Diário do Alentejo

Deputados do Chega e do PSD por Beja na corrida às câmaras de Albufeira e Ourique

25 de julho 2025 - 08:00
Rui Cristina e Gonçalo Valente foram eleitos nas Legislativas de 18 de maio

As eleições autárquicas estão à porta e as últimas candidaturas vão sendo anunciadas. Entre elas, recentemente, a dos deputados eleitos por Beja, Gonçalo Valente (PSD) e Rui Cristina (Chega), respetivamente, às câmaras municipais de Ourique e Albufeira. O que farão se vencerem? E se não vencerem?

 

Texto Aníbal FernandesFoto Ricardo Zambujo/Arquivo

 

Na semana que antecedeu as eleições legislativas realizadas a 18 de maio, o “Diário do Alentejo”, numa edição especial, entrevistou os agora candidatos autárquicos e perguntou-lhes, explicitamente, se seriam, ou não, no futuro, candidatos à presidência de alguma autarquia.

Rui Cristina foi perentório: “[O lugar de deputado] é para cumprir. É isso mesmo, nem mais, nem menos”. Afinal, o deputado do Chega confessa agora que irá “regressar a “casa” se for eleito. No entanto, acha que a tarefa não é fácil: “Estamos a falar de uma câmara onde não há interrupção do mandato [do presidente atual], portanto, é muito difícil ganhar. O que mais importa, neste momento, é continuar a exercer o meu trabalho como deputado e, prova disso, é que acabei de fazer uma pergunta à ministra da Saúde sobre o encerramento das 16 vagas da Unidade de Longa Duração da Unidade de Cuidados Continuados Integrados de Odemira”, diz, prometendo “continuar a fazer o trabalho, acerrimamente, sempre pelo Alentejo”.

Quanto às razões que o levaram a mudar de opinião em relação a uma candidatura autárquicas, Rui Cristina explica: “Foi um desafio lançado pelo presidente do partido, André Ventura, um desafio que não foi fácil aceitar, tive alguma dificuldade, algum tempo de reflexão, mas decidi fazê-lo, nunca esquecendo quem me elegeu, que, neste caso, é o distrito de Beja”. E acrescenta: “Nesse sentido, nesta semana iremos ter mais uma iniciativa parlamentar sobre os furtos que os agricultores de Ferreira do Alentejo estão a sofrer neste momento. Em primeiro lugar está o meu trabalho como deputado”.

Quanto à possibilidade de acumular [caso não vença] o cargo de deputado e de vereador em part-time, o eleito do Chega por Beja lembra que “neste momento” é vereador na Câmara de Loulé. “Estamos a falar de um cargo não remunerado, não representativo, e isto faz mais quem quer do que quem pode, e terei tempo, com certeza, para continuar a fazer o trabalho que sempre fiz. Enquanto vereador na Câmara de Loulé, nunca prejudicou o meu trabalho enquanto deputado pelo distrito de Évora, nem de Beja”, conclui.

 

“Extemporâneo”

 

Na ocasião, Gonçalo Valente, colocado perante a mesma questão, foi menos afirmativo, considerando a pergunta “completamente extemporânea”. E justificava a sua posição com o facto de estarmos “num momento político muito exigente, em que os partidos devem apresentar as armas que consideram melhores para ganhar estas eleições, extremamente importantes para o presente e futuro do País, ganhando a oportunidade de servir melhor as pessoas. Neste momento, o trabalho que quero desenvolver é em função da minha região, exercendo a minha condição de deputado junto do Governo para continuar o que tem vindo a ser desenvolvido, de forma a repor Beja no mapa de Portugal”.

No entanto, a 16 de junho, a candidatura à presidência da Câmara de Ourique foi mesmo apresentada e contou com a presença do líder parlamentar e secretário-geral do PSD, Hugo Soares, e do deputado do CDS-PP, João Almeida.

Ao “Diário do Alentejo”, nesta semana, Gonçalo Valente disse que quando se propôs ser candidato às Legislativas perguntaram-lhe várias vezes se iria também concorrer à Câmara de Ourique: “Eu nunca me comprometi com isso, nunca disse se ia, ou não ia, porque acho que cada eleição é uma eleição e temos que nos focar em cada uma delas”.

Acontece que o atual deputado do PSD encontrou “vários tipos de razões” para se recandidatar à autarquia da sua terra, nomeadamente, “razões pessoais que se levantaram nos últimos tempos e em que percebi que era importante estar mais perto dos meus”.

“Quando me candidatei [às Legislativas] a um mandato de quatro anos tinha o objetivo de ajudar a desenvolver um conjunto de obras e iniciativas há muito reivindicadas para o distrito. E acontece que, neste curto espaço de tempo – cerca de um ano – ajudei a que aquilo que estava perspetivado para os quatro anos fosse desbloqueado, nomeadamente, a segunda fase do hospital de Beja, em que já foi constituído o júri para o concurso público para o projeto de arquitetura, que dento de dias, ou semanas, será aberto; conseguimos também o compromisso do Governo para aprovar a A26 até Beja em sede de Conselho de Ministros; conseguimos ainda o segundo maior orçamento do País para reabilitação de rodovias, nomeadamente, em breve, a ER 267 entre Almodôvar e Mértola; e já saiu em ‘Diário do República’ a requalificação da estrada que liga Mértola a Serpa (265). Ou seja, neste curto espaço de tempo conseguimos concretizar muito do que vinha a ser reivindicado, o que me deixa de consciência tranquila”, explica. Por outro lado, diz, “a situação em Ourique, que é de um imobilismo e inação gritante, fez com que não pudesse virar as costas a um certo chamamento tanto do partido, como do concelho. Juntando estas coisas todas acho que era minha obrigação prescindir da condição que tenho, para muitos a mais desejada”.

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