Diário do Alentejo

"O meu mandato não será só de continuidade"

09 de fevereiro 2021 - 09:40

António Machado, líder da Associação de Atletismo de Beja desde 2014 e reeleito, em outubro último, para novo biénio, renunciou ao cargo no início do passado mês de janeiro. A vice-presidente Rosário Figueira assumiu o cargo.

 

Texto Firmino Paixão

 

Maria do Rosário Figueira tornou-se, desde o dia 18 de janeiro de 2021, na 13.ª presidente da Associação de Atletismo de Beja, organismo fundado no dia 7 de maio de 1986. É a segunda mulher a liderar o atletismo regional, depois da castrense Amélia Vaz ter preenchido idêntico cargo, no biénio 2012/2014. Rosário Figueira está ligada à modalidade há cerca de três décadas tendo ocupado, em diversos momentos, diferentes cargos nos órgãos sociais da associação.

 

No meio de muitas incertezas quanto ao regresso das competições, a nova presidente garante que irá dar continuidade ao trabalho que vinha a ser desenvolvido, mas também assume o desafio de inovar. Colaboradora próxima da Juventude Desportiva das Neves, a sua ascensão à presidência foi proposta pelos restantes membros dos órgãos diretivos e ratificada pelos clubes, em assembleia-geral extraordinária.

 

O atletismo não é uma modalidade nova para si? Há quantos anos se movimenta neste meio?

Tenho contacto com o atletismo regional desde há cerca de 30 anos.

 

Chegou a praticar? Mas tem feito um pouco de tudo, juiz, dirigente de clube, dirigente associativa…

Nunca pratiquei atletismo. Sou juiz cronometrista, já ocupei vários cargos diretivos na Associação de Atletismo de Beja, fui também presidente do conselho de arbitragem durante dois mandatos.            Nunca fiz parte dos órgãos sociais de qualquer clube. No entanto, ao longo de todos estes anos, colaborei nas atividades e iniciativas de um clube.

 

Esperava, um dia, chegar à presidência da Associação de Atletismo de Beja?

A curto prazo, na verdade, não pensava. Mas quem sabe se, num futuro mais longínquo, não poderia ser uma hipótese a colocar em cima da mesa.

 

Assumiu a presidência após a renúncia do professor António Machado, que tinha sido reeleito em outubro? Não é normal um dirigente deixar-se reeleger e sair três meses depois. Existia falta de união no coletivo?

Penso que é normal. Pedir a demissão é um direito que assiste a qualquer elemento dos órgãos sociais, desde que apresente motivos que o justifiquem, não sendo necessário haver falta de união entre os elementos diretivos.

 

Sentiu-se lisonjeada com a proposta que a direção levou à assembleia geral para que a Rosário Figueira assumisse o lugar de presidente?

Senti uma grande gratidão pelo voto de confiança que me foi transmitido, quer pelos clubes, quer pelos restantes elementos da direção.

 

A Associação tem um regulamento interno que permite o preenchimento de lugares sem recurso a eleições? Os estatutos estão francamente desatualizados…

Não. No regulamento interno da Associação de Atletismo de Beja não está nada relacionado com o preenchimento de lugares sem recurso a eleições. No entanto, à semelhança de outras ocorrências do mesmo género, quer na nossa associação, quer noutras, recorreu-se à legislação que rege o associativismo, em geral, onde se menciona que, no caso de demissão de algum dos elementos, será um outro elemento da direção a assumir o lugar.

 

Não se sente fragilizada por ocupar o lugar sem ter sido por eleição direta?

Não sinto qualquer tipo de fragilidade, pois acho que tenho toda a legitimidade, voto de confiança, competência e experiência para poder assumir o cargo.

 

O seu mandato será de continuidade, ou assumirá algum tipo de rotura com o passado? Algo pode mudar no modo e na forma com vai gerir a vida da Associação e intervir no desenvolvimento do atletismo regional?

O meu mandato será não só de continuidade como também será de alguma inovação, uma vez que o contexto está permanentemente a ser alterado.

 

O sucessivo prolongamento do “estado de emergência” em Portugal, não tem permitido a organização de nenhum tipo de eventos da modalidade? Noutros pontos do país têm existido provas, por exemplo, de ‘trail’?

Houve associações que assumiram e ainda organizaram algumas provas, nomeadamente corta-mato. Nós, Associação de Atletismo de Beja, não fizemos qualquer prova durante o estado de emergência. É de sublinhar que, nos momentos em que foram marcadas provas, foram decretadas pelo Governo medidas de contenção que nos impediram de as realizar, dada a proibição de circulação entre concelhos. Assim, esperamos que a situação pandémica do país melhor e que possamos realizar provas e dar mais oportunidades aos nossos atletas, colocando sempre a sua segurança em primeiro lugar. Relativamente a provas de ‘trail’, posso afirmar que no Baixo Alentejo não foram realizadas.

 

A Associação tem mantido uma relação de proximidade com os clubes filiados, no sentido de os manter motivados?

Sim. Têm existido várias reuniões com os clubes e vários contactos que visam precisamente esse fator, a motivação.

 

O diretor técnico regional tem estado no terreno a tentar que não se quebre esse elo, essa corrente entre atletas/clubes/associação?

O diretor técnico regional tem realizado vários contactos para saber a realidade de cada clube e saber o que é possível realizar com as condições que temos de momento. A realidade desta época é dura. A pandemia veio alterar não só o nosso pensamento do que é, ou não, seguro, assim como alterou os horários e as formas de treino. No entanto, a Associação de Atletismo de Beja e o departamento técnico continuam a manter uma posição de ajuda no que for necessário.

 

A Federação Portuguesa de Atletismo tem cumprido bem o papel que lhe cabe?

Claro, desde sempre que mantemos uma boa relação com a Federação Portuguesa de Atletismo.

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