Diário do Alentejo

Clube de Futebol Vasco da Gama regressará a casa antes do início do campeonato

25 de julho 2025 - 08:00
A ambição é elevada ...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Vasco da Gama, de Vidigueira, já voltou ao trabalho para preparar a próxima temporada no Campeonato de Portugal. Compromisso, ambição e trabalho são os pressupostos com que a equipa se apresentará, na tarde de amanhã, aos sócios e adeptos, frente ao Grupo Desportivo de Lagoa.

 

Texto Firmino Paixão

 

A substituição do piso sintético do Estádio Municipal de Vidigueira obrigou a turma vidigueirense a trabalhar duas semanas na vizinha vila de Portel. “A renovação do piso sintético era uma necessidade e um desejo, tanto da parte do município, como da nossa parte. Surgiu agora a oportunidade de o fazer e só temos que estar gratos, mas, não há nada como estarmos na nossa casinha”, comentou Júlio Azevedo, presidente da direção do Clube de Futebol Vasco da Gama. Quanto à qualidade do plantel, à continuidade da equipa técnica e às exigências dos próximos compromissos, tem a palavra o líder do clube.

 

Quais são as metas propostas para a próxima época desportiva?

Os treinadores e as equipas técnicas têm sempre ambições bastante elevadas. Nem poderia ser ao contrário. Quando contratamos um jogador não lhe podemos dizer que é para a tentativa de não descer ou sequer da manutenção. O que está inerente a mim, e à nossa direção, é esse o nosso pensamento, é, pelo menos, repetirmos aquilo que foi feito há dois anos, senão, fazermos melhor. Se conseguirmos ficar num lugar mais à frente do que conseguimos naquela época, que foi logo acima da linha de água, será sempre uma conquista, porque se o clube começar a criar rotinas de se manter nos campeonatos nacionais as motivações serão outras, mesmo para os próprios atletas, ainda que os recursos sejam poucos, sejam financeiros, sejam outros, porque esta é uma terra pequena e existe uma dificuldade enorme na captação de jogadores de formação local. Temos de ir sempre buscar matéria-prima de fora.

 

A continuidade do mister Ricardo Vargas e da sua equipa técnica foi uma decisão óbvia?

Nós conhecemos a qualidade da equipa técnica, principalmente, do Ricardo, treinador que já tem recebido vários convites. É um treinador com procura, mas que decidiu continuar connosco. Continuará aqui o seu processo de evolução, tendo resultados, melhor será ainda, porque o Ricardo é uma pessoa muito séria, que só quer é mostrar trabalho. Conhece a maior parte dos atletas, muitos deles que treinou na formação e o trabalho assim será mais fácil. Portanto, a equipa técnica é a mesma, a base da equipa também, temos praticamente 10 jogadores do ano passado, isso dá-nos garantias, pelo menos, de manutenção do espírito de grupo e de aceitação e acolhimento dos outros que chegarem de novo, é mesmo assim. Acho que uma das forças que temos no plantel é essa mesma, a malta que vai ficando connosco e tem criado essa mística. Penso que estamos em condições de fazer uma época tranquila.

 

O plantel manteve a maioria dos atletas da época passada, mas houve saídas e, por isso, a necessidade de ir ao mercado. Houve capacidade de satisfazer eventuais pedidos da equipa técnica?

Sim. Nós temos uma forma de trabalhar, se calhar, semelhante a outros clubes, mas falamos por nós. A equipa diretiva elabora um orçamento e depois damos a gestão à equipa técnica e ao diretor desportivo que faz essa ligação entre as duas partes. Eles identificam as necessidades do plantel, pesquisam e avaliam o que existe no mercado e, dentro do orçamento disponível, vão trabalhando. Nós não contratamos, não falamos com empresários, estamos tranquilos nessa parte, a menos que existam derrapagens.

 

O Vasco da Gama tem mostrado uma equipa diretiva muito determinada e uma massa associativa com uma boa interação com o clube…

Uma das coisas que, nos últimos tempos, temos procurado incentivar é que as pessoas criem de novo um grande gosto pelo clube, que estejam próximo dele. No passado, os sócios talvez tenham andado um pouco afastados, nunca houve um divórcio, apenas algum afastamento, um pouco porque os resultados não apareciam ou porque não existia formação. As coisas eram um bocadinho sempre mais difíceis. Tivemos também aquele período de atividade no andebol. Felizmente, voltou outra vez a acender essa mística, mas, na verdade, nunca perdemos os nossos sócios. Agora temos a envolvência de muitos adeptos, ainda que não sejam associados do clube, e mesmo aqueles que estão fora têm-lhes sido grato que o Vasco da Gama esteja neste Campeonato de Portugal. Temos amigos e sócios residentes em Lisboa e no Algarve que podem ir ver os nossos jogos, e até os nossos jovens que estão a estudar fora também acabam por acompanhar a equipa, o que é sempre uma mais-valia para os jogos que fazemos fora de casa, porque as deslocações são grandes e nem sempre é possível, nem fácil, que os adeptos locais acompanhem a equipa.

 

Os clubes do interior têm mais dificuldade em gerar recursos. O Vasco da Gama tem encontrado soluções para confortar o seu orçamento?

Isso passa muito por aquilo que acabámos de descrever. Passa, essencialmente, por criarmos essa interação dos associados com o próprio clube. E os próprios adeptos criarem a famosa loja do adepto, do patrocinador, e de as empresas que aqui estão à nossa volta começarem a ver que nós também fazemos algum trabalho que dá frutos e que, muitas vezes, também valoriza um pouco a imagem. Não quero dizer que as grandes empresas que se associem ao Vasco da Gama se tornarão ainda maiores mas, pelo menos, existe a questão da responsabilidade social, que lhes pode ser grata, porque o dinheiro tem de ser gasto em alguma coisa quando têm lucros. Tentamos captá-los através do mecenato, porque também estamos a tratar da questão do estatuto de utilidade pública para o clube. Está quase aí, esperamos consegui-lo em breve. Quando existem eleições e alterações na orgânica das instituições é sempre mais demorada a renovação e obtenção de certos documentos. Se o conseguirmos, talvez seja mais fácil a abordagem a certo tipo de empresas. Mas não nos podemos queixar, porque temos o comércio local e as entidades institucionais do concelho que nos têm ajudado dentro daquilo que tem sido possível.

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