Diário do Alentejo

Assembleia da República aprovou a retoma gradual das competições

30 de dezembro 2020 - 11:00

A Assembleia da República aprovou dois projetos de resolução apresentados pelo Partido Comunista Português e pelo Partido Ecologista “Os Verdes”, que preveem a retoma da prática desportiva e a normalização gradual das competições. O público ainda ficará ausente dos recintos desportivos.

 

Texto Firmino Paixão

           

A proposta dos comunistas, projeto 759/XIV/2, aprovada com a abstenção do PS, PSD e CDS-PP, recorda que “as restrições impostas à atividade desportiva e à presença de público nos eventos desportivos, afetaram gravemente o movimento associativo popular, o desporto de competição, a formação desportiva e o desporto de alto rendimento, com consideráveis perdas financeiras e impactos na economia nacional”, sublinhando as graves dificuldades financeiras que afetaram varias associações desportivas e pequenos clubes, provocadas pela interrupção da sua atividade e a consequente perda de receitas.

Já o documento apresentado pelos Verdes, projeto nº 783/XIV/2, aprovado com a abstenção do PS, convergia na recomendação ao Governo para a urgente criação de “um programa de incentivo à prática desportiva e à retoma gradual das competições para as camadas jovens e de formação e o desporto para deficientes”, sugerindo também a criação de “apoios destinados ao movimento associativo desportivo que permitam dar resposta aos impactos da pandemia e manter os clubes, associações e coletividades em funcionamento, com o objetivo de retomarem a sua atividade de modo progressivo”.

Em suma, as duas iniciativas legislativas abrem caminho para o regresso das competições nos escalões de formação nas diversas modalidades, para a criação de ferramentas de apoio financeiro ao movimento associativo e para o regresso do público aos recintos desportivos. A bola fica, agora, nos pés da tutela.

Recorde-se que, com exceção aos escalões seniores profissionais e não profissionais, todas as restantes competições não estão autorizadas, sendo apenas permitido o treino desportivo em conformidade com as apertadas orientações da Direção-Geral de Saúde, especialmente quanto ao distanciamento social o que, na prática, inviabiliza a atividade de um conjunto alargado de modalidades, com especial incidência naquelas onde podem ocorrer contactos corpo a corpo ou mesmo face a face.

São muitos ainda os clubes e associações que mantêm a sua atividade desportiva suspensa nestes escalões, outros fazem-no com imensas condicionantes, de onde decorre um natural abandono de jovens praticantes. Os clubes, na verdade, não têm admitido grandes perdas de atletas ao nível da formação, mas um artigo publicado no “Jornal de Notícias” estimava que os clubes tenham perdido cerca de 173 mil jovens praticantes federados desde o início da crise epidemiológica. Uma quebra, refere ainda aquele diário, estimada em mais de 78 por cento de atletas nas principais modalidades coletivas: andebol, basquetebol, futebol, futsal, hóquei em patins e voleibol. O matutino ouviu mesmo o psicólogo Jorge Silvério relatar que “a inatividade desportiva provocada pelo coronavírus terá consequências futuras nas áreas da saúde, económica e social”, algo que levou o presidente da Confederação de Desporto de Portugal, Carlos Cardoso, a garantir que “não havendo competição, os jovens ficam desmotivados e desaparecem do desporto, seguirão por outros caminhos, optarão por outras áreas que não a desportiva e isso terá reflexos profundos na sociedade”.

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