Diário do Alentejo

Ricardo Silvestre: Salvadense quer chegar à segunda fase

20 de novembro 2020 - 17:40

O Clube Desportivo e Recreativo Salvadense confiou no treinador Ricardo Silvestre, um homem da casa, a tarefa de qualificar a sua equipa para a segunda fase do Campeonato Distrital da II Divisão da Associação de Futebol de Beja.

 

Texto Firmino Paixão

 

Os objetivos são os mesmos da época passada, quando Bruno Madeira era técnico principal e Ricardo Silvestre o seu braço direito. Agora, com a responsabilidade acrescida, o treinador assume que a meta traçada passa por atingir os lugares de acesso e depois, uma vez conseguida essa meta, procurarem a melhor prestação possível. O treinador lamenta a falta de público e a inexistência de um relvado sintético que, garantiu, o povo da Salvada já merecia.

 

O campeonato está ser disputado com uma boa regularidade, embora marcado pelas incertezas do contexto pandémico em que vivemos…

Claro, na verdade as coisas não estão fáceis, e os indícios são que possam vir a agravar-se mas, até ao momento, o campeonato tem vindo a decorrer com normalidade, apesar de alguma incerteza que se manterá até à derradeira jornada. Neste momento ninguém pode garantir, com exatidão, aquilo que acontecerá… o campeonato até pode parar a qualquer momento, embora não desejemos que isso venha a acontecer, não só por questões competitivas mas, principalmente, por questões de saúde.

 

A subida do Salvadense ao escalão principal, não sendo, se calhar, uma obsessão, é capaz de estar nos vossos horizontes, até pela boa prestação das épocas mais recentes?

É como lhe digo, nós temos vindo a trabalhar, desde o início da época, com o objetivo de nos qualificarmos para a segunda fase do campeonato. E é com essa intenção que continuaremos a trabalhar, jogo a jogo, lutaremos pelos pontos, depois veremos se nos deixam lá chegar.

 

Na última época, quando as competições foram suspensas, o Salvadense estava no segundo lugar, atrás do União Serpense que acabou por subir de divisão.

Sim, por isso mesmo, esta época, a nossa responsabilidade é muito maior. Na última temporada eu era adjunto do ‘míster’ Bruno Madeira, que deixou um trabalho muito bem feito no clube e estruturou o Salvadense em todos os aspetos. Deixou obra feita, algo que será muito difícil de superar ou, pelo menos, de igualar.

 

Mas a época, em quatro jogos conseguiram três vitórias e só sofreram uma derrota. As coisas estão bem encaminhadas?

Na verdade não está mal, apesar das dificuldades que temos sentido, porque temos jogadores que nem sempre conseguem comparecer nos treinos, mas temos que perceber e aceitar essas dificuldades porque somos todos amadores e o Salvadense não paga nada a ninguém. Por isso, temos de nos limitar ao que estiver disponível a cada momento. Os jogadores têm as suas profissões, que são as suas fontes de rendimento, têm as suas famílias e esta pandemia ainda veio piorar as coisas.

 

Perderam no Bairro da Conceição, num jogo muito disputado que vos retirou do primeiro lugar mas, como quem vai na frente, chega primeiro, estão focados em recuperar a liderança?

Às vezes há jogos que nos dão o tal clique que precisamos para podermos acordar. As duas vitórias que tínhamos conseguido antes não nos davam garantias de coisa nenhuma e o que sucedeu no Bairro da Conceição foi porque o jogo não nos correu de feição. Não conseguimos praticar o futebol que desejávamos, mas continuámos a trabalhar com o foco nas vitórias e o triunfo em Alvito confirmou isso mesmo, porque fomos com a mesma disposição de vencer, como temos ido para todos os outros jogos e como receberemos o Vasco da Gama, o nosso próximo adversário.

 

O plantel tem ambição e qualidade para corresponder àquilo que são as metas propostas?

Sim. Relativamente ao plantel do ano passado, acabaram por sair quatro ou cinco jogadores e contratámos outros tantos mas, 90 por cento dos jogadores já estavam connosco na época passada. Temos é que contar com as tais limitações da assiduidade dos atletas aos treinos e aos jogos. São contingências que todos os clubes têm a este nível competitivo. O nosso plantel é formado por atletas que foram ainda escolhas do Bruno Madeira, porque estava tudo encaminhado para ele se manter à frente da equipa mas, por questões profissionais, não pôde continuar. O clube tentou outra solução, não conseguiu, e acabaram por me convidar para orientar a equipa. Falei com os atletas, porque uma coisa é ser adjunto, outra é ser o treinador principal, pedi-lhes que passassem a ver-me de outra forma e aceitei a responsabilidade.

 

Sem adeptos, sem público no Campo de Jogos ‘Terra de Pão’, não se sente emoção à volta das quatro linhas…

Claro, essa é uma falta que sentimos muito, porque, nos últimos dois anos, foi criado um elo muito forte entre os adeptos, o clube, os jogadores e a própria comunidade. Criámos o sentimento de que todos juntos seriamos mais fortes. O nosso público ajudava e revia-se muito na equipa e, sobretudo nos jogos em casa, sentíamos essa motivação, mas assim é triste. Tal como jogar nos campos dos adversários, sem público, torna-se igualmente triste, porque o Salvadense, para aonde ia, levava sempre muita gente atrás, em muitos casos levávamos até mais público do que a equipa da casa. E agora estamos nesta triste situação.

 

O Salvadense é hoje um clube estável e organizado. Já se sonha com um piso relvado sintético no campo de jogos?

Não falta nada aos nossos jogadores, claro, tudo com muito sacrifício da parte da direção, que tenta cumprir com tudo aquilo que são as necessidades dos jogadores. Somos um clube pequeno, mas que gosta de honrar as suas responsabilidades. A questão do campo sintético, não me dizendo propriamente respeito, sempre direi que é um sonho que está muito difícil de se tornar realidade… infelizmente, apesar dos anos em que já existe futebol federado nesta terra. Quero até dizer que só não temos futebol infantil porque o campo não reúne condições para isso. O povo da nossa terra já merecia isso, até as pessoas de fora acham que é uma injustiça.

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