Diário do Alentejo

Luís Ramos (Alvito): "Não viramos a cara à luta"

13 de dezembro 2020 - 11:30

Um ponto conquistado no Bairro da Conceição, outro ganho, em casa, frente ao Amarelejense... um início de campeonato algo prometedor que não teve correspondência nas restantes jornadas, onde não pontuaram.

 

Texto Firmino Paixão

 

O Grupo Desportivo e Cultural de Alvito (GDCA) ocupa o antepenúltimo lugar da tabela da Série A do Campeonato Distrital da II Divisão da Associação de Futebol de Beja (AFBeja). Para concluir a segunda volta falta, apenas, jogar com a equipa "B" do Vasco da Gama, partida em atraso relativa à quarta jornada da prova. O técnico do Alvito, Luís Ramos, que enquanto jogador representou, maioritariamente, o Juventude de Évora, revela que a classificação não corresponde à ambição e à competência do grupo de trabalho, antevendo que, na segunda metade do campeonato, o Alvito possa subir alguns furos na classificação. As metas da temporada passavam pela presença na segunda fase da prova, objetivo que, não sendo impossível, já se afigura um tanto difícil. Contudo, a equipa nunca virou a cara à luta, assegura Luís Ramos.

 

Que balanço faz da prestação da sua equipa durante a primeira volta do Campeonato Distrital da II Divisão da AFBeja?

O balanço que fazemos da primeira volta, apesar de não estar de acordo com as expectativas, muito pelo contrário, com o que eu e a minha equipa técnica projetámos para esta época, acaba por ser positivo. E digo isto porque, apesar de todas as adversidades que nos têm acontecido, não temos virado a cara à luta e, em momento algum, pensamos em desistir.

 

Que objetivos trouxeram para este campeonato?

Muito honestamente, e apesar de todas as dificuldades, principalmente financeiras e de recrutamento, e até pelo facto de desconhecermos na totalidade esta divisão na AFBeja, projetámos sempre esta época e este desafio com a ambição de estarmos na fase de apuramento do campeão, logicamente, respeitando todos os adversários e cientes das dificuldades, facto esse que, até ao momento, não se tem vindo a verificar, por variadíssimas razões.

 

Um empate no Bairro da Conceição na 1ª jornada, outro, em casa, com o Amarelejense, na 2ª ronda. Foi um bom começo?

Sim, dentro daquilo que se pedia à nossa equipa, foi um bom começo, aliás, em ambos os jogos o Alvito podia, claramente, ter saído vencedor, mas, passados esses dois encontros, vieram os problemas e as dificuldades.

 

O que sucedeu para que a equipa nunca mais tivesse pontuado?

Tem sucedido um pouco de tudo a esta equipa, desde confinamentos, lesões, impossibilidade de vários atletas em treinar, em virtude de terem começado a trabalhar e até de saírem para estudar noutros locais... enfim, podíamos estar aqui o dia todo a relatar situações que nunca tinha vivido.

 

Quais são os pontos fortes e as maiores fragilidades do plantel?

Os pontos fortes, na minha opinião, eram a união do grupo, a capacidade de trabalho e qualidade do jogo, mas acabávamos por ter algumas limitações principalmente devido à nossa juventude e imaturidade, e essas sim, são as fragilidades.

 

A equipa vale pelo coletivo ou tem algumas individualidades que sejam mais-valias?

Logicamente, quando tínhamos todo o plantel disponível, valíamos acima de tudo pelo coletivo, sendo verdade sim que, como qualquer equipa, temos sempre um ou outro atleta que cria mais desequilíbrios e acaba por ter um peso maior na equipa, até devido à sua experiência neste mundo do futebol, como é o caso do nosso capitão, o José Manuel Romaneiro.

 

Alvito é um concelho pequeno, onde o recrutamento não é muito fácil...

Sem dúvida, aliás esse tem sido um problema muito difícil de contornar, até porque no nosso plantel temos apenas cinco atletas do concelho de Alvito, e temos 16 de Évora.

 

Nestas terras o desporto tem uma forte componente social, mas sem público os atletas não se sentem motivados.

Também é verdade. Aliás, o desporto e em particular o futebol, neste tipo de localidades, acaba por ser uma forma de a população, e de todos os que apoiam e gostam do clube, mostrarem o seu carinho, não só por serem residentes, como também por quem acompanha os atletas. O facto de, atualmente, não ser permitida a presença de público gera um descontentamento generalizado, mas não creio que os atletas se sintam desmotivados.

 

Na segunda volta, será possível a equipa deixar o último lugar e subir alguns furtos na tabela?

Estamos esperançados e a trabalhar para que isso aconteça. Primeiro, queremos recuperar os atletas lesionados, que são bastantes, e depois tentaremos pontuar, para sairmos da classificação que temos presentemente. E creio que estamos todos em sintonia e com essa vontade.

 

A Taça Distrito de Beja seria outra das competições em que o clube estaria envolvido, mas entretanto cancelada…

... o cancelamento dessa prova foi uma decisão que, na minha ótica, não deveria ter acontecido. De qualquer forma, seria uma competição onde gostaríamos de tentar chegar o mais longe possível.

 

O campeonato do escalão secundário decorre com normalidade. Está a jogar em conformidade com as normas de segurança e sem temores?

Eu não me queria alongar muito sobre a atual conjuntura devido à pandemia. Agora, é verdade que, mediante o que foi decretado e as regras que nos foram colocadas, nós em Alvito tentamos cumpri-las ao máximo, dentro daquilo que é exequível. Aliás, esse facto tem-nos levado, nestes últimos meses, a perder vários jogadores, que acabam por ficar confinados, devido a contactos durante o seu dia-a-dia, com cidadãos que acusaram positivo. Felizmente, não tem passado disso.

 

Sendo eborense, formado no clube do Pátio do Salema (Juventude de Évora) que avaliação faz do futebol no distrito de Beja?

No ano de 2009 tive oportunidade de ser atleta do Renascente, de São Teotónio, e ter jogado esta competição. De qualquer das formas, parece-me que é um campeonato mais competitivo do que o de Évora, uma vez que as equipas estão todas elas, praticamente, ao mesmo nível e, em Évora, segundo a minha leitura, temos equipas mais fortes, mas depois cria-se um grande fosso para as equipas com menos recursos financeiros, com dificuldades de recrutamento e até logísticas.

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