Diário do Alentejo

Bruno Charrua sagrou-se campeão nacional de Endura Open 2 no mês passado

08 de julho 2022 - 20:40
O sonho e a conquista em duas rodas
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O jovem alentejano Bruno Charrua é um dos nomes mais promissores dos desportos motorizados da atualidade. Este ano estreou-se nas competições do Campeonato Nacional de Enduro Open 2, onde subiu ao primeiro lugar do pódio com 142 pontos.

 

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

O som do motor, o cheiro do combustível e a adrenalina das duas rodas sempre fizeram os olhos de Bruno Charrua brilhar. Aos quatro anos o pai ofereceu-lhe a sua primeira mota e daí até começar a competir passou-se pouco tempo. Com cerca de 13 anos, subiu ao 1.º lugar do pódio do Campeonato Nacional de Motocross na categoria de iniciados e dois anos depois repetiu o feito, na classe de juniores. Atualmente, com 20 anos, aventurou-se no Campeonato Nacional Enduro Open 2, onde, na época de estreia, terminou com o título de campeão, com mais dois pontos e um minuto de diferença para o 2o classificado.

 

A temporada esteve renhida até ao último dia de prova, mas o jovem garante que o segredo do sucesso é a superação pessoal que se vive ao longo de toda a competição. O suor, fruto do trabalho e esforço, o sangue e as lágrimas marcam qualquer campeonato e este ano não foi exceção. Apesar de se sentir mais confiante na modalidade de motocross, a necessidade de adrenalina e a complexidade de competir em enduro fez com que o militar envergasse agora por esse caminho.

 

Ao “Diário do Alentejo” (“DA”) explica que esta nova categoria em que se estreou é das mais exigentes e completas face aos diferentes tipos de provas e que, “para se conseguir um bom resultado, o piloto tem de ser bastante completo para dar resposta” ao que lhe é pedido. Aqui os adversários ficam em segundo plano e o objetivo da competição passa a ser “fazer a prova para te superares a ti mesmo”, esquecendo em muitas alturas a classificação da tabela. Por sua vez, para manter vivo o seu espírito critico, competitivo e desafiador, Bruno Charrua foca-se nos campeonatos de motocross, onde o “correr lado a lado com os seus adversários” traz à flor da pele o melhor “que o mundo das motas e das competições nos oferece”.

 

“CADA UM NASCE PARA O QUE NASCE E TU NASCESTE PARA ISTO”

Com apenas sete anos, e por influência do seu pai, entrou no universo competitivo dos desportos motorizados. Ainda que não compreendesse o que poderia estar por vir, não estranhou a apreensão por parte da família. As particularidades dos terrenos, o alto grau competitivo e as características das provas tornam o motocross, o enduro e o todo-o-terreno um desporto “com algum nível de perigo” e onde o acidentes são, normalmente, aparatosos. Em março, durante os treinos, fraturou o pulso e foi forçado a uma paragem de duas semanas que o impediu de competir na segunda prova do campeonato em Góis. Ainda assim, e apesar dos incidentes, a paixão, a preparação e a dedicação refletem-se constantemente em pista e permitiu que a família “se habituasse”, talvez de coração apertado, a este mundo das duas rodas.

 

Com o número 135 minuciosamente gravado na carenagem frontal da sua mota, em homenagem ao curso de comandos da tropa especial em que está inserido, Bruno Charrua assegura que o nervosismo que surge antes de cada início de corrida desaparece quando o motor começa a trabalhar e as rodas a girar. O misto de sentimentos vividos é inexplicável, mas a concentração e o foco têm de sobressair para que os bons resultados apareçam. 

 

“TODAS AS PROVAS TEM UM SABOR ESPECIAL”

O jovem, que se destaca pelo ruivo do seu cabelo e pelo sotaque alentejano nas pistas de norte a sul do país, sempre olhou para os primeiros lugares da classificação como certezas e objetivos claros. O conquistar dos títulos de campeão nacional de motocross, em 2015 e 2017, foi “sem dúvida dos pontos mais altos e satisfatórios” do seu percurso, demonstrando o empenho, a determinação e o amor pela modalidade.

 

Visivelmente orgulho do seu caminho, afirma ao “DA” que “todas as provas têm um sabor especial, porque normalmente não se ganha um campeonato numa única, pois os resultados constroem-se das diferentes performances [individuais]”. Para Bruno Charrua, o continuar do brilhar dos olhos ao som do motor e ao cheiro do combustível manter-se-á para “deixar a minha marca em todas as modalidades por onde passar” e seguir firme nos seus objetivos.

 

Assim, por agora, pretende “continuar a explorar a vertente do enduro onde tenho muito para aprender e alcançar, bem como representar da melhor forma possível as marcas que represento. Quero, nesta fase da minha vida, acima de tudo conseguir usufruir destas modalidades que tanto gosto e prazer me dão, tentando conciliar com a parte profissional que o exército exige”, assegura.

 

“NÃO DESISTAM DOS SONHOS” 

Com os pés assentes no chão, o piloto sabe que os sonhos são possíveis. Aos miúdos que o veem do lado de cá das fitas e que sonham subir aos pódios, incentiva-os a acreditar e a lutar por essa aspiração. Para Bruno Charrua não há impossíveis, há “trabalho e dedicação” que conduzem a “resultados e oportunidades”.

 

 

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