Diário do Alentejo

“Dá-me muito mais prazer lutar pelos melhores lugares”

19 de agosto 2021 - 16:00

Paulo Bárbara, columbófilo entradense, que concorre pela Sociedade Columbófila Asas Verdes, foi o vencedor absoluto (zona sul) da última campanha desportiva da Associação Columbófila do Distrito de Beja.

 

Texto Firmino Paixão

 

Uma campanha fantástica para o columbófilo do Campo Branco que, ao título absoluto, ainda juntou a vitória na disciplina de meio fundo, o segundo lugar em fundo e o terceiro lugar em velocidade. “Sim, por acaso esta campanha correu-me bem”, comentou o concorrente, com alguma modéstia. “Podia ter sido melhor, mas foi uma boa época, digamos que foi positiva em 90 por cento, porque para os 100 teria que ter ganho em todas as frentes, mas andei lá perto”, acrescentou, lembrando que, individualmente, teve os dois melhores pombos em meio fundo e o melhor pombo em fundo. Portanto, além do campeonato do columbófilo, os pombos, individualmente, também pontuaram bem.

 

O sucesso não aconteceu por acaso, deve-se à qualidade da colónia e à dedicação do columbófilo…

 

Claro, muitas horas de trabalho, muita dedicação, ter os pombos bem treinados, bem alimentados e com boa saúde, isso é essencial para ter uma colónia com alguma qualidade, penso eu, porque não são os columbófilos que voam, os pombos é que são os atletas, são eles que voam e que nos proporcionam estes resultados, o mérito é das aves. Mas é também a maneira como os treinamos, os métodos e as estratégias que aplicamos. Ganhei oito primeiros prémios na coletividade. Em 18 pombos, acho que é bastante bom.

 

A sorte, ou a falta dela, têm algum peso na atividade columbófila?

 

A sorte procura-se. Se o fator sorte tiver assim um peso tão determinante, algum dia acaba-se. Se jogarmos só com a sorte ou com a falta dela, não chegamos a lado nenhum, sendo certo que, como é hábito dizer-se, não há campeão sem sorte. Mas nós temos que a procurar, temos que trabalhar para facilitar o aparecimento desse fator. Temos que fazer uma boa seleção dos pombos, há anos melhores que outros, podem sair pombos bons e um ou outro formidável, aí sim, a sorte pode ter influência. Mas isto é como sucede com os seres humanos, uns nascem para vencer, outros andam só por aí.

 

Foi campeão absoluto, na zona sul, com mais de 25 mil pontos. O vencedor da zona norte conseguiu mais de 18 mil, no mesmo número de provas. Considera-se o melhor columbófilo do distrito?

 

Não! O distrito tem columbófilos muito bons. Naturalmente que estarei entre os melhores, mas não serei o melhor. Existem por aí columbófilos quase profissionais, eu nem de perto de longe, criei três filhos, todos tiraram os seus cursos e o dinheiro não cai do céu. Temos que trabalhar todos os dias, eu e a minha esposa, dormindo, às vezes, apenas três ou quatro horas. Agora, esta paixão pelos pombos é enorme, o sacrifício tem valido a pena, lutamos por aquilo que gostamos e depois os resultados ainda nos dão mais força. Na minha coletividade já sou campeão há mais de 10 anos.

 

Os resultados são excelentes nas diferentes especialidades, mas haverá uma que é a sua preferida?

 

A minha preferência é o fundo, mas é uma área onde se perdem muitos “atletas”, lesionam-se, morrem, muitas vezes, no caminho, são atacados por outras aves, porque a quilometragem é muita. Como diz o ditado, “tanta vez a cantarinha vai ao poço, até que lá deixa a asa”. Tive algumas perdas, mas não perdi pombos de grande mérito, nada de grave, já tive outras campanhas em que perdi grandes craques. Os tais de que eu nunca me esquecerei, porque cada vez que venho ao pombal ainda me lembro deles.

 

Tem pombos com coeficientes que possam ter sucesso numa próxima Exposição Nacional?

 

Por enquanto, acho que não. A pomba de fundo tem umas boas marcações e poderá aproximar-se dos melhores coeficientes para a Exposição Nacional. Mas este ano não estou a ver mais nenhum que possa lá chegar. Tenho ali a “escurinha” (na foto), que tem muito boas classificações mas, a nível nacional, não sei se terá hipótese de obter uma boa prestação.

 

Os resultados das últimas campanhas revelam que a sua colónia está muito forte e equilibrada. Continua a ser o melhor columbófilo da Sociedade Columbófila Asas Verdes (Castro Verde)?

 

Tenho aqui cerca de 150 pombos, incluindo os borrachos que anilhei este ano. Conquisto muitos títulos na minha coletividade e os adversários continuam a olhar-me um bocado de atravessado. Não sei qual a razão. Ando nisto para me divertir, e felicito quem me ganhar. Este ano, em velocidade, venceu o António Coelho, disciplina em que talvez seja um dos melhores columbófilos do distrito, se não for o melhor; o Pedro Rosa ficou em segundo no meio fundo, lutámos os dois quase até à última prova. Acho isto bonito. Mas as pessoas são assim, querem ganhar à força.

 

Pensou desistir de concorrer pela “Asas Verdes” mas isso não se concretizou?

 

Não. Ainda tentei concorrer pela Sociedade Columbófila Aljustrelense, mas as pessoas não me aceitaram, senão tinha mudado. Assim, tive que continuar por aqui, mas lá, se calhar, faziam-me o mesmo.

 

Já está a planear a próxima campanha? Com que metas?

 

Sim, já estou a trabalhar para isso. Já estou a selecionar os pombos, a tratá-los à minha maneira, para ver se os mantenho sempre de perfeita saúde. O objetivo é claro, passa por lutar com os campeões e, se possível, voltar a vencer. Entrar na “liga dos campeões”.

 

A columbofilia distrital tem evoluído, está muito forte. Concorda com esta ideia?

 

Absolutamente. A columbofilia pode não ter crescido muito, mas o lote que habitualmente anda na frente é muito forte. São muito bons columbófilos, mas só pode ganhar um. No entanto, quanto mais competitividade houver, mas interessantes se tornam as campanhas e mais se valoriza a modalidade. Dá-me muito mais prazer andar na luta pelos melhores lugares e ganhar, do que vencer sem ter grande oposição. Este ano calhou-me a mim, para o ano pode ser outro… no entanto, pode estar certo que eu vou dar luta, naturalmente, com o maior respeito pelos outros columbófilos.

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