O professor José Inácio Bexiga Fialho sucedeu a Vasco Cordeiro na presidência da direção da Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, na cidade de Beja. Depois de exercer inúmeros cargos na estrutura técnica e social do clube chegou, finalmente, ao topo dos órgãos sociais.
Texto Firmino Paixão
”Fundamentalmente, com um espírito de missão muito forte”. É desta forma que o dirigente caracteriza a sua chegada, “querendo um clube com abertura para desenvolver outras modalidades, criando laços muito fortes entre todos”.
Bexiga Fialho, assume também: “Temos uma equipa com dinâmica, queremos que todos os órgãos sociais estejam mais perto do trabalho da direção e daquilo que vai sendo o seu desempenho. Quero desligar-me um pouco da atividade desportiva, para me dedicar a questões mais prementes ao nível da reorganização das três grandes áreas, e também com o foco na modernização dos estatutos do clube”.
Finalmente, no topo da hierarquia, depois ter percorrido quase todos os patamares...
Foi uma candidatura pensada, refletida, que surgiu um pouco na sequência da colaboração que eu vinha a prestar ao clube desde há dois anos a esta parte, como coordenador, e que se materializou nesta candidatura, acompanhado por um grupo de pessoas que deram uma grande colaboração na organização da lista. Estou, por isso, a ocupar um lugar que ainda não tinha ocupado neste clube nos 47 anos da sua existência. Nunca tinha passado por isto. Assumi-o com consciência, no sentido de procurar estabilizar a sua sustentabilidade, não só financeira mas, principalmente desportiva, que é aquilo que nos interessa mais, proporcionarmos a prática desportiva ao maior número de pessoas de todas as idades.
Quais são essas três grandes áreas que serão objeto de reorganização?
Uma delas é a Zona Azul Academia, virada para o Centro de Formação de Andebol, Escolas de Natação e o Centro de Atividades Gímnicas. Queremos também ter uma área que será a Zona Azul Saúde, dedicada à atividade física, enquanto prática de uma vida saudável, dirigida aos adultos e aos seniores, com atividades regulares e eventos e, finalmente, a Zona Azul Competição, virada para o andebol sénior e para a natação pura, modalidades que são, a par da columbofilia, as nossas grandes atividades. Depois, tentaremos recuperar a dinâmica que o clube já teve, organizando alguns eventos que mobilizem os nossos sócios, sendo que consideramos importantíssima uma boa comunicação com todos os associados, quer através do nosso sítio na internet (zonaazul.pt) ou através das redes sociais. Queremos estar o mais próximo possível dos nossos associados para que possamos ser uma coletividade mais forte, com mais participação, porque o associativismo está a necessitar que se faça alguma reflexão, fundamentalmente, porque se está a tornar mais profissional.
A formação do Grupo Azul está no vosso plano de atividades e provavelmente virá nesse sentido...
O Grupo Azul é algo que me toca muito. Sempre pensei muito nisso, em termos de retaguarda, um grupo autónomo que possa colaborar e participar nas atividades do clube. É quase como uma ´diáspora´ para antigos atletas, antigos técnicos e dirigentes que, eventualmente, estejam fora do contexto em que nos inserimos, mas que venham até nós, que nos tragam ideias, que nos estimulem a realizar eventos, que nos ajudem a angariar apoios. Seria importantíssimo conseguirmos criar esta estrutura autónoma. Mas também queremos fazer anualmente um Encontro Azul, em que talvez o momento do Zona Azul Aniversário possa ser o nosso grande evento de celebração e de reunião de associados à volta do clube, através de atividades sociais e desportivas ou de homenagear, de alguma forma, elementos ou instituições, pelo seu elevado contributo a este clube. É por isso, também, que acho que tenho que ficar um pouco mais liberto da área operacional.
O plano de atividades contempla o reforço e a sustentabilidade das atividades que já existem, mas falta algo que surpreenda, algo que seja mais criativo para o futuro do clube?
É uma situação que tem um pouco a ver com o facto de queremos ser cuidadosos e não estarmos a criar expectativas que, de certa forma, não consigamos cumprir, ficando só pela ideia e não conseguirmos chegar lá. A nossa grande ambição é termos uma Academia que, ao mesmo tempo, sirva de apoio aos nossos atletas em termos de apoio escolar, apoio à atividade desportiva e de apoio aos pais, algo consubstanciado na criação de um espaço de raiz, que pudesse ir buscar os nossos atletas às escolas, proporcionar-lhe salas de apoio ao estudo, levá-los depois para os locais de treino e, a partir daí, os pais só teriam que os ir buscar.
O andebol é a vossa atividade mais visível. A terceira divisão nacional é o vosso teto competitivo?
O grande problema que temos com o andebol sénior é que todos os anos, quando os nossos atletas concluem o 12.º ano, vão estudar para fora. O Centro de Cultura Popular de Serpa, que está na 2.ª Divisão, ainda consegue ter ali um conjunto de atletas da terra, mas lutam com muitas dificuldades para manterem uma equipa competitiva, porque estamos numa região com os problemas de interioridade que se conhecem. Estamos muito longe dos grandes centros, também gostaríamos de estar na 2.ª Divisão mas, de momento, temos que ser realistas, as coisas são muito complicadas em termos de recursos humanos.
E os recursos financeiros? As receitas próprias e os apoios institucionais vão chegando para dar alguma sustentabilidade ao clube?
Há dois ou três anos atrás, passámos por um período muito difícil, tivemos alguns problemas a esse nível. O município, felizmente, deu-nos um apoio importante. Mesmo sem podermos ter atividades, tivemos o mesmo apoio do ano anterior e, no ano em curso, já nos aumentou em cerca de 25 por cento, por isso, neste momento, as coisas estão equilibradas. As nossas receitas provêm dos praticantes, verbas que se destinam a gratificar os técnicos. Mas, já agora, gostaria de dizer que somos um clube da cidade, embora a nossa sede social esteja na área da União de Freguesias de Salvador e Santa Maria. Temos atletas de todo o lado, não somos nem de uma, nem de outra freguesia, então, porque é que temos que estar a diferenciar que só devemos ter apoio da UF Salvador e Santa Maria. Tem que existir alguma reflexão sobre isso.