O Grupo Desportivo de Santa Luzia vai estrear-se, na próxima época desportiva, no Campeonato Distrital da II Divisão da Associação de Futebol de Beja. Carlos Esteves será o treinador da equipa, com o histórico António Sabino, “Tonico”, a liderar o eixo da defensiva.
Texto Firmino Paixão
O Grupo Desportivo de Santa Luzia, no concelho de Ourique, fundado há 32 anos, tem um passado desportivo eminentemente conotado com as competições da Fundação Inatel. Contudo, na próxima temporada desportiva, seja de que forma ela possa ocorrer, o clube abraçou um projeto mais ambicioso, filiando-se na Associação de Futebol de Beja (AFB) para disputar o Campeonato Distrital da II Divisão.
A presidente do clube, Helena Palma Dias, revelou ao “Diário do Alentejo” que esta estreia do clube, e dela própria como dirigente, em competições federadas “é uma aventura, digamos assim, mas uma aventura com os pés bem assentes na terra. Pode ser um sonho, muito mais para os jogadores do que para mim, mas era um sonho que eles alimentavam e, dessa maneira, porque não haveríamos de seguir em frente e caminharmos todos no mesmo sentido… acho que, se Deus quiser, vai correr muito bem”.
A dirigente lembra o passado do clube: “Estávamos a competir nas provas do Inatel mas, no ano passado, decidimos fazer uma paragem para vermos como é que as coisas corriam e, entretanto, este ano surgiu esta oportunidade, achámos que deveríamos agarrá-la com as duas mãos e é isso que estamos a fazer”.
A direção está determinada e confiante no sucesso deste novo desafio, assume a dirigente. “Estamos preparados, temos um grupo de dirigentes muito coeso, estamos sempre em sintonia uns com os outros, vamos trabalhar para que as coisas nos corram sempre bem. Temos que ter confiança mas a única coisa que, neste momento, me faz sentir algum receio é a pandemia”.
Quanto aos apoios, para já, contam com a ajuda do município de Ourique e com a União de Freguesias de Garvão e Santa Luzia mas, fundamentalmente, revela Helena Dias, “temo-nos a nós próprios, um grupo que está perfeitamente disposto a trabalhar em prol do clube e vamos à luta. Estamos muito confiantes, nem podia ser de outra forma, caso contrário não estaríamos cá, nem tínhamos enveredado por este caminho”.
Com uma sede social espaçosa e atrativa, geradora de receitas próprias, e o campo de futebol já vistoriado pela comissão técnica da AFB, resta sentir o apoio da comunidade local. A presidente diz-se apreensiva: “Sou sincera, não vou dizer que foi com o mesmo entusiasmo com que aceitaram o Inatel, porque ouvem sempre dizer que as coisas são diferentes, mas com o tempo nós vamos trabalhar e mostrar às pessoas que, de facto, não será assim tão diferente e que nós estamos cá para lhes proporcionar o futebol de que tanto gostam”.
O inspirador deste projeto desportivo foi o dirigente Leandro Oliveira, a quem perguntámos que ideia foi essa de levar o Santa Luzia para as competições federadas. “A decisão surgiu na sequência de conversas com os membros da AFB, principalmente com o Vítor Rodrigues, que é o coordenador técnico, que nos facultou toda a informação sobre despesas e outra documentação. Falámos também com o presidente do município de Ourique e chegámos à conclusão que a nossa participação seria viável, sem colocarmos em causa a estabilidade financeira do clube”, assumiu Leandro Oliveira.
O que terá, então, pesado mais na decisão final? O estímulo do coordenador da AFB ou a vontade dos dirigentes do clube? Leandro Oliveira não tem dúvidas: “O desejo da associação é ter o maior número de equipas a competir, mas o apoio do coordenador coincidiu com a nossa vontade de experimentarmos uma realidade diferente, algo que o nosso grupo desportivo em 32 anos nunca viveu. Acreditamos que será, também, uma boa novidade para a nossa população”.
O objetivo, revela o dirigente, é uma participação com a mesma dignidade com que o clube tem participado nas provas do Inatel. O treinador está anunciado, será Carlos Esteves que, há dois anos, esteve no Ourique, e o plantel será maioritariamente formado por atletas da região de Santa Luzia. “Queremos que se junte aqui um grupo com laços fortes de amizade e que todos se sintam em casa”, comentou o diretor desportivo. Entre eles, estará António Sabino, o “Tonico”, 45 anos, com uma carreira construída principalmente em escalões nacionais, maioritariamente ao serviço do Ourique e do Aljustrelense.
Ele próprio assume que “ainda” irá jogar esta época: “Tentarei ajudar os mais novos com a experiência que tenho, vamos ver no que vai isto dar”. Visivelmente orgulhoso, até porque, como disse, “nunca tivemos o nosso clube a este nível, recebi essa notícia com bastante agrado, fui dos primeiros a incentivar para que fossem em frente com este projeto. Sempre senti muito orgulho em jogar pela minha terra… sinto-me bem, apesar da veterania, aliás, isso ainda me dá mais força para ajudar os mais jovens, se não me sentisse capaz, seria o primeiro a dizer”.
Quanto ao projeto, recorda que será o primeiro ano na AFB. “Vamos com algumas cautelas, mas quem sabe se não chegaremos, um dia, à primeira divisão distrital. Nunca se sabe, vamos começar por baixo, com um grupinho forte e unido e lá dentro das quatro linhas, veremos”, promete.