Diário do Alentejo

Ricardo Graça, um jovem árbitro bejense promovido ao quadro nacional

21 de julho 2022 - 12:20
Quero continuar a crescer...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

“Tenho a certeza de que a arbitragem tem contribuído imenso para essa minha valorização como ser humano. É uma vertente que desenvolve intensamente as relações interpessoais e a maneira de estar na sociedade, consigo transportar muito do que aprendo na arbitragem para a minha vida no quotidiano para além do futebol, por isso, estou certo de que tenho conseguido modelar e fortalecer a minha personalidade”.

 

Texto Firmino Paixão

 

Ricardo Graça, 21 anos, engenheiro agrónomo, árbitro do Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja (AFBeja), 2.º classificado na categoria de Elite C5, foi promovido ao quadro nacional (categoria C4), patamar que lhe permitirá dirigir jogos dos campeonatos nacionais. Um passo importante na sua carreira, meio sonho cumprido, diríamos. “Sim, mas o meu o sonho tem asas”, confessou o jovem. “Não tenho limites para sonhar. Mas tenho que estar sempre consciente da realidade, vivendo um dia de cada vez, com modéstia, com humildade, mas sabendo que terei que continuar a trabalhar mais e melhor, porque eu posso sonhar com a elite, com a internacionalização mas, para já, o que quero é que a próxima época corra melhor do que a anterior. Será uma experiência nova, num patamar diferente. Há muitos fatores que terei que assimilar, serão experiências que, certamente me valorizarão”, admitiu com natural pragmatismo.

 

Na última época, ficou a escassas centésimas do 1.º lugar, ainda assim, revelou que “foi uma época em que os objetivos principais foram alcançados. Foi uma época longa, muito intensa até ao final, não só em termos competitivos, mas também pelas provas da Academia e também a participação no Torneio Interassociações Lopes da Silva”. Ricardo justificou o facto de a época ter sido positiva porque “a meta era atingir o quadro nacional e isso foi alcançado, embora não tivesse chegado ao 1.º lugar na categoria Elite C5, mas o 2.º lugar também me qualificou. Houve, realmente, uma pequena diferença de pontuação, mas que foi o suficiente para que eu não tivesse atingido o 1.º lugar. Claro que é sempre diferente obter a distinção de ‘árbitro do ano’, seria um aspeto que eu valorizava, mas o essencial, como digo, foi a subida aos quadros da Federação Portuguesa de Futebol”.

 

Ricardo Graça tirou o curso de árbitro de futebol aos 13 anos, começou a dirigir jogos aos 14. Tem, por isso, o seu percurso perfeitamente consolidado. “Penso que sim, sendo um árbitro ainda jovem, tenho 21 anos, já tenho uma carreira algo longa, parecendo que não, já são umas oito épocas. Fiz o curso aos 13 anos, comecei a dirigir jogos com 14, nos primeiros quatro anos fui só ‘árbitro jovem’, não podia subir de categoria, era basicamente um processo para adquirir conhecimentos, experiência e perceber o que era o mundo da arbitragem”. A partir desse momento iniciou a sua progressão nas diferentes categorias, até atingir a elite regional, tendo mesmo realizado alguns jogos no nacional, como assistente do Ricardo Diogo, experiência que, confessou, permitiu que “abrisse um pouco os horizontes nesta carreira da arbitragem”. Depois, “foi definir objetivos, nada de muito longo, nem excessivamente ambicioso mas, pôr metas realistas e sempre e trabalhar para as atingir”.

 

À partida para a sua nona época na arbitragem, Ricardo considera que o seu processo de crescimento ainda não terminou, porque esse é um processo dinâmico e continuado. “Tendo a idade que tenho, a antiguidade que possuo como árbitro e, perante o atual panorama da arbitragem nacional, tenho que continuar a crescer, a valorizar-me, para alimentar alguns sonhos, ser ambicioso e pensar alto para atingir outros objetivos mais baixos. Quero evoluir mais, valorizar-me, não apenas subindo nas diferentes categorias, mas sentindo-me mais confiante e mais confortável nos jogos, definir a minha imagem como árbitro, vincar o estilo de arbitragem e a comunicação com os jogadores, tentar perceber mais de futebol. Tudo isso é uma aprendizagem constante, temos sempre algo para aprender”. O seu processo de valorização, como árbitro e como ser humano assenta no pressuposto de que “o mais importante tem sido a ligação às pessoas, viver em comunidade, ser árbitro é uma função difícil e nem sempre bem entendida naquilo que é o contexto do futebol. Sabermos gerir isso, dá-nos um estofo muito importante para aplicarmos no dia-a-dia, na vida académica, na vida social e tem-me permitido adquirir muitas competências nessas áreas”.

 

Para trás ficaram quatro presenças em ‘Encontros Nacionais do Árbitro Jovem’, também uma presença na ‘Manchester City Cup’, em San Diego, nos Estados Unidos da América e, mais recentemente, a envolvência no Torneio Interassociações Lopes da Silva, presença que qualificou de riquíssima. “É verdade, foi uma grande experiência. Terá sido um prémio aos jovens árbitros que tinham estado na Academia a prestar provas de acesso aos nacionais. Melhor do que isso foi a vivência que nos proporcionou estar neste torneio, em termos de trabalho, em termos de conviver com pessoas de todo o país, a partilha de experiências de vida e de arbitragem, depois, toda a envolvência neste mundo do futebol, porque ali estava o melhor do futebol naquele escalão de formação”.

 

Porque o futuro está ao virar da esquina, Ricardo já prepara os próximos desafios. Como? “Trabalhando, estudando, treinando, mantendo os níveis de dedicação, porque é um patamar mais exigente, um desafio que requer que trabalhemos mais e melhor, de resto é continuar com a mesma humildade”. Bom, mas depois, claro, existe um outro suporte. “O apoio da família também é fundamental, é chegar tarde a casa, por causa dos treinos, os fins de semana ocupados. É preciso muita tolerância, algo que não tem preço”. Mais adiante, virá o ‘Mestrado em Engenharia Agronómica, porque a vida não para e a ‘ambição’ é a palavra-chave do sucesso deste jovem bejense. “Sim, ambição, temos que querer sempre um bocadinho mais do que já conseguimos. Terminei a licenciatura, agora quero o mestrado, andei no quadro regional ambicionando sempre chegar ao nacional e agora que lá estou, quero evoluir nas categorias, é isso, é ser ambicioso”.

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