Diário do Alentejo

Ricardo Vargas: Um sonho tornado realidade

08 de julho 2022 - 19:15
Ricardo Vargas sagrou-se campeão, enquanto treinador, pelo Clube de Futebol Vasco da Gama
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, que Ricardo Vargas treinou durante a época desportiva que terminou, conquistou o título de Campeão Distrital da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja. O "Diário do Alentejo" esteve com o jovem treinador e ficou a conhecer a sua prespetiva sobre a época passada e o momento em que o técnico se convenceu que saíria campeão. 

 

Texto Firmino Paixão

 

foi o primeiro título conquistado pelo cubense Ricardo Vargas, 37 anos, como treinador na área do futebol sénior. “Sonhei um dia ser campeão, consegui-o logo no primeiro ano, mas isso foi também o fruto daquilo que fui semeando, durante 10 anos, a trabalhar na formação. Os meus jogadores foram os grandes responsáveis pela nossa conquista. Quero elogiar a coragem da direção do Vasco da Gama por ter apostado num treinador que, até então, só tinha trabalhado na área da formação. Foi uma boa estreia, com um título, num campeonato tão exigente como este foi, com duas fases, a duas voltas, com equipas rotinadas em provas nacionais e até equipas totalmente profissionais”. Ricardo Vargas analisou assim as incidências da época.

 

O Vasco da Gama competiu em várias frentes e conquistou aquela que se considera mais importante, o campeonato distrital. Abrem-se, assim, novos desafios ao clube?

Podemos dizer que foi uma época positiva. Partimos, não como candidatos, nem como os principais concorrentes aos primeiros lugares, houve mesmo um jornal que nos colocou fora desse pódio, antecipando que não tínhamos aspiração ao título, e a verdade é que acabámos por conquistar o campeonato distrital. Um campeonato que terá sido o mais forte ‘Distritalão’ desde sempre, não só pelas equipas que competiram, mas tendo em conta que se disputou pós-pandemia e pelo volume de jogos. Repare que, nas quatro semanas de maio, fizemos sete jogos, num período em que toda a gente está desgastada, e nós, num momento decisivo, mantivemo-nos numa forma regular e consistente. Se calhar, foi melhor não nos terem dado como candidatos. Trabalhámos no silêncio e de forma humilde e acabámos por conseguir conquistar o título, com todo o mérito.

 

Os próprios adversários reconheceram o mérito do Vasco da Gama…

Há sempre quem procure arranjar, talvez, uma desculpa pelo insucesso das suas equipas. Mas acho que não há outra forma que não seja valorizar aquilo que foi o nosso campeonato e aquilo que foi a forma como nós, ao longo do campeonato, também fomos gerindo todas as dificuldades por que passámos. Mas o Vasco da Gama foi um justíssimo campeão.

 

O campeonato foi competitivo, apesar se ter concluído com uma diferença de mais de 30 pontos, entre o primeiro e o sexto classificado?

Este foi um campeonato bastante competitivo. Lembro-me que, no início, estava muito entusiasmado e motivado com o perfil deste campeonato, porque já tinha jogado uma prova destas, em Évora. Hoje, não sei se este modelo vai ter pernas para andar, mas sei que foi bastante competitivo. Foi uma aposta ganha, foi uma experiência riquíssima, apesar do grande desgaste. Repare, por exemplo, que fizemos seis jogos com o Castrense. Agora, vamos ver se os clubes aceitam a continuidade deste figurino.

 

Qual foi a receita para o vosso sucesso?

Costuma dizer-se que isto não é como começa, é como acaba. Mas eu tenho uma opinião diferente, a forma como começa vai refletir-se muito na forma como acaba. Nós começámos o campeonato muito bem e conseguimos manter-nos dentro da regularidade. Mas o grande segredo foi o grupo de trabalho. Sempre disse que, primeiro, queria juntar um lote de bons jogadores, tivemos essa felicidade de juntar, não só jogadores de muita qualidade, mas também grandes homens, com o perfil que nós desejávamos, por isso, em muitos momentos, a união do grupo e aquilo que vivíamos após os jogos, porque a este nível distrital a terceira parte tem uma importância fundamental, e em muitos momentos fez a diferença: a união e a solidariedade. Depois, trabalhámos no silêncio, com humildade e sem nos desviarmos daquilo que pretendíamos. Passámos por imensas dificuldades que conseguimos superar, pela qualidade dos atletas.

 

Em que momento se convenceu de que o Vasco da Gama seria campeão?

Houve um momento em que perdemos em Moura, aconteceram os jogos da seleção distrital, e a seguir empatámos no Penedo Gordo. E aí as pessoas pensaram que cairíamos e já lá não chegávamos, embora tivéssemos mais cinco pontos que o Moura. Mas quando fazemos aquela semana – União Serpense, Aljustrelense e Castrense – e vencemos os três jogos, depois disso, achei que muito dificilmente o Vasco da Gama não seria campeão. Sentimos que estaríamos muito próximo do título, embora só a seguir ao jogo em casa, com o Penedo Gordo, é que, oficialmente o conquistámos.

 

O Castrense não vos deixou ‘pôr a mão’ na Taça, nem na Supertaça Distrito de Beja…

Sim, é verdade. O Castrense foi, realmente, aquela equipa que nos eliminou da Taça Distrito de Beja e nos venceu na final da Supertaça. Com dois jogos muito parecidos, dois jogos equilibrados, em que sofremos os golos decisivos numa altura em que já não era fácil reagir. Mas temos que felicitar o Castrense, porque também tinha uma excelente equipa e fez por merecer as conquistas, quer da Taça, quer da Supertaça.

 

O Ricardo Vargas e a sua equipa técnica continuarão a defender as cores do Vasco da Gama?

Vamos ver. O clube está num processo eleitoral. Um clube tem que possuir uma direção e uma equipa técnica, mas o mais importante são sempre os jogadores. E o Vasco da Gama tem uma base de qualidade, uma base que nos dá garantias, naturalmente insuficiente para o Campeonato de Portugal, por isso, é preciso chegar mais gente. Creio que, no nosso distrito, existem meia dúzia de jogadores com esse potencial. Mas, normalmente, o treinador que é campeão segue sempre, pelo menos, inicialmente, com o projeto em curso. Vamos ver. Mas o Ricardo e sua equipa técnica estão disponíveis para continuarem, até porque será mais um passo importante na minha carreira.

 

Quando se atinge uma prova nacional, o objetivo é sempre a manutenção a esse nível?

Primeiro temos que nos fixar na manutenção. Aqui na nossa região nós temos muito a mania de olharmos para baixo e nunca olharmos para cima. Fixamo-nos muito na manutenção e não nos fixamos em objetivos mais ambiciosos. Contudo, neste primeiro momento, será importante que o clube garanta a manutenção o mais rapidamente possível, sabendo que a ‘Liga 3’ enfraqueceu um bocadinho o Campeonato de Portugal, ainda assim, onde aparecem jogadores com muita qualidade.

 

 

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