Tornar o Sporting Clube de Cuba apetecível para cativar os jovens da terra é um dos desígnios dos novos corpos sociais do clube liderados por Patrícia Parreira. Um executivo que tem 11 mulheres entre os 20 elementos dos órgãos sociais, muito comprometidos em reerguer o clube.
Texto Firmino Paixão
“Consideramos que o futebol já não é só de homens e também se faz muito daquilo que é a organização, o planeamento e o trabalho das mulheres, que são essenciais no seio de qualquer instituição, seja ela um clube desportivo ou não”, afirmou a nova presidente do Sporting de Cuba em entrevista ao “Diário do Alentejo”, reforçando a ideia de que “todos os órgãos sociais deste clube são encabeçados por mulheres e essa é uma premissa importante para nós”. Recuperar a identidade e a tradição do clube, fortalecer o futebol de formação e dinamizar a sede social são algumas das ideias em que assentam os três pilares sobre os quais incidirão os compromissos do executivo: o pilar financeiro, o coração e a comunidade.
Que motivação teve para se candidatar à presidência do Sporting Clube de Cuba?Nós assumimos esta responsabilidade, pela paixão, e também pelo compromisso que sentimos com este clube. Somos um conjunto de pessoas da terra, cujos filhos iniciaram aqui o seu percurso enquanto atletas, e a verdade é que aquilo que nos fez juntar, e abraçar este projeto, foi, sobretudo, sentirmos que o Sporting Clube de Cuba estava num momento muito difícil e muito débil em relação àquilo que é o historial deste clube. Queríamos trazer os nossos miúdos para jogarem em Cuba novamente, queríamos que todos os jovens tivessem oportunidade de jogar neste clube e de conhecer a sua história, e foi isso que nos fez juntar, com um forte sentido de responsabilidade, mas, acima de tudo, de amor a este clube e a estas gentes.
Como encontrou o Sporting Clube de Cuba?
Encontrámos um clube financeiramente muito desgastado, com muitas dificuldades financeiras e com infraestruturas a precisarem de manutenção. Encontrámos um clube que, na época passada, não teve praticamente escalões de formação e, por isso, sabíamos que teríamos aqui muito trabalho pela frente, mas isso não nos deteve, só nos deu mais força para arregaçarmos as mangas, no sentido de que temos que fazer, temos de trabalhar e vamos conseguir levantar o Sporting Clube de Cuba para as glórias de outros tempos.
Que projetos têm em mente para que isso seja exequível?
Acima de tudo, o nosso projeto assenta em três pilares essenciais. O primeiro será a recuperação financeira, que é importante, investindo em parcerias, em protocolos, contactando várias empresas, não só do distrito mas outras com relevo ao nível nacional, é nisso que estamos a trabalhar já com algumas reuniões. A recuperação financeira é, de facto, um pilar importante. Depois, obviamente, o pilar essencial, que é o pilar do coração, que é trazermos os jovens e a formação novamente para o clube. Um pilar que estamos a construir nesta época com todos os escalões de formação, desde petizes a juniores. Queremos iniciar a época com todos os escalões de formação e, para isso, tivemos, obviamente, de trabalhar para voltar a trazer os jovens a Cuba mas, acima de tudo, criar aqui equipas técnicas que tenham sentido de missão e que saibam o que é vestir a camisola do Sporting de Cuba. Essa foi uma das nossas apostas para trazermos todos esses jovens. E depois, claro, o terceiro pilar, que é voltar a trazer a comunidade para junto do nosso clube, trazer a comunidade para a nossa sede, para as bancadas do campo de futebol, participando ativamente no clube, porque este é um clube de todos. Não é um clube desta direção, mas é um clube de Cuba.
Outrora este clube foi bastante eclético. Planeiam dinamizar outras modalidades para além do futebol?
Estamos a conversar com as instituições que existem, algumas até já foram seções do Sporting, como é o caso do futsal. Neste momento, temos o andebol e o judo, já conversámos, também, com os responsáveis dessas modalidades, porque o intuito é dar-lhes força e trazê-las novamente para o seio do clube, porque eram já modalidades quase autónomas, sem contacto com a direção do clube, nem com o clube em si. O nosso trabalho inicial está a ser muito esse, perceber como funcionam e como é que podemos dar-lhe algum embalo, para que possam crescer na comunidade e percebermos, também, que outras modalidades podem fazer parte do projeto depois das que existem neste momento estarem estabilizadas.
O clube foi “premiado” com a manutenção na divisão principal depois de uma jornada pouco gloriosa que tinha resultado na sua despromoção?
Acolhemos essa decisão da Associação de Futebol de Beja com muito sentido de responsabilidade, acima de tudo, porque sabemos que não foi por mérito nosso que nos iremos manter na primeira divisão distrital. Não faremos disso uma festa, mas vamos trabalhar para que nos possamos orgulhar do trajeto que vamos fazer e, para isso, estamos a construir uma equipa sénior que tenha a identidade do clube, que permita que a nossa formação tenha como objetivo chegar a ser sénior no Sporting de Cuba, com uma equipa técnica que é da terra, que sabe o que é o clube e a sua tradição, a sua paixão e a sua garra. O nosso objetivo é, de facto, fazermos uma época consistente, competitiva, mas sem loucuras. Sem loucuras, mas com identidade.
A sede social terá de ser a segunda casa dos adeptos do clube…
Reabrimo-la para fazermos a primeira reunião da direção. É essencial que este seja um espaço da comunidade, e só sendo um espaço da nossa comunidade poderá ser também um espaço do Sporting Clube de Cuba. Abrimos para as pessoas verem os jogos do mundial de clube e fizemos um arraial nos santos populares. Temos de criar condições para que os jovens venham para aqui, que os idosos venham relembrar as glórias do clube, mas queremos que seja um espaço da comunidade. Precisamos de revitalizar o edifício, que é espaçoso, mas tem algumas deficiências ao nível de portas e janelas. Estamos a trabalhar com algumas empresas que já se ofereceram para nos ajudar e criámos aqui algo interessante, que é o apadrinhamento das janelas. Quem quiser adquirir uma janela será colocada uma placa com o nome do padrinho ou padrinhos.