Diário do Alentejo

Rui Vilalva (Asas de Beja) foi campeão absoluto da Zona Norte

29 de agosto 2021 - 15:00

O eborense Rui Vilalva, columbófilo da Sociedade Columbófila Asas de Beja, foi o vencedor absoluto da Zona Norte da última campanha desportiva da Associação Columbófila do Distrito de Beja.

 

Texto Firmino Paixão

 

O columbófilo Rui Vilalva foi o concorrente mais regular da Zona Norte, na última campanha desportiva da Associação Columbófila do Distrito de Beja. Conquistou o título absoluto, aquilo que confessou ter sido “uma das vitórias mais importantes” desde que concorre neste distrito. “A época podia ter sido melhor, mas faltou-me a sorte numa ou duas provas. Acabou por ser uma boa campanha e, basicamente, acabou por ser o reconhecimento de um esforço e de um trabalho que venho desenvolvendo ao longo destes anos em Beja”, acrescentou. A vida profissional porém, repartida entre Beja e Évora, não lhe permitiu, nos anos anteriores, a desejada disponibilidade para ser tão competitivo.

 

Os resultados que obteve nos últimos anos deixavam prever a iminência da conquista de um título absoluto?

Sim, mas eu já tinha outros títulos. No primeiro ano que concorri em Beja fui campeão distrital de ‘yearlings’, no segundo fui campeão distrital de meio-fundo, no terceiro, a cinco provas do final, estava em 1.º lugar, quer no distrito, quer no Asas de Beja, e nessa altura regressei a Évora e deixei de ter tempo para os pombos. Os voadores ficaram ao cuidado da minha sogra, a quem só tenho que agradecer mas, obviamente, que não é a mesma coisa. Ainda assim, com a minha sogra a ajudar, consegui ser mais um ano campeão de meio-fundo, mais um ano campeão de velocidade, dois anos campeão de ‘yearlings’ e manter um nível competitivo elevado em todas as especialidades, o que para mim é excelente.

 

Foi 3.º classificado em meio, 4.º em fundo e 5.º em velocidade. Qual é a sua especialidade preferida?

Tenho mais preferência pela velocidade e pelo meio-fundo mas, em especial, pelo meio-fundo. No entanto, nem sempre as provas correm de acordo com aquilo de que nós gostamos. Gosto de provas que tenham algum vento de bico, em que a velocidade média seja à volta de 70 a 80 quilómetros por hora, porque só os pombos mais preparados conseguem fazer a diferença. Contudo, nem sempre isso é possível, nem para mim, nem para os adversários. Os ventos de rabo provocam provas muito rápidas que, às vezes, nos baralham as contas, mas isto é igual para todos e, no fim, quem ganha é aquele que se consegue adaptar melhor às várias situações que vão acontecendo.

 

Tem uma colónia diversificada e com boa qualidade competitiva?

Tenho uma boa colónia, muito equilibrada… ganhar este ano foi quase uma valorização pessoal e a confirmação de que os pombos que tenho têm a qualidade que eu acho que eles têm. Os resultados que eu alcançava aconteciam porque os pombos tinham muita qualidade. A verdade é que assim que eu lhes consegui dar um pouco mais de assistência, confirmou-se a grande qualidade da colónia, possibilitando que este título acontecesse.

 

A qualidade da colónia e a dedicação do columbófilo são determinantes no sucesso. E o fator sorte não conta?

Qualidade, dedicação, tempo para conduzir a colónia, o ‘feeling’ para o desporto também é importante e a sorte. Este ano, em duas ou três situações, faltou-me essa sorte. Acredito que os outros concorrentes também deverão ter os azares que eu tive em duas ou três situações pontuais… por exemplo, se em determinada prova eu tivesse escolhido um determinado pombo, os resultados teriam sido muito melhores. A sorte no desporto, como em tudo na vida, é um fator importante.

 

Concorria pela Associação de Évora, onde também era um concorrente de topo, mas a vida familiar fê-lo fixar-se em Beja…

No ano em que vim para Beja tinha sido campeão distrital de meio-fundo, 2.º na velocidade e campeão distrital absoluto, pela Associação Columbófila do Distrito de Évora. Ou seja, a minha última campanha em Évora foi a melhor campanha que fiz. Estava numa fase ascendente, o que se veio a confirmar, quando cheguei a Beja, com os títulos que aqui conquistei.

 

Foi bem recebido na Sociedade Columbófila Asas de Beja?

Por uma parte das pessoas fui, sim. Por outra parte, claramente que não. Acho que terei sempre, da parte de algumas pessoas, o ‘handicap’ de ter vindo de Évora. Eu não tenho esse problema, porque estudei em Beja e casei com uma pessoa de Beja, e não sinto o “complexo Beja/Évora” que sei existir aqui em algumas pessoas… senti isso na pele e continuo ainda a sentir por parte de algumas pessoas. Não posso agradar a toda a gente, mas isso faz parte da vida.

 

Que diferenças identifica entre a columbofilia nos dois distritos, se é que existem?

Quando eu vim de Évora, “voava” no Clube Columbófilo de Évora coletividade que seria, talvez, a mais forte do distrito e que nessa altura, na minha opinião, nada ficava a dever às que existem em Beja. Um dos desafios que aprecio é a competitividade, por isso, ainda bem que me associei ao Asas de Beja, porque tem muitos e bons concorrentes e isso implica maior competitividade. Encontrei esse ambiente. Neste momento, a coletividade eborense tem vindo a perder muitos concorrentes e alguma qualidade, o Asas também tem vindo a perder concorrentes, mas consegue manter um número muito aceitável de columbófilos com muita qualidade, pelo menos, entre os 10 e os 12, capazes de vencer campeonatos, e isso faz com que tenhamos que trabalhar e superar-nos, porque qualquer falha levará a que os resultados não sejam tão bons. Neste momento, a qualidade entre os dois distritos é semelhante. O que se lamenta é que este desporto vá perdendo praticantes e que seja cada vez mais difícil cativar novos columbófilos.

 

Já prepara a próxima campanha desportiva? Com que metas?

Preparar os próximos desafios passa por selecionar, de entre a equipa de voadores, aqueles que eu acho que reúnem as melhores condições para enfrentarem melhor a próxima época. Este ano foi complicado, perdi muitos pombos, tenho que criar borrachos que serão as esperanças para o próximo ano e os objetivos passam por fazer o melhor possível. Se conseguir vencer algum campeonato, naturalmente que ficarei feliz, lutarei por isso mas, tendo em conta a qualidade da concorrência, o triunfo nunca é um dado adquirido para ninguém.

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