O Clube Desportivo de Beja é o atual líder da Série G, no Campeonato Nacional Feminino Sub/19. Jorge Delgado, o treinador da formação bejense, diz-se muito orgulhoso das suas jogadoras e deixou um apelo a todos os adeptos do clube para que compareçam no próximo jogo.
Texto Firmino Paixão
Onde poderá chegar este projeto inovador, não inédito, do Clube Desportivo de Beja? “É difícil responder!”, garantiu Jorge Delgado, técnico da formação sub19 feminina. Mas sempre deixou cair a ideia de que gostaria, primeiro, de levar a equipa à 2.ª fase do campeonato e depois, quando lá estiverem, lutar pelo 1.º lugar.
O projeto do Desportivo de Beja não se esgota nesta formação de juniores. Existe uma segunda equipa, mas de infantis, que está a disputar o campeonato distrital da Associação de Futebol de Beja. Mas, enquanto treinador da equipa sub19, Jorge Delgado realçou: “Sinto-me muito orgulhoso, é mesmo impossível não me sentir com o coração cheio”.
Um bom início de campeonato, uma vitória no terreno do Lusitano (0-2) e uma goleada em casa frente ao Marítimo Olhanense (7-0)…
Sim, mas isto é tudo trabalho das nossas atletas que, cada vez, têm mais desejo de aprender e têm muita vontade de vencer. Este não é um trabalho de hoje, nem de ontem. É um trabalho que vem do passado, porque nós já estamos juntos há alguns anos. E eu tenho um amor enorme pelo futebol feminino, porque estas jogadoras são excelentes, adoram aprender novos processos, dão sempre mais em cada jogo e todos estamos muito orgulhosos de representar o Clube Desportivo de Beja.
O sucesso desta equipa justifica e valoriza a decisão do Desportivo de Beja em ter acolhido este projeto?
É evidente que sim. O Desportivo de Beja, os seus dirigentes, claro, a partir do Beja Cup, quando viram esta equipa jogar, tudo fizeram para nos ajudar, e a todos, equipa técnica e jogadoras, a dar continuidade a este projeto. Foram impecáveis, acolheram-nos muito bem, são pessoas espetaculares, gente boa, que tem dado tudo e a todo o momento, para que isto pudesse acontecer. Tem-nos sido possível treinar com regularidade, temos realizado alguns jogos fora, temos ido ao Algarve, a Évora, enfim... Estes dirigentes têm feito tudo o que está ao seu alcance para nos apoiar. Só temos que lhes estar reconhecidos.
O adversário do próximo domingo será o Guia Futebol Clube, com uma equipa que parece estar também ao alcance do Desportivo...
Olhe, antes de mais, deixe-me fazer um apelo às pessoas que pensam que o futebol feminino está muito inferiorizado, relativamente ao masculino. Gostava muito de ver um dia a nossa bancada cheia de adeptos a apoiar esta equipa, era importante para que continuássemos com este percurso bem-sucedido. O Guia, sim, eu acho que é uma equipa acessível e vamos trabalhar para conseguirmos uma nova vitória na tarde de domingo.
Tem um plantel jovem e com alguns talentos, desde logo, a Lara Filipe, atleta que foi, recentemente, chamada a um estágio da seleção nacional…
Conheço as qualidades da Lara, porque já a treinei e já foi minha treinadora adjunta, e disse-lhe que este seria o ano dela, seria o momento de se afirmar. Espero que sim, que seja o ano da sua afirmação, espero que ela consiga ‘voar’ um bocadinho mais alto, porque merece-o e eu ficaria muito feliz.
Contudo, uma só atleta não ganha jogos. Tem um coletivo forte e talentoso do qual sobressai, de facto, essa atleta?
Sim, temos sido castigados com algumas lesões, mas as atletas que estão disponíveis têm dado tudo e trabalham sempre no máximo. Não temos um 11 pré-definido, não são sempre as mesmas jogadoras na equipa inicial, porque a qualidade é muita e podemos variar. Mas também há atletas que nos surpreendem nos treinos e nós temos que dar oportunidade a todas elas para mostrarem o seu talento e a sua qualidade. Por exemplo, no jogo com o Marítimo Olhanense, estrearam-se três ou quatro atletas neste escalão e certamente que ficaram muito felizes por essa oportunidade que lhes demos. É evidente que o futebol é um jogo de equipa mas há lances onde a qualidade individual conta muito.
A Série D tem três equipas do Algarve, três do Alentejo (Desportivo, Lusitano e Milfontes).Alguma delas é candidata a vencer a série? O Desportivo de Beja será uma delas?
Não gosto de me assumir como candidato a coisa nenhuma, porque nós nunca sabemos o dia de amanhã. Acho que temos algumas equipas excelentes, algumas muito iguais em termos de qualidade de jogo. Mas não nos consideramos candidatos, porque tudo pode acontecer neste campeonato. Sendo verdade que gostaria imenso de ficar no 1.º lugar para levar estas miúdas à 2.ª fase da prova.
Que significado tem este 1.º lugar, que já ocupam à 2.ª jornada?
É um orgulho. Quem nos acompanhou, desde o início, sabe as dificuldades por que passámos para reunir estas atletas, de forma a tê-las todas connosco. Continuo a sentir um grande orgulho, estou sempre de coração aberto para todas elas. Umas vêm de Cuba, outras de Albernoa, outras de Castro Verde, vêm treinar e regressam a casa depois das nove da noite, fazem um sacrifico enorme, às vezes têm testes no dia seguinte. Não é fácil, mas temos sempre 16 ou 17 jogadoras a treinar.
Tem sido fácil passar a mensagem do que a equipa técnica pretende para este grupo?
É muito fácil, porque estão sempre muito ansiosas por aprender. São lutadoras, estão sempre recetivas a todos os momentos de aprendizagem, interpretam e tentam de imediato pôr em prática tudo o que pretendemos. Existe um grande espírito de equipa, uma virtude que sempre tem prevalecido neste grupo. Se estivermos todos unidos, estaremos sempre mais perto de vencer. Depois, também praticar bom futebol, para chegarmos à vitória.