Diário do Alentejo

O União Futebol Clube, do Bairro do Olival Queimado (Alcácer do Sal), venceu a Liga de Futebol de 11 da Fundação Inatel (Beja) 2022, derrotando o Ginásio Clube de Sines (4-3) na final disputada em Beja.

Texto Firmino Paixão

O jogo foi decidido nas grandes penalidades, após o empate a uma bola no tempo regulamentar. Na lotaria das grandes penalidades, os alcacerenses marcaram três das cinco grandes penalidades, os sineenses apenas concretizaram duas. Um jogo bem disputado entre duas equipas com valor muito igual, apesar das diferenças de percurso durante as vinte e duas jornadas da Liga. Recorde-se que ambas competiram ao longo da época na Série B, o Ginásio terminou no 1.º lugar, sem derrotas, apenas dois empates e 56 pontos. O Olival Queimado foi o segundo da série, sofreu quatro derrotas e terminou com 38 pontos, menos 18 que o seu opositor nesta final. A estatística conferia algum favoritismo aos sineenses, mas a eficácia, nos momentos decisivos, acabou por contrariar os prognósticos precoces. 

A equipa de Daniel Martins marcou aos 28’, num livre superiormente executado por Pedro Alves (antigo jogador do CD Beja, neto do saudoso Honório Alves), e os alcacerenses igualaram no segundo período. Depois, vieram as grandes penalidades que decidiram o título. Agora, vencedores e vencidos seguem para a fase nacional desta liga de futebol.

Fernando Carreira, técnico dos campeões, não escondia o orgulho pelo título conquistado. “Estou extremamente feliz por ter recolocado este clube na senda dos títulos, caminho de que estava arredado há alguns anos. Isto, para mim, tem um sentimento especial, porque, no início da época, propus-me fazê-lo e, embora as coisas nem sempre dependam de nós, o trabalho que fizemos apontava nesse sentido”. Adiantou depois que: “Queríamos dedicar esta vitória, a título póstumo, a uma pessoa que deu muito a este clube, por isso, podermos fazê-lo tem um sentimento mais especial mas, acima de tudo, é o corolário de uma época com muitas contrariedades, situações que nos conduziram para baixo e foi preciso, muitas vezes, agarrar na equipa e trazê-la de novo para cima, fazendo-a acreditar”.

Na realidade, a equipa fez uma ponta final de campeonato muito meritória e o treinador justifica que “os jogadores acreditaram e puseram em prática todas as suas competências, sem desvalorizarmos o valor dos adversários, que foram todos muito bravos e tentaram dificultar ao máximo o nosso percurso para esta vitória, mas também acabaram por a dignificar”.

Fernando Carreira voltou um pouco atrás para recordar que “o grupo não contava com tantas dificuldades, a ideia era devolver o clube aos palcos onde já esteve no passado, embora no Inatel de Setúbal. Mas fizemos uma ponta final extraordinária, conseguimos chegar a esta final e fizemos por merecer esta vitória”. Uma vitória que significa o terceiro título no Inatel, dois no campeonato de Setúbal, um em Beja. “Felizmente, conseguimos deixar aqui a nossa marca logo no primeiro ano, sendo coroados com esta vitória”, concluiu.

O técnico do Ginásio de Sines estava visivelmente desiludido quando disse ao “Diário do Alentejo” que “é um momento difícil para nós, vimos de uma série de trinta jogos sem perder, hoje sabíamos que nos esperava um jogo difícil e foi mesmo, com umas condições também muito difíceis, mas a equipa do Olival esteve bem. Foi um jogo muito equilibrado como eu sempre acreditei que seria, agora, resta-nos dar os parabéns ao Olival Queimado e teremos que levantar a cabeça”. O treinador sineense reiterou a análise de que “foi um jogo muito repartido, o adversário defendeu muito bem, sabia das nossas valias, nós também conhecíamos o seu mérito, por isso, foi um jogo com poucas oportunidades de golo, esperávamos mesmo que fosse decidido num detalhe, não assim, nas grandes penalidades, mas acabarem por ser dois lances de bola parada a decidir o resultado do jogo no final do tempo regulamentar, por aí se vê o conhecimento que as duas equipas tinham uma da outra”. Mas deixou um estímulo para dentro da estrutura: “Tenho que agradecer aos meus jogadores pelo trabalho fantástico que fizeram este ano, nem tenho palavras, mas agora estão no balneário perfeitamente arrasados, porque é difícil perceber como é que uma equipa que não perde há trinta jogos não ganha um título. Não se justifica, é difícil dizer isto aos jogadores, porque eu próprio tenho dificuldade em entendê-lo, mas isto é o futebol. Mas a vida tem que continuar. Por isso assumo esta derrota como minha. O Ginásio foi a equipa mais regular durante todo o campeonato mas as provas do Inatel decidem-se em finais”.

Uma final onde a formação do Ginásio até esteve em vantagem, mas, mesmo assim, aquém das expectativas, como assumiu o treinador. “Hoje a equipa não rendeu, culpa minha, claro, um pouco também devido à temperatura elevada, muito calor, sabendo que estava quente para as duas equipas, mas a minha equipa, na segunda parte, não rendeu, podíamos ter feito mais e o culpado sou eu porque não consegui transmitir-lhes uma mensagem que os conduzisse ao sucesso, pois os jogadores têm qualidade que baste para conquistar um título”. Porém faltou-lhe eficácia, ou foi infeliz, nas grandes penalidades “Nos penáltis eu não acredito que seja uma questão sorte ou azar, acredito que seja competência mas, neste caso, dou a competência ao guarda-redes do Olival, que teve muita competência. Os meus jogadores não falharam a baliza, o guardião é que defendeu os penáltis”, rematou.

Na tarde de amanhã, no mesmo local, Faro do Alentejo e Safara discutem a final da Taça Fundação.

Ginásio de Sines - 1 Olival Queimado  1Campo de Jogos do CCD Bairro da Conceição, em Beja

Árbitro: Júlio Paixão (Portalegre), auxiliado por Sérgio Alves e José TavaresAo intervalo: 1-0Marcadores: 1-0 Pedro Alves; 1-1 Nuno Boavista.