A coberto da noite, um número incontável de desconhecidos vandalizou a Pista Municipal de Corridas de Galgos de Cuba, tida como a melhor do País, espalhando centenas de estilhaços de vidro e pregos de alguma dimensão pelo piso térreo onde os animais se preparavam para competir.
A Associação Galgueira de Cuba, que tinha marcado para aquele recinto uma corrida de galgos “speed star” e a disputa do Troféu José Manuel Lucas, uma homenagem póstuma a um cubense que sempre teve uma grande paixão pelos galgos, confrontou-se com a vandalização do recinto, um ato que Jorge São Brás, presidente da associação, considerou “um gesto vil e cobarde”, pedindo que as pessoas, se são contestatários da atividade, deem a cara. “Venham ver o que aqui se passa e quais são os maus-tratos que os animais sofrem. Tenham a coragem de vir aqui falar frontalmente connosco”.
Maus-tratos seriam, isso sim, se a organização não tivesse detetado atempadamente a vandalização da pista. Com que propósito? Para que os animais se ferissem? E são esses os amigos dos animais? Muitas perguntas deixadas no ar pelas muitas dezenas de galgueiros que vieram do Norte e do Centro do País, juntando-se aos cubenses, para desenvolverem uma atividade com enorme tradição naquela terra.
Ainda assim, Jorge São Brás fez notar: “A união faz a força, a família galgueira uniu-se e com o contributo de todos limpámos a pista e conseguimos ultrapassar esta adversidade. Tínhamos preparado a pista de uma forma espetacular, o piso estava macio para proporcionar o maior bem-estar aos animais. Não percebo o porquê de terem feito isto!”.
Simultaneamente disputou-se o Troféu José Manuel Lucas, homenagem póstuma a um homem que Jorge São Brás diz ter sido uma pessoa que dedicou toda uma vida a estes animais. “Era um galgueiro à antiga, uma pessoa apaixonada pelos galgos de lebres”. E explicou: “Antigamente não existiam estas pistas para os cães velocistas. Outrora, como foi o caso de José Manuel Lucas, as pessoas levavam os galgos para os campos à procura das lebres. Sentiam prazer em ver o galgo a correr atrás de uma lebre, e repare, esses galgos matavam a fome a muita gente. Havia pessoas que tinham galgos que, através da caça, matavam a fome aos filhos. Isso era real! Hoje não. O Alentejo está cheio de vedações, plantações de árvores e a lebre está praticamente extinta”, concluiu. Firmino Paixão