Diário do Alentejo

O treinador Ricardo Vargas e os grandes desafios do CF Vasco da Gama

24 de setembro 2022 - 09:15
Capacidade de superação
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Vasco da Gama de Vidigueira pontuou no terreno do Imortal, na jornada inaugural do Campeonato de Portugal. Um resultado condicente com a doutrina que o treinador Ricardo Vargas impôs à sua equipa “fazer tudo para ganhar ou, em alternativa, fazer tudo para não perder”.

 

Texto Firmino Paixão

 

Pontuar no terreno do adversário é sempre um resultado positivo. Só pode ser essa a leitura deste empate em Albufeira. Aliás, é esse o caminho para que o clube persiga o objetivo proposto: a manutenção no Campeonato de Portugal. “Sem dúvida”, garantiu Ricardo Vargas.

 

“Não sou um treinador de fazer o melhor possível. Por muito difícil que seja, por muitos obstáculos que se nos deparem, eu, enquanto treinador do Vasco da Gama, tenho como objetivo a manutenção no Campeonato de Portugal. Sem dúvida. O melhor possível não existe, não pode haver metas com o melhor possível, tem que existir um objetivo claro. E o objetivo do Vasco da Gama, comigo a treinador, é garantir a manutenção”.

 

Sendo assim, o Vasco da Gama está pronto para os grandes desafios da época desportiva?

Sim, já começámos a disputar o Campeonato de Portugal, prova que, para muitos dos nossos atletas, será o primeiro campeonato nacional de seniores, uma competição onde estão por direito próprio, face àquilo que conquistaram na última época desportiva. A base da equipa permaneceu toda, temos vindo a trabalhar bem, embora tenhamos começado a preparar a época um pouco tarde, o que nos fez sentir algumas dificuldades, nomeadamente naquilo que foi a preparação de jogos e no contexto de aquisição de jogadores. Mas estamos satisfeitos com o atual plantel, estamos felizes, porque a base continuou a acreditar no projeto do Vasco da Gama e, também, satisfeitos com todos aqueles que chegaram de novo.

 

O Vasco da Gama iniciou a época com um plantel, aparentemente, curto...

Neste momento, com a época já em curso, já não está assim tão curto, O grupo não está fechado, nesta altura faltam-nos apenas dois atletas para fecharmos o plantel, um deles será um guarda-redes, porque entendemos que, neste contexto, não podemos ter apenas dois jogadores para esse lugar e não temos equipa b, nem juniores. Não porque desconfiemos dos que temos, porque acreditamos muito neles e foram estes que nos levaram ao título da época passada, mas porque há necessidade de um terceiro elemento e também necessidade de reforçar mais o setor defensivo pois, neste momento, temos apenas três centrais. O plantel tem vindo a compor-se com jogadores que têm chegado e que nós acreditamos que são mais-valias, dentro daquilo que temos para podermos escolher.

 

O impasse na eleição de uma nova direção, logo no final da última época, poderá ter prejudicado o reinício dos trabalhos?

Não digo que tenha prejudicado, mas complicou. De qualquer maneira devo também fazer um agradecimento público a esta nova direção, pelo simples motivo de ter dado um prémio a quem, no ano passado, trabalhou no Vasco, mas também à direção anterior que, em conjunto com os jogadores e restante estrutura, conquistou o titulo de campeão distrital mas, mais profundamente, aos atletas, porque foram eles os grandes merecedores de, este ano, estarem no Campeonato de Portugal. E eu tenho que agradecer a esta direção por permitir que estes atletas desfrutem daquilo que conquistaram no ano passado.

 

Confia, necessariamente, no grupo que tem ao seu dispor para atingir esses fins?

Não tenho a menor dúvida. Veja que, no ano passado, quaisquer dos nossos jogadores, principalmente aqueles que mais minutos tiveram, cabem em qualquer equipa do Campeonato de Portugal, porque têm imensa qualidade. Portanto, a base está lá, eles têm qualidade suficiente para o Campeonato de Portugal mas, é como eu digo sempre, terá que existir um trabalho diário e uma permanente capacidade de superação, que ditará quais os resultados que acontecerão domingo a domingo.

 

Outra vez um novo modelo de campeonato, com seis equipas a descer…

Sim, nesse sentido o campeonato estará, de facto, mais difícil, mas também o poderá tornar mais competitivo, nomeadamente porque, se calhar, as equipas reforçaram-se de outra maneira logo para o início da prova, em vez de o fazerem a meio. Se calhar, será um campeonato mais verdadeiro. Naturalmente que, quem tiver maior capacidade de trabalho, e a qualidade é importante, mas aqui a capacidade de trabalho tem uma relevância grande, irá garantir a manutenção, mas prevemos muitas dificuldades, por descerem diretamente seis equipas.

 

E as equipas dos Açores vão de alguma forma desequilibrar?

São sempre deslocações complicadas. A logística, as viagens, a recuperação... Saímos completamente do contexto daquilo que são as nossas rotinas, mas também não deixa de ser estimulante irmos jogar aos Açores e desfrutarmos de toda essa envolvente.

 

O primeiro jogo em casa será com o Esperança de Lagos, uma equipa treinada pelo Rui Capela, seu conterrâneo…

Sim, queríamos essencialmente, entrar com o pé direito no primeiro jogo, que foi em Albufeira, Não conseguimos vencer, empatámos, mas a nossa ambição passa sempre por conquistar os três pontos. Não podemos fugir desse padrão, porque quem tem o objetivo de garantir a manutenção no Campeonato de Portugal tem que pensar em vencer em qualquer campo e o objetivo será sempre esse. Sabemos que, do outro lado, estará um adversário que também nos quer vencer. Costumo dizer aos meus atletas que temos primeiro que fazer tudo para ganhar, se não der, temos que fazer tudo para não perder, mas sim, a nossa estreia em casa, será com outra equipa algarvia. O fator casa, se calhar, nesta fase, com o apoio do público, não sei se seria muito benéfico, por tornar a ansiedade dos jogadores um pouco mais intensa, por isso, acho que até foi bom termos começado fora.

 

Quais são os argumentos que identificam o grupo de trabalho, que sejam relevantes para um campeonato bem-sucedido?

Em relação ao ano passado vejo atletas totalmente transformados, muito mais conscientes da responsabilidade que é este campeonato. Muito mais comprometidos e sinto-o em todo o grupo. Não tem faltado empenho nem determinação, os atletas têm estado disponíveis para aquilo que é a nossa metodologia de trabalho. Estou muito satisfeito pelo que nos têm dado e pela forma como têm trabalhado.

 

 

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