos para novos juízes. Soubemos, porém, que, quando terminarem, só poderão fazer os testes de graduações dos miúdos antes de evoluírem para provas deste nível.

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