Os campeonatos distritais da Associação de Futebol de Beja terão, na próxima época, já assegurada uma novidade. A participação do Mértola United Futebol Clube, emblema recentemente fundado na Vila Museu, para valorizar e potenciar jogadores com vista a colocá-los em mercados externos.
Texto Firmino Paixão
Pedro Madeira, presidente do clube, explicou ao “Diário do Alentejo” que “o ‘Mértola United’ é um projeto cujo mentor foi o míster Valdemar Afonso. Há uns anos que ele andava com esta ideia de fundar um clube, não apenas para disputar as competições, mas também para formar e potenciar jogadores, não só para o futebol distrital/nacional, mas também para o futebol em termos mundiais, com outro tipo de clubes”.
Um projeto que está na fase de implantação e que pretende dar passos seguros?
Sim, porque, entretanto, juntou-se ao projeto um empresário que é também diretor desportivo do Santarritense Futebol Clube, um clube que está na 2.ª divisão do campeonato do estado de Minas Gerais, no Brasil, que é o doutor Wellington Martins e outro agente americano, que é o Áureo Airosa. São agentes de futebol, têm os seus próprios jogadores, e isto é uma parceria que nós fizemos entre todos. Eles fazem parte da gestão e da direção do Mértola United Futebol Clube, aliás, a gestão será feita por todos nós. Quem tem mais experiência nestes processos é o doutor Wellington, porque ele, na parte da gestão desportiva, o que nós estamos a fazer aqui, de base, com o Mértola United, a criar um clube de raiz, ele fez exatamente o mesmo com o Santarritense.
E foi fácil colocar o projeto no terreno?
Não se avançou antes por causa do covid-19. Agora surgiu a oportunidade de avançarmos e, para não herdarmos coisas antigas, tivemos a ideia de formar um novo clube de raiz. Assim trabalhamos à nossa maneira e à nova vontade. Falei com o presidente da Câmara Municipal de Mértola, o Mário Tomé, e ele deu-nos logo o seu apoio, recebeu-nos, explicou-nos o que deveríamos fazer para avançarmos com o projeto, porque era uma pena Mértola não ter uma equipa sénior a disputar os campeonatos regionais. Esse é o nosso objetivo inicial, porque não podemos ultrapassar essas etapas até à meta aonde queremos chegar, depois queremos, claramente, disputar os campeonatos nacionais.
E o Mértola United será um clube satélite do Santarritense Futebol Clube, emblema da cidade de Santa Rita do Sapucai?
Não somos um clube satélite do Santarritense. Somos um clube parceiro, será diferente. Somos o Mértola United Futebol Clube que, vamos lá, pode ser considerado um clube irmão do Santarritense. É diferente, nós aqui estamos a aproveitar e já temos, neste momento, seis jogadores provenientes do Santarritense, o doutor Wellington trouxe quatro, os outros já disputavam outro campeonato em Portugal, na região de Braga, juntaram-se a nós neste projeto e estão aqui connosco.
Como se irá financiar o Mértola United Futebol Clube?
O financiamento, nesta altura, está a ser feito pelos membros da gestão do clube. Futuramente, o nosso objetivo é cativarmos alguns investidores para que se juntem a nós e podermos fazer o projeto avançar.
O treinador Valdemar Afonso tem mantido os atletas a treinar, será porventura o único clube do distrito que, nesta altura, tem os jogadores em atividade?
Sim, nós estamos a querer dar já um bocado de visibilidade ao projeto e queremos disputar jogos com equipas de um nível mais elevado que, nesta altura, estão já em atividade. Queremos mostrar os nossos atletas e apurar a forma física deles, por isso, estão a treinar duas vezes por dia, de manhã e à tarde, coisa que aqui no distrito de Beja não sei se haverá muitas equipas que o façam. Já entrámos em contacto com os clubes que estão no Algarve a iniciar a pré-época, estamos a tentar realizar jogos com eles, este é um processo que deveríamos ter começado logo no início do ano, porque esses clubes já vêm com a pré-temporada preparada de há muitos meses para trás. Mas nós criámos o clube há três meses, iniciámos os treinos há um mês, e não conseguíamos fazê-lo antes.
O plantel já tem um apreciável número de jogadores?
Neste momento, estamos com 14 atletas, temos a capacidade da residência esgotada, mas também queremos ao máximo aproveitar jogadores da terra. No clube da terra, os miúdos chegam à idade de juniores e já não têm equipa para competir, mas querem continuar a praticar. Nós vamos, para já, construir uma equipa júnior e outra sénior. Os jogadores que eram para vir do Santarritense já vieram, quem vier será bem recebido, temos também um jogador iraquiano, com muita qualidade, que jogava em Inglaterra.
O Mértola United será uma ponte para valorizar esses atletas, dar-lhes visibilidade e colocá-los em grandes clubes?
Esse é o nosso objetivo. Formar e potenciar os atletas. Ao mesmo tempo também nos envolveremos na competição mas, para já, falamos numa segunda divisão distrital. As metas são claras, ganharmos todas as competições em que entrarmos.
Para o clube evoluir existe todo um condicionamento derivado da sua capacitação, valorização e consequente certificação junto da FPF…
Teremos que cumprir esses requisitos. Sabemos disso, estamos no início, mas, se as coisas correrem tipo ‘ouro sobre azul’, essa certificação só nos será exigida daqui a dois ou três anos. Mas nós vamos começar já a tratar disso, porque sabemos que o processo demora cerca de um ano.
Como é que este novo clube foi acolhido pela comunidade? No futebol os projetos ambiciosos às vezes são efémeros…
A nossa ideia nunca foi entrar em conflito com ninguém, assumimos uma situação de parceria e não de entrarmos em caminhos de confronto. Estamos a pegar em escalões que não existem na terra, temos todo o prazer em acolher todos os jogadores da terra que se queiram juntar a nós. Mas, sim, os projetos no futebol são, às vezes, efémeros. O futuro não se pode prever, mas o que lhe posso garantir é que estamos aqui para darmos o nosso melhor e tentarmos ter sucesso. Não desistiremos nunca.