Diário do Alentejo

Uma questão de compromisso

26 de janeiro 2025 - 08:00
Hugo Estanque revela dificuldades com que Zona Azul se debate no Campeonato Nacional de Andebol da 3.ª DivisãoFoto| Firmino Paixão

A Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, de Beja, tem a sua equipa de seniores masculinos a competir na terceira divisão nacional de andebol. Oito jogos, duas vitórias e seis derrotas, é um balanço um pouco modesto e nada condicente com o palmarés e pergaminhos deste clube.

 

Texto e Fotos | Firmino Paixão

 

A última das derrotas foi sofrida no seu recinto, frente ao Ginásio de Tavira. Os bejenses andaram quase sempre na frente do marcador mas, nos momentos finais da partida, nos lances decisivos, com uma certa falta de clarividência na finalização, deixaram os algarvios adiantarem-se no marcador e vencer o confronto.

Hugo Estanque, o treinador da equipa, admitiu: “Este tem sido um bocadinho o reflexo da nossa época. Temos conseguido disputar praticamente todos os jogos, com todas as equipas, e chegamos aos momentos decisivos do jogo e falhamos”. Mas o técnico revelou também: “A época não tem sido fácil, logo desde o início. Começámos com muitas lesões, o que nos condicionou os treinos durante a semana e depois isso reflete-se, obviamente, na parte final dos jogos, onde a questão física também tem alguma importância”. Porém, o diagnóstico está feito: “Falta-nos a frescura que precisávamos para tomarmos melhores decisões e para sermos mais eficazes. Não a temos, falhamos as oportunidades que construímos e damos aos adversários a possibilidade de se adiantarem no marcador”.

 

Só conseguiram duas vitórias em oito jornadas. Um balanço que certamente não o satisfaz…Não! Se olharmos para a classificação do campeonato, naturalmente, não ficamos satisfeitos. Nós não tínhamos como objetivo claro a qualificação para a segunda fase da prova, mas, obviamente, esse teria de ser um dos objetivos da época, sabendo que, num grupo em que passam diretamente três equipas e poderá passar o quarto classificado, neste tipo de campeonatos, ir a uma segunda fase nos permite competir com outro tipo de equipas e permanecer num registo mais competitivo. Teremos sempre que ter essa ambição e esse foco. Mas, apesar destas condicionantes, temos sentido que conseguimos disputar todos os jogos, conseguimos ser competitivos. Mas, hoje, voltou a acontecer como nos outros jogos que perdemos: quebra física e mental dos atletas.

 

Não tendo claramente um objetivo para a época, que meta é que perseguiam?O objetivo de irmos à segunda fase estava lá. As equipas que vão à segunda fase irão disputar a subida de divisão e isso, sim, não é o nosso objetivo principal, não era uma meta que estivesse definida. Conhecemos as equipas que estão connosco a disputar o campeonato e sabíamos que ele iria ser competitivo, mas não estamos, obviamente, a participar neste campeonato apenas pela participação. Nem eu estaria à frente desta equipa se fosse nesse registo. Agora, tendo em conta tantas condicionantes, temos a noção de que fica mais difícil conseguir esse objetivo. Mas, depois, olhamos para os jogos e damo-nos conta de que conseguimos disputá-los todos. Ficamos sempre com a sensação de que perdemos, mas podíamos ter ganho.

 

Uma qualificação para a segunda fase dar-vos-ia mais jogos com equipas mais competitivas, mas a subida de divisão nunca esteve sobre a mesa? Isso não vos limita a ambição?Nós temos, acima de tudo, que ser realistas. No clube nunca ninguém nos disse que nós não podíamos atingir uma segunda divisão. Isso seria sempre resultado daquilo que fosse o nosso desempenho desportivo. Agora, sendo realistas, temos de olhar para a equipa que temos e para as condições que possuímos. Treinamos duas vezes por semana, o que é pouco, ou quase nada, e nem todos os atletas treinam todas as semanas. Temos de mudar muita coisa para termos essa ambição e essa vontade mais clara de ambicionarmos objetivos mais elevados.

 

Mais assiduidade aos treinos?Temos de treinar mais, temos de ter mais compromisso com o treino e com a equipa, porque depois surgem estes sentimentos e esta frustração por não conseguirmos ganhar jogos. Sentimos que equilibramos os jogos, mas os adversários treinam mais e melhor, terão um bocadinho mais de compromisso e isso é, em boa medida, o reflexo da nossa época. Só conseguiremos fixar objetivos mais ambiciosos quando conseguirmos fazer com que o nosso grupo funcione com um pouco mais de ambição. E não basta só dizer que queremos, temos de o mostrar. E esse é o trabalho que estamos a tentar fazer com esta equipa de miúdos. E digo miúdos porque temos apenas um atleta acima dos 30 anos. Estamos a tentar reforçar esse compromisso, essa entrega, que essa forma de trabalhar seja interiorizada, para conseguirmos ser melhores. Não tem sido fácil…, mas essa é a mensagem. Tudo aquilo que de bom o clube conseguiu nos últimos anos não foi obra do acaso. Foi com trabalho, com compromisso. É isso que estamos a tentar incutir nestes jovens, para acabamos com a frustração das derrotas nos últimos momentos de jogo.

 

Falta-vos uma vitória que eleve os índices motivacionais. Algo que neste fim de semana poderá acontecer quando receberem o Liberdade?A nossa prioridade passa, realmente, por vencer jogos para ganharmos mais ânimo, mais oxigénio, digamos assim, para melhorarmos o nosso desempenho. Neste momento, a classificação já é um fator secundário, não estamos em condições de olharmos para isso, o objetivo será sempre o próximo jogo, neste caso com o Liberdade, em casa, um jogo que queremos vencer. Mas todos temos de dar mais um bocadinho de nós, porque a qualidade está lá.

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