Diário do Alentejo

“O Asas não tem comparação com qualquer coletividade”

04 de junho 2021 - 16:10

O campeão distrital de meio-fundo, da última campanha columbófila, José Luís Dores, revela que a época em curso está a correr abaixo das suas expectativas. Uma colónia jovem, e algumas perdas de aves, estão entre as queixas com que o columbófilo bejense justifica esse insucesso.

 

Texto Firmino Paixão

 

A melhor classificação de José Luís Dores, columbófilo da Sociedade Asas de Beja, na presente campanha desportiva, está na disciplina de “velocidade”, não obstante ter vencido, no início do mês, a prova de “fundo”, que trouxe os pombos desde a localidade espanhola de Requena (Valência) (localizada a 615 quilómetros). A concorrer, nesta temporada, sob a sigla José Dores/António Silva, o campeão de meio-fundo, em título, faz uma avaliação muito positiva da columbofilia distrital, com nota elevada para a gestão e sublinha a qualidade desportiva da Sociedade Columbófila Asas de Beja.

 

A Campanha Columbófila 2021 tem-lhe corrido dentro das previsões?

 

Não! Não está dentro daquilo que eu previa… Comecei bem, mas houve aí duas provas que me desorientaram um pouco os pombos e nunca mais os consegui meter como o fiz nos treinos de pré época e na primeira prova da campanha. Tenho feito o mesmo trabalho todas as semanas, mas numas provas entraram bem, noutras nem por isso.

 

Concorre nas três disciplinas: velocidade, meio-fundo e fundo…

 

Sim, estou a concorrer nas três frentes, continuo a fazê-lo, embora só já tenha algumas oportunidades de sucesso no campeonato de velocidade, onde estou em quinto lugar. Talvez ainda tenha algumas hipóteses, embora os concorrentes que estão à minha frente sejam muito fortes. Mas vou aguardar, ainda faltam disputar três provas, seja o que Deus quiser.

 

Na classificação geral estava em 16.º lugar. Um pouco abaixo da sua expectativa?

 

Muito abaixo, mas também não estava a contar muito com uma boa classificação na geral, porque não tenho uma equipa forte na especialidade de fundo, não tenho marcado bem no fundo. No ano passado fiz umas alterações e fiquei com uma equipa totalmente nova. Parti, praticamente, do zero, porque não tenho muitos pombos velhos mas, os que tenho, batem-se com os melhores.

 

Qual a disciplina para a qual a sua colónia tem maior potencial?

 

A minha colónia é mais forte na velocidade. Não foi, especialmente, pelo meu interesse, mas foi pelos cruzamentos que fiz. Nos últimos anos os pódios que consegui, quer a nível do Asas de Beja, quer distrital, foram na disciplina de velocidade. Nos últimos cinco ou seis anos tenho andado lá por cima.

 

Na campanha anterior sagrou-se campeão na disciplina de meio fundo…

 

É verdade que consegui vencer o meio-fundo na época passada. Também é verdade que houve algumas ausências, mas isso não serve de desculpas, é como no futebol, quando desistem algumas equipas os que ganham não têm culpa isso. Os pombos bateram-se muito bem e ganhei com justiça.

 

Esse título tê-lo-á motivado, mas também acrescentou alguma responsabilidade para a campanha em curso?

 

Naturalmente, qualquer título responsabiliza-nos e motiva-nos para, na época seguinte, conseguirmos os melhores resultados. Mas as pessoas têm que se convencer que quem manda nisto são os ventos.

 

A Sociedade Columbófila Asas de Beja é a sua coletividade de sempre?

 

O Asas de Beja não tem comparação com qualquer coletividade do distrito. Não dá hipóteses. Os outros columbófilos querem comparar-se aos do Asas de Beja, mas não conseguem. Mas temos por aí outros concorrentes também muito bons. Dou-lhe o exemplo do Ivo Garcias (Serpa) que, em velocidade e meio fundo é muito forte.

 

O número de provas do calendário foi reduzido?

 

Sim, devido à pandemia, a Associação decidiu encurtar o calendário. Vamos ver o que acontecerá no próximo ano, se ficará igual ou se voltaremos às sete provas de cada disciplina. Tomaram a medida mais correta, porque as condições de segurança sanitária assim o aconselharam.

 

Quantos pombos estão no pombal e como caracteriza a sua colónia?

 

Comecei a campanha com 120 pombos. Atualmente tenho 16 casais de reprodutores, mas costumo ter só nove ou 10. Já perdi uns quantos pombos, porque tivemos aí umas provas complicadas. Tenho mandado pombos muito novos às provas de fundo e tenho perdido alguns, cerca de 16 ou 17 que não regressaram. Mas a pomba “Online” [na foto] é a minha referência, é a matriarca da colónia, uma das melhores reprodutoras, entre as que existem no distrito de Beja. Não tenho dúvidas. Todos os anos tenho pombos dela a ganhar, seja de norte ou de sul, seja fundo ou velocidade… qualquer filho desta pomba já ganhou uma anilha de ouro e já tivemos pombos dela em quarto lugar no fundo nacional.

 

Esta paixão pela columbofilia é algo que herdou de família?

 

Sim, foi o meu pai que me incentivou. Foi por causa dele que ganhei este “bichinho” e hei de continuar assim, se Deus quiser e se não tiver nenhum problema de saúde. O meu filho já teve um tempo que me ajudava muito a tratar do pombal mas, mais recentemente, afastou-se. Está mais agarrado aos jogos eletrónicos.

 

Que avaliação faz do estado da columbofilia no distrito de Beja? Tem crescido? Tem-se valorizado?

 

A columbofilia, quer a nível distrital, quer nacional, não tem registado crescimento. Já é muito bom manter as coisas como estão, porque nos últimos tempos, devido à pandemia, houve muita gente desempregada e com baixo rendimento e isto já não é barato. Mas a columbofilia no distrito de Beja está a um nível altíssimo, temos concorrentes acima da média, muito fortes, não vou citar nomes para não correr o risco de deixar alguém de fora, mas temos uma região muito forte e com muitos campeões nacionais. Deve realçar-se também o excelente trabalho desenvolvido pela direção da Associação Columbófila do Distrito de Beja, que muito tem contribuído para a valorização desta modalidade.

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