Diário do Alentejo

Bruno Madeira, treinador do Sporting de Cuba, fala do seu regresso a casa

02 de setembro 2022 - 15:15
Um sonho sempre de pé...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Um novo paradigma para o Sporting Clube de Cuba ou o início de um novo ciclo: é assim que o novo treinador, Bruno Madeira, interpreta a sua chegada ao emblema cubense, clube onde se iniciou como jogador.

 

Texto Firmino Paixão

 

Começava a década de 90, quando o jovem Bruno, filho do Honório Madeira, chegou ao Estádio Augusto Amado de Aguilar, em Cuba, sua terra natal, para iniciar a sua formação no Sporting Clube de Cuba, emblema onde permaneceu mais de uma década. Hoje, com 44 anos, cumpre um dos seus sonhos, treinar o clube onde aprendeu a dar os primeiros pontapés na bola.

 

“Estou muito feliz. Esta é a minha casa, foi aqui que me iniciei no futebol. Naquele que tem sido o meu percurso como treinador, tive sempre o desejo de chegar aqui. Era um objetivo que tinha. Por isso, sim, estou muito orgulhoso, recebi este convite com muita gratidão e estou muito motivado para fazer aqui um bom trabalho, porque o Sporting de Cuba é o clube do meu coração, é o clube da minha terra”.

 

E esta é a sua “cadeira de sonho”, enquanto treinador de futebol?

Costumo dizer que sonho muito, mas não sonho sentado. Sou um homem de trabalho. Aquilo que prometo é sempre trabalho e sonho sempre de pé. Digamos que este era um sonho que eu tinha, mas até me sentar nessa cadeira ainda demorará algum tempo e espero bem que seja com o Sporting de Cuba. Seria bom, mas se for mais acima, numa outra cadeira, será melhor, porque é para isso que trabalho todos os dias, é para isso que eu estudo e é por isso que eu gosto de andar no futebol, para estar sempre a crescer e a proporcionar bons momentos a quem gosta de futebol.

 

O clube homenageou o seu fundador, e primeiro presidente, com um torneio. Foi uma boa etapa de crescimento para o plantel?

A equipa tem duas semanas de trabalho, mas tem muito potencial para crescer, porque tem qualidade, tem juventude e muita ambição. A eleição da nova direção e o convite que me foi feito vieram no sentido de uma mudança de paradigma, uma mudança de mentalidade, é realmente um bom sinal de mudança. A prova disso foi termos conseguido organizar aqui um torneio com um clube do Campeonato de Portugal (Olhanense), termos aqui equipas como o Penedo Gordo e o Albernoense, que proporcionaram uma grande jornada desportiva em que homenageámos o Dr. Augusto Amado de Aguilar, primeiro presidente do clube, que deu o nome a este lindo estádio.

 

Quais são as metas desportivas para a próxima temporada?

A mim não me propuseram os chamados objetivos. Não me pediram nada em específico. A ideia é fazermos uma época tranquila, sem andarmos com aquela pressão de descer ou não descer. Queremos fazer uma época tranquila. O que eu pedi aos jogadores foi exatamente o mesmo. Tranquilidade absoluta ao longo da semana e nos jogos, obviamente que procurando sempre a vitória, porque este clube, com a tradição que tem, sendo um histórico deste distrito, não pode querer outra coisa, mas não me foram feitas nenhumas exigências. Agora, somos exigentes, somos ambiciosos e temos os nossos objetivos internos. Queremos fazer um bom campeonato e irmos o mais longe possível na Taça Distrito de Beja, tal como fomos no ano passado.

 

Um bom campeonato é uma classificação no primeiro bloco de seis equipas?

Existem muitas equipas a lutar pelos primeiros lugares da classificação, onde se lutará também, pela subida de divisão. Julgo que isso é algo a que nós podemos aspirar, por isso, estamos a trabalhar para ficarmos no melhor lugar possível da tabela e, esse lote dos seis primeiros é uma ambição. Não o assumimos já como um objetivo mas, para já, é um desejo e uma ambição e, mais adiante, se verá se poderemos passar da ambição a objetivo.

 

A vila de Cuba teve sempre uma excelente “cantera” de jogadores. O atual plantel foi formado nesse pressuposto?

Sempre tivemos aqui um bom viveiro. Eu não terei sido tão bafejado pela sorte ou, se calhar, não terei feito por isso, mas tivemos, e continuamos a ter, aqui um grande viveiro de jogadores de futebol e dá para notar isso nas nossas camadas jovens e pelos jogadores que daqui saíram para outros clubes que andam a disputar campeonatos nacionais, principalmente nas camadas jovens. No ano passado, tínhamos 29 jogadores inscritos, permaneceram cerca de uma dezena para esta época. A nossa segunda ideia foi a de irmos buscar jogadores que já tinham passado por cá, atletas que aqui se formaram, fazê-los regressar a casa, e depois outros jogadores que em alguns momentos da sua carreira representaram este clube. Temos outros que, não sendo aqui formados, vivem na vila de Cuba, e outros que vivem perto e que são da minha confiança e que eu entendi que encaixam na perfeição naquilo que é a minha ideia para esta equipa. Temos juventude, temos ambição e desejo de afirmação neste patamar e o caminho será por aí, porque esta direção quer fazer um trabalho estável, um trabalho de afirmação, de continuidade para o futuro e de recuperação da mística do clube.

 

Ficaram isentos da pré-eliminatória da Taça Distrito e começam o campeonato jogando em casa, com o Mineiro Aljustrelense. Não será fácil?

Será um bom teste. O Mineiro é um candidato bem calibrado. Não basta apenas ser candidato, é preciso também ter algum calibre. O Mineiro tem uma equipa muito boa, muito bem organizada, treinada por um grande amigo meu. As nossas ambições passam por fazermos um bom teste, termos muita gente neste estádio e, sou muito sincero, não desejávamos iniciar com um adversário desta valia, mas tendo-o, disputaremos o jogo, dando muito trabalho ao Mineiro, porque aqui queremos ser sempre nós a mandar. Somos conhecidos por ser muito “raçudos” e vamos, com certeza, dar a melhor réplica ao nosso adversário, tentando vencer o jogo.

 

Comentários