Diário do Alentejo

No futebol de rua “todos contam”

11 de junho 2021 - 12:20

O Campo Carolina Almodôvar Fernandes, em Penedo Gordo, está a ser o palco do Torneio Distrital de Futebol de Rua, uma organização da Pax Jovem – Associação Juvenil de Beja, tutelada pela Associação Cais, entidade que, desde 2004, promove esta prática desportiva de cariz social.

 

Texto Firmino Paixão

 

Promover a inclusão social utilizando o desporto como ferramenta de capacitação e de reforço das competências pessoais e sociais, são os desígnios desta estratégia desenvolvida pela Associação Cais, através de um conjunto de iniciativas de âmbito local, que culminam com a realização de um grande torneio nacional, para apuramento dos campeões e seleção de talentos, para representarem o país nas competições internacionais.

 

O futebol de rua tem regras muito específicas e o próprio recinto onde se pratica é, também ele, diferente do habitual. Em Beja, o torneio iniciou-se ontem, quinta-feira, promovido pela associação Pax Jovem, apoio da Associação de Futebol de Beja e sob orientação de Fábio Pacheco, atual selecionador distrital e antigo praticante, garantindo que se trata do maior torneio até agora realizado, com 28 equipas masculinas e três femininas, ou seja uma ampla cobertura da região.

 

Esse fator, uma boa cobertura da região, significa que o futebol de rua está em crescimento e que existe algum interesse nesta modalidade?

 

Sim, quando eu comecei a participar o futebol de rua, enquanto jogador, apenas existiam equipas dos bairros de Beja: o Bairro da Esperança, o Bairro do Pelame e o Bairro Social. O Penedo Gordo tinha uma equipa, mas os torneios eram entre quatro ou cinco equipas. Quando fiquei à frente do projeto, tentei chegar mais longe, porque o futebol de rua é para todos, é uma modalidade de acesso ao desporto com inclusão social, e com a influência positiva que tem na vida das pessoas, tentei, ao máximo, abranger toda a nossa região. Falei com equipas de Barrancos, que desde o primeiro ano, desde que eu lidero o projeto, têm estado presentes. Este ano apresentam-se com quatro equipas. Ourique, Santa Luzia e Milfontes são novidades e espero, no próximo ano, ter mais equipas de outras localidades, não perdendo a essência do futebol de rua dos bairros, porque continuamos com equipas dos bairros sociais da cidade.

 

O futebol de rua, até pela tutela que tem da Associação Cais, sempre foi encarado como uma atividade eminentemente social, como fator de inclusão. Hoje já se alterou essa característica, ou não?

 

Por um lado sim, por outro não. Ou seja, nós não perdemos esses valores e tentamos implementá-los ao máximo. Continuamos com as nossas sessões de promoção de competências pessoais, sociais e de capacidades para a vida ativa, para todos os participantes e não queremos perder isso. A Associação Cais continua com essa mentalidade, está a crescer e possui muito mais apoios, mesmo grandes apoios a nível nacional e, no distrito, também estamos em crescimento, mas sem perdermos essa essência, vamos contar com outras equipas.

 

A organização está ancorada à estrutura da Pax Jovem uma associação juvenil de Beja…

 

O torneio é organizado pela Associação Cais, mas tem que ter promotores distritais e, este ano, o promotor é realmente a Pax Jovem, em parceria com a Associação de Futebol de Beja e com inúmeros apoios. O futebol de rua tem zero euros, precisamos de quem nos queira ajudar com mão-de-obra ou que nos proporcione condições… e que nos ajudem a crescer. É isso que nós agradecemos.

 

Sairá deste torneio a equipa representante do distrito no torneio nacional, uma competição que já se realizou em Beja por duas ocasiões…

 

A equipa que nos representará será composta por jogadores que eu, enquanto selecionador distrital, irei convocar. Escolherei os oito melhores jogadores, ou aqueles que eu ache que são os mais indicados para integrarem a seleção distrital de Beja no torneio nacional. Mas, a partir do nosso torneio distrital, podem ser escolhidos jogadores para irem ao Europeu, porque o selecionador nacional está presente e poderá convocar jogadores para a seleção portuguesa. O local de realização da fase nacional ainda não está bem definido, mas pensamos que será na Batalha.

 

O distrito de Beja tem tradição de apresentar equipas fortes. Poderá reunir uma seleção que mantenha essa qualidade e forneça jogadores para as provas internacionais, como já aconteceu no passado?

 

Temos a tradição de, principalmente, colocar jogadores na seleção nacional. Temos reunido seleções fortes, que têm sempre ficado entre as seis melhores equipas. Este ano gostava de chegar um bocadinho mais longe do que na última participação, mas não será fácil, porque a nível nacional temos equipas muito boas. Contudo, pela qualidade de jogadores que estarão presentes, espero conseguir oito atletas que façam uma seleção competitiva. Em relação às equipas femininas, que não quero deixar para trás, somos campeões nacionais e espero reunir uma equipa que renove esse título.

 

Qual o modelo de competição?

 

Temos uma primeira fase com sete grupos de equipas masculinas, que jogarão todos contra todos. Os dois melhores de cada grupo e os dois melhores terceiros classificados passam aos oitavos de final e por aí adiante.

 

Que apoios conseguiram reunir?

 

A Associação de Futebol de Beja deu-nos um apoio importante, juntamente com a Cais, que é o promotor nacional, na testagem de covid-19, porque sem a realização de testes, a todos os participantes, não haveria torneio, conforme as orientações da Direção Geral de Saúde. Depois, temos mais um conjunto de parceiros que são empresas locais e cujo apoio foi também determinante.

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