Diário do Alentejo

PAN: "Continuaremos a trabalhar pelo fim das touradas"

06 de setembro 2019 - 11:35

Candidata a deputada pelo Baixo Alentejo, a única região do País onde a tradição se impôs à lei e a morte dos touros na arena improvisada na praça de Barrancos passou a ser autorizada, Inês Campos, do PAN, faz desta questão uma bandeira. "Continuaremos a trabalhar, sem descanso, em prol do fim das touradas e de qualquer tipo de espetáculo de tauromaquia, em Portugal".

 

Texto Luís Godinho

 

Na sua primeira incursão pela política, Inês Campos diz que o Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza (PAN) veio "mudar as regras do jogo", representando um "novo paradigma político, que reconhece que para se resolverem problemas complexos é preciso (pôr em prática) soluções integradas, nas quais todos os setores da sociedade têm um papel crucial a desempenhar". Em nome desse "projeto futuro em conjunto", considera Beja como sendo uma "pérola no País e no Mundo", território ao qual a ligam projetos de investigação na área das alterações climáticas, a sua área de trabalho.

 

"É um território que enfrenta grandes desafios, sociais, económicos e ecológicos, e uma rápida mudança que pode ser negativa ou positiva, dependo das escolhas políticas", sublinha a candidata, acrescentando que o PAN "pode fazer a diferença" ao defender a passagem de "uma política de exploração, que está a arrasar com as comunidades e as terras do Alentejo, para uma política de bem-estar que vem revigorar as comunidades locais, regenerar o território e a vida económica da região".

 

Por isso propõe um "roteiro para a regeneração" do distrito. "É preciso mudar o modelo de produção e sobre exploração dos recursos. É fundamental reverter a tendência de expansão da agricultura intensiva, como é o caso dos amendoais e dos olivais intensivos, e da plastificação da Costa Vicentina". Ao invés, defende a aposta na agricultura biológica através da adoção de novas técnicas que assegurem uma "gestão eficiente dos recursos hídricos e travem a ameaça de escassez de água".

 

"A gestão do território tem de passar igualmente pela dinamização das comunidades, dos produtores e dos mercados locais. É crucial acabar com o isolamento e incentivar o repovoamento do Alentejo profundo. Isso faz-se com uma gestão do território que reabilite economicamente as terras do distrito; que permita a mobilidade, reforçando e modernizando a linha férrea", acrescenta.

 

Segundo Inês Campos, o PAN defende o aproveitamento do aeroporto de Beja, projeto que permitiria "voltar a colocar pessoas nas ruas de Beja, renovar a economia local e, por outro lado, evitar impactos ambientais muito gravosos" associados à construção de um novo aeroporto no Montijo, complementar ao de Lisboa. "O uso do aeroporto de Beja implica a necessidade de melhorar os acessos ferroviários e rodoviários, em particular finalizar as obras no IP8 e na A26".

 

O combate às alterações climáticas é outra das prioridades, sobretudo numa região, como o Alentejo, que se encontra entre as "mais vulneráveis" da Europa. "Os principais impactos para região passam pelo aumento da temperatura média, redução da precipitação e aumento de ondas de calor e períodos de seca. Estes impactos têm consequências graves para a perda de solos, levando à desertificação, escassez de água e a perdas irreversíveis para a biodiversidade. No fundo, as alterações climáticas vêm agravar uma situação de degradação dos solos e escassez de água que já se faz sentir aqui (com causas que remontam às campanhas do trigo)", refere a candidata, de 45 anos, que foi coordenadora em Portugal da Campanha das Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio em 2010.

 

"Não podemos enfiar a cabeça na areia, é preciso agir. A boa notícia é que ainda é possível tornar a região mais adaptada e resiliente aos impactos que estão para vir e que já se fazem sentir, tais como a erosão dos solos em Mértola e a escassez de água. Outra boa notícia é que a adaptação às alterações climáticas pode trazer novas oportunidades para a economia local", acrescenta Inês Campos, segundo a qual “não se pode pretender reabilitar os solos do Alentejo e, em simultâneo, permitir as culturas intensivas e uma política de exploração económica e a agricultura industrial, que sistematicamente arrasa com os pequenos agricultores e promove o despovoamento”.

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