Diário do Alentejo

Shave Futebol Clube tem um pé na fase regional do Torneio Clube Escolhas

19 de abril 2025 - 08:00
“Com alma e coração”

O Pavilhão Municipal de Desportos João Serra Magalhães, na cidade de Beja, acolheu a primeira jornada da sexta edição do Torneio Clube Escolhas, competição de futsal promovida pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, inserida no “Programa Escolhas E9G”. Um espaço de inclusão, integração social e desenvolvimento de competências.

 

Texto e Fotos Firmino Paixão

 

O Shave Futebol Clube ficou muito perto de garantir a presença na fase regional do Torneio Clube Escolhas, depois de vencer os dois jogos que disputou na fase local com as formações do Monte Dentro (3-1) e Akredita + (5-1). A fase local, cuja primeira jornada teve lugar em Beja, reuniu equipas de cinco projetos do Algarve e do Alentejo, nomeadamente, o Clube Mud@ki (Almancil), o Clube Akredita + (Quarteira), o Monte Dentro FC de Montemor-o-Novo, o Projecto ST Futsal Clube (São Teotónio/ /Odemira) e o Shave Futebol Clube (Beja). A segunda jornada teve lugar no dia de ontem no Algarve (já depois do fecho da presente edição), momento em que os bejenses, dirigidos por Saiming Fonta, defrontaram as equipas de Almancil e de São Teotónio, podendo ter já garantido o acesso à fase regional (passam duas equipas) e, num segundo momento, à fase nacional (qualifica-se, apenas, uma equipa).

Deolinda Zacarias, coordenadora do “Projecto Shave Escolhas”, cuja entidade promotora é o Centro Social, Cultural e Recreativo do Bairro da Esperança, revelou ao “Diário do Alentejo”: “Neste momento o projeto tem três atividades a decorrer, entre o bairro da Esperança, o bairro das Pedreiras, a freguesia de Salvada e a Escola de Santa Maria. Todo um conjunto de atividades que trabalhamos diariamente, sempre com o mesmo objetivo, que é a questão da integração e da inclusão social destas comunidades”. O desporto, nomeadamente, o futsal, admitiu Deolinda Zacarias. “É naturalmente das atividades mais participadas, porque, para além do Clube Escolhas, que tem esta parte competitiva, também tem uma forte componente social, pois temos de corresponder a um conjunto de desafios que nos são propostos pela organização, e esse conjunto de desafios tem, entre outras coisas, não só a preparação do torneio na área digital e comunitária, porque também temos de fazer ações comunitárias, neste caso, assinar contratos, uma vez que os nossos participantes – jogadores, jogadoras, membros da direção do clube e até membros da claque – têm de se comprometer a cumprir as questões a que se propõem, relativamente à sua frequência escolar, ao seu comportamento e à sua avaliação. Um conjunto de situações que fazem com que o projeto consiga sair lá para fora, não só pela visibilidade que tem a nível desportivo, mas, ao mesmo tempo, pelo trabalho que é feito a nível académico e social”. A coordenadora do projeto admitiu, contudo: “Não é fácil, até pela sensibilidade das comunidades com quem trabalhamos, mas, ‘devagar se vai ao longe’”.

Quanto aos resultados, considerou: “Estão ainda aquém daquilo que é esperado, mas já nos satisfazem bastante. Estamos há quatro anos no terreno, com um trabalho contínuo e exigente, a que todos nos temos dedicado com alma e coração, e os jovens percebem que nós damos tudo por eles. Mas gostamos que eles nos retribuam, não só com a sua participação nas atividades, mas também com o reconhecimento de tudo aquilo que, através do projeto, têm alcançado a nível pessoal”.

Ora, tendo o “Programa Escolhas”, um desígnio nacional, as especificidades são necessariamente comuns, variando, porventura, os meios e o universo alvo. Maria Helena Chora, coordenadora do projeto montemorense “Monte Dentro”, também revelou ao “Diário do Alentejo” o que cabe dentro desse monte. “O nosso projeto tem como entidade promotora, e de gestão, a Associação de Desenvolvimento Local Terras Dentro e tem como objetivo promover a inclusão social de crianças, jovens e famílias que estão em situação de vulnerabilidade ou de risco, desenvolvendo competências sociais, competências artísticas, competências cognitivas escolares, digitais e participação cívica, no sentido de integrar e valorizar plenamente os jovens”.

No universo do “Monte Dentro”, acrescentou, têm “jovens de várias nacionalidades, nomeadamente, do Bangladesh, do Brasil, de países africanos e, naturalmente, portugueses. Trabalhamos com a comunidade cigana noutras ações, portanto, temos um público muito heterogéneo”. A avaliação, afirmou, é positiva: “Os resultados são verificados semestralmente. Queremos que saiam do nosso projeto mais capacitados e que tenham mais diversidade de escolhas”

O “Projeto ST”, desenvolvido no litoral alentejano, está no terreno desde 2013 e percorre já a sua nona geração. Daniela Águas, a coordenadora, recordou: “O projeto começou com comunidades maioritariamente da Bulgária e da Ucrânia e depois foi-se transformando nos últimos anos, mas é um projeto, sobretudo, para imigrantes. Temos cerca de 400 participantes anuais, crianças, jovens e familiares”. Num simples olhar sobre os jovens que formam a equipa percebe-se a diversidade de origens, mas a coordenadora também revelou: “Temos jovens de várias nacionalidades, sobretudo, do Nepal, da Índia, Bangladesh, Paquistão, Afeganistão, mas também Bulgária e Moldávia. Um universo multicultural, e as atividades que promovemos passam muito também por esse facto da multiculturalidade, mas é preciso existir bastante criatividade e, sobretudo, manter aqui um equilíbrio com a comunidade local”, assegurou. Enfim, integrar, capacitar e incluir, outras das virtudes do desporto.

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