Diário do Alentejo

Futebol Clube de Serpa regressa aos campeonatos nacionais

31 de agosto 2021 - 18:00

Campeão Nacional da III Divisão na época 1956/1957, o Futebol Clube de Serpa não competia em campeonatos nacionais desde há 14 épocas. Esta será a temporada de estreia no Campeonato de Portugal, não só do clube, mas também do seu jovem treinador Marcos Borges.

 

Texto Firmino Paixão

 

O técnico revela bastante confiança, não apenas na qualidade do plantel que o rodeia, mas igualmente nas suas capacidades para levar o barco a bom porto, e esse cais seguro estará à distância de 18 jornadas muito competitivas. Marcos Borges assume que o Serpa “é um clube histórico, habituado a andar nas competições nacionais e a ganhar títulos”. E sublinha: “Ainda sou inexperiente nisso, não existe nenhuma razão para não o reconhecer, porque é uma evidência, mas a pressão de liderar este grupo é algo com o qual temos de aprender a viver, porque é uma pressão positiva”.

 

Podemos chamar-lhe pressão, anuiu, mas diz tratar-se da “consequência natural” de estar no clube e no Campeonato de Portugal. “Temos que encarar isso com uma atitude positiva, porque se a direção do clube não achasse que eu seria a pessoa certa para estar aqui, certamente que não teria decidido a minha continuidade. Se o clube achou que eu era a pessoa certa, a mim cabe-me trabalhar para conseguir estar à altura”.

 

A estreia no Campeonato de Portugal foi adiada para 12 de setembro. Concordaram com o adiamento do jogo de abertura que estava previsto para o próximo domingo?

Sim, foi um pedido que nos foi feito pelo União de Montemor e que nós aceitámos porque, estando ambos isentos da primeira eliminatória da Taça de Portugal, não vimos grande inconveniente em fazê-lo e então jogaremos no dia 11.

 

Farão a apresentação oficial aos adeptos, num jogo com Os Belenenses?

Nós fomos ao Restelo fazer um primeiro jogo com o Belenenses e, no próximo dia 4 de setembro, será a vez de o Belenenses nos retribuir a visita, numa partida em que faremos a apresentação da equipa aos nossos associados e adeptos, seja presencialmente, seja através das redes sociais, para que possam ver o Serpa a jogar em casa e a preparar a estreia no campeonato nacional.

 

O primeiro em jogo em casa será com o Imortal e já com a presença de público. Um contributo importante?

Na verdade, estamos a contar com isso e essa presença será certamente uma mais-valia para nós, porque há bastante tempo que não temos público nos estádios… nós e os outros clubes, mas sabemos que o Serpa é um clube que tradicionalmente traz muita gente ao futebol e, num campeonato nacional, nós acreditamos que será possível trazer ainda mais gente ao nosso estádio. Será um contributo importante para nos ajudar a fazer um campeonato com a qualidade que este clube exige.

 

Tiveram algumas etapas de preparação, com os Sub/19 do Benfica, os Sub/23 do Farense e com o Belenenses. Que ilação tirou desses momentos competitivos?

Sabíamos que seriam jogos muito complicados, porque os nossos adversários eram equipas com mais tempo de treino, com ritmo e intensidade diferentes daquela que nós conseguimos apresentar. Nesse ponto de vista, esses jogos serviram para percebermos melhor o que tínhamos que trabalhar com vista ao primeiro jogo oficial. Mas foi positivo, utilizámos todos os jogadores, o retorno competitivo foi bom, porque nos deu indicações de como podemos preparar melhor a equipa.

 

Este campeonato, todos os anos, vem alterando o seu formato. Que opinião tem sobre isso?

No final do campeonato é que saberemos se este será o modelo ideal e benéfico, ou não. Seja para nós, seja para que equipa for. Temos visto, e os jogadores que estão connosco e que já tiveram participações no Campeonato de Portugal, têm-nos dado essa informação: que as primeiras jornadas, para as equipas do distrito de Beja, não são muito favoráveis no sentido da acumulação de pontos e, quando se começam a perceber do ritmo e da intensidade a que as coisas têm que ser feitas, já existe um fosso grande em relação às equipas que estão acima da linha de água, o que dificulta muito a recuperação e a permanência das equipas desta região.

 

O objetivo do Serpa passa pela manutenção?

Obviamente que não podemos pensar em metas superiores. Sabemos das dificuldades e conhecemos as condições que outros clubes possuem e que nós não temos. Portanto, será difícil, na primeira fase, atingirmos os dois primeiros lugares e, aí, tanto interessa ficar em terceiro como mais abaixo. Claro que sabemos que não é igual. Mas em termos de pontos para a segunda fase, o terceiro lugar terá os mesmos zero pontos que o 10.º. Se, por mérito nosso, conseguíssemos um dos dois primeiros lugares, então, teríamos a certeza de que o objetivo de manutenção estaria garantido, mas também somos realistas, a nossa meta será andarmos perto do meio da tabela.

 

E na Taça de Portugal… quanto mais longe, maior será a compensação financeira?

Claro. A questão financeira também será importante, portanto, será ideal passarmos, pelo menos, mais uma eliminatória. Mas nós encaramos a segunda eliminatória muito como encarávamos a primeira, da qual ficámos isentos, e com o pensamento de o sorteio nos colocar a jogar em casa.

 

O plantel, com os reforços que conseguiu, tem qualidade para corresponder aos desafios que se aproximam?

Tentámos trazer para Serpa jogadores que tivessem alguma experiência em campeonatos nacionais e que, por isso, nos acrescentassem alguma qualidade. Achamos que o conseguimos. Obviamente que, nos jogos que temos feito, até agora, ainda não conseguimos concluir, a 100 por cento, se está tudo no ponto. Até ao primeiro jogo manteremos algumas incertezas mas, dentro daquilo que é a nossa expectativa, o plantel que temos é aquele que sempre desejámos ter. Acreditamos que nos dá garantias de fazermos um campeonato aceitável e que nos permitirá assegurar a manutenção.

 

É essa a mensagem que deixa aos adeptos do clube?

Sim, a garantia que lhe podemos deixar é a de que trabalhamos no máximo das nossas capacidades para conseguir aquilo que o clube não consegue há alguns anos, que é a permanência neste patamar competitivo. Temos que trabalhar muito, todos os dias, com a força que os nossos adeptos nos darão, para que, domingo após domingo se consigam fazer os pontos necessários.

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