“Um trabalho que tem sido tirado a ferros, mas que se tem revelado muito positivo”. Foi assim que Luís Miguel Silva, presidente do Clube de Caçadores do Baixo Alentejo, avaliou o mandato que, recentemente, concluiu.
Com um elenco renovado, e com maior proximidade em termos decisivos e executivos, o dirigente reitera a intenção de manter o clube de portas abertas “sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano, sempre com as modalidades desportivas que tínhamos no clube, com algumas dificuldades, algumas a funcionar menos bem, mas sempre disponíveis” e privilegiando aqueles que, efetivamente, aparecem para dar vida e atividade ao clube, sem fazer distinção se são, ou não, seus associados.
Texto Firmino Paixão
Os sócios do CCBA renovaram a confiança no seu presidente, para governar mais um mandato. É sinal de que o trabalho tem sido bem feito?
Sim e este ano tivemos a ajuda da Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça, que nos deu duas provas, o que foi muito bom. Deu-nos a Taça de Portugal e uma Contagem do Campeonato de Portugal. Tivemos também um torneio, por ocasião das Festas da Carocha, e vamos ter outra prova, em homenagem ao José Seita, uma pessoa que nos tem ajudado bastante e teremos uma outra homenagem ao João Rebelo, patrono deste Campo de Tiro, que acontecerá em outubro, durante a Feira da Caça.
O que é que podia ter feito mais e não fez?
É uma questão interessante, mas acho que fiz tudo o que estava ao meu alcance. Poderia ter conseguido mais, mas tudo aquilo que me propus fazer, consegui concretizar. Propus-me arranjar as máquinas e pô-las a funcionar, temos os cinco campos a funcionar na perfeição, um ‘compak sporting’ também, mais ou menos funcional. As máquinas precisam de peças que têm um custo muito elevado. Conseguimos recuperar o tiro às hélices, que estava parado há alguns anos e já tem atividade. Fizemos tiro aos pombos até ao último momento em que foi possível, num clube com 50 anos de história no tiro ao pombo, portanto, não posso dizer que não me sinto realizado, porque consegui fazer tudo aquilo a que me propus.
Certamente que teve que fazer opções e deixar de lado uma ou outra questão que tinha no plano de atividades...
Sim, coisas mais simples, por exemplo, o alvará para podermos vender cartuchos ainda não foi conseguido, mas isso é uma questão que não depende propriamente de mim, nem do meu trabalho, depende de outras entidades onde os processos decorrem e das verbas que vamos conseguindo libertar para os concretizar. À medida que vamos conseguindo receitas vamos avançando, mas a gestão tem que ser muito bem feita e muito bem pensada.
Conseguiu recolocar o Clube de Caçadores do Baixo Alentejo no mapa nacional do tiro?
Costumo dizer que não importa que falem bem ou mal, mas que falem. O clube voltou a ser falado, para o mal, por algumas pessoas, pelo bem, para outras, mas o clube voltou a ser falado em todos os campos de tiro do país. Este ano fizemos uma prova nacional que correu bem, se assim não fosse não nos teriam concedido a organização da segunda, mas houve pessoas a comentar que a prova tinha sido péssima. Mas eu sou uma pessoa que lido muito bem com isso. Estamos a trabalhar com máquinas com quarenta anos. Eu próprio faço a manutenção porque a mão-de-obra é muito cara e o clube não consegue sustentá-la. Sabe, quando lideramos qualquer projeto somos sempre alvo de críticas, mas eu sujeito-me a isso.
O segundo mandato prosseguirá este caminho de valorização do CCBA?
Sem dúvida. Será um mandato diferente. Um mandato familiar. Fiz uma nova candidatura com as pessoas da minha família. E porquê? Porque a responsabilidade do CCBA estar aberto é minha e tenho a certeza que, em caso de eventual impedimento da minha parte, as pessoas continuarão o meu trabalho e o campo não fechará. Temos uma família muito unida, formada por pessoas que não conhecem obstáculos e então achei que, neste mandato, deveria contar com os meus familiares de uma forma mais efetiva, integrando-os nos órgãos sociais.
O clube perdeu muitos sócios em passado recente. Está a recuperá-los?
Sinceramente, não. Não sei se deveria dizer isto, mas eu não faço aqui distinção de sócio para não-sócio. Quando aqui cheguei existia uma distinção entre sócio e não sócio, que era uma coisa impressionante. Mas depois comecei a ver quem é que aqui vinha. Vinham pessoas muito reconhecidas no tiro, mas que não eram sócios do clube. Há seis ou sete presidências atrás desentenderam-se com o então presidente e deixaram de pagar quotas e insistem em não se voltar associar. E eu não posso fazer a distinção entre essas pessoas que vêm aqui todos os dias e o sócio que vem cá uma vez por ano. Não me sinto justo. Assim, pagam todos por igual, quem quer associar-se, muito bem, paga cinco euros por mês, um valor que não mexe com o orçamento de ninguém, mas eu não farei distinção entre sócios e não-sócios. Deixei essa ideia para trás. No próximo mandato farei a renumeração dos sócios eliminando os não pagantes.
Qual é o ponto mais forte no plano de atividades para o próximo mandato?
Olhe, é, por exemplo, acabarmos as obras que estão em curso. Já temos, em princípio, condições para fazermos um turismo rural no clube. Faremos quatro quartos para alugar, e faremos também uma associação entre o clube e uma empresa de exploração animal, pode ser a minha, poderão ser outras. Mas a ideia é que a família venha completa para o campo de tiro, o atirador, ou atiradora, venha desfrutar dos tiros e das competições e que a restante família possa desfrutar de outras experiências, aprendizagem sobre culturas e sobre a criação de animais ou explicações sobre ecossistemas. O nosso ponto forte é esse e acho que vai ser um projeto muito giro. Estou muito confiante no sucesso, sou ambicioso e estou certo que estamos no caminho correto.