Diário do Alentejo

João Daniel Rico é o novo treinador do Serpa

20 de dezembro 2021 - 14:15
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

João Daniel Rico regressou recentemente do Dubai, emirado onde representou o Al Sharjah, e foi já recrutado pelo Serpa para render o antigo treinador, Marcos Borges. A equipa serpense ocupa, atualmente, o último lugar da Série F do Campeonato de Portugal, com três pontos.

 

Texto Firmino Paixão

 

O jogo de estreia de João Daniel Rico, 35 anos, aconteceu frente ao Moncarapachense, terceiro classificado da Série F. Os algarvios golearem em Serpa por 5-1. Não foi, por isso, uma estreia auspiciosa. Ainda assim, o jovem técnico garantiu que o Serpa “não pode descer de divisão” e justificou a sua convicção: “Se não acreditasse e não achasse que isso era possível, não me iria envolver em algo que sabia que seria impossível. Eu acredito, a equipa terá que acreditar, a direção acredita e está a fazer todos os possíveis para que as coisas deem a volta. Se não fosse assim não teria aceitado o desafio”.

 

Não era esta a estreia que o João Daniel estava à espera?

Naturalmente, não era esta a estreia que eu queria e que a equipa também desejava. Não foi para isto que nós trabalhámos durante a semana. Há todo um processo para trás, houve a necessidade de mudar a equipa técnica, mas existe agora também a necessidade de rever algumas coisas. Estamos a trabalhar nisso, porque o objetivo é claro pela parte da direção do clube, que é fazermos todos os possíveis para que o Serpa se mantenha no Campeonato de Portugal.

 

Esta derrota não veio ajudar nada…

Obviamente que o resultado foi mau. Foi pesado. Na primeira parte o adversário subjugou-nos à missão defensiva e, mesmo assim, com muitas dificuldades, muitos erros, muita incapacidade para termos a bola na nossa posse. Nunca conseguimos ser uma equipa controladora do jogo, nem ter a bola por muito tempo e, ao intervalo, já a perdermos por 4-0, o que eu pedi aos jogadores foi mesmo que dignificassem a camisola, porque pior do que tínhamos feito não poderia ser, pois temos um emblema a respeitar e uma atitude a manter.

 

Terá sido por isso que a segunda parte do jogo foi bastante melhor?

Na segunda parte já estivemos a um nível mais aceitável. Criámos algumas situações de perigo, conseguimos concretizar um golo, já fomos uma equipa mais à imagem daquilo que eu esperava. Não o foi desde o início, permitiu que o adversário marcasse quatro golos na primeira parte e mais um logo no início da segunda e, obviamente que quando o resultado atinge esses números, não há grandes explicações para dar. Temos mesmo é que olhar para dentro para percebermos o que se passa. Para mim esta é uma fase de análise, eu já tinha treinado alguns destes jogadores noutros clubes, outros vi-os pela primeira vez, e o que fizemos, até agora, foi preparar a equipa para ser competitiva neste jogo. Não fomos. Agora vamos ver o que podemos fazer para melhorar as circunstâncias.

 

Concorda que a equipa entrou muita exposta, tentando disputar o jogo taco a taco com o terceiro classificado da série?

Sim, mas não poderia de outra forma. Eu não poderia chegar aqui com uma postura de medo ou de falta de confiança. Por mais que o resultado tivesse sido tão desnivelado, provavelmente não teria visto aquilo que acabei por ver. Queria ver era a equipa exposta e a ser capaz de, pelo menos, tentar impor o estilo de jogo que eu quero que ela tenha. Foi isso que tentámos fazer, procurando pressionar o adversário desde a saída de bola e os sistemas estavam encaixados. Sabíamos da valia do adversário, quer pelos resultados, quer pela posição que ocupa na tabela, mas procurámos ser mais competitivos. As coisas estavam a resultar até surgir o primeiro golo e, depois, na cabeça dos jogadores existe uma sombra que lhe diz: “já sofremos o primeiro, será difícil darmos a volta à situação”. Enquanto não eliminarmos esta sombra, essa desconfiança absolutamente natural, em face dos resultados do passado, será muito complicado. Mas chegará o dia, oxalá seja já no próximo domingo, com o União de Montemor, em que nós vamos marcar primeiro, vamos ter outra capacidade. Neste momento estamos no fundo da classificação mas sabemos que, na segunda fase, todas as equipas começam com zero pontos e isso é uma vantagem que nos pode dar algum tempo e algum espaço. Isto não é bom para nós, nem para os adeptos, mas temos que perceber que as coisas não acabam assim… na segunda fase, sim, temos que ser altamente competitivos e sermos uma equipa com outra dimensão.

 

A direção prometeu-lhe o reforço da equipa?

Não é uma promessa, é uma certeza, inclusive, já vão chegar alguns jogadores na próxima semana, para ocuparem posições onde não temos muitas soluções e onde identificámos a necessidade de termos mais algumas “peças” de qualidade. Queremos estar preparados na segunda fase para fazermos face ao poderio dos adversários. Temos que nos reforçar e criar uma ideia de jogo com a qual os jogadores se identifiquem, sabendo, a todo o momento, o que têm que fazer e não deixarmos a ideia de que a bola, às vezes, nos “pica” nos pés.

 

Existe também a necessidade de trabalhar os índices motivacionais destes jogadores?

O nosso trabalho enquanto treinadores é muito esse, também. Não é só a parte metodológica, do treino, do jogo e das substituições, há todo um trabalho que está por detrás que estimula os jogadores, do ponto de vista mental, para fazer face às adversidades. Vamos tentar levantá-los. Não queremos continuar nesta senda de derrotas. As derrotas, tal com sucede com as vitórias, quando acontecem com frequência… as pessoas tendem a habituar-se. Acha-se que já não é assim tão mau, é só menos bom. Não queremos que isso aconteça, mas não vai lá com palavras, só lá vai com um resultado positivo. Com uma exibição bem conseguida as coisas mudam.

 

Isso pode acontecer no próximo domingo, no início da segunda volta, com o Montemor-o-Novo?

Sim, sabemos que o União de Montemor está mais próximo de nós na classificação, mas não nos pode passar pela cabeça que o jogo será mais fácil porque, neste momento, os adversários olham para nós e ganham uma confiança enorme face aos números que mostramos. Temos que dar tudo para ganhar o jogo de domingo. Para nós isso é absolutamente fundamental, não pela conquista dos pontos, mas pela questão anímica e para que, finalmente possamos passar uma semana a trabalhar sobre uma vitória.

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