Diário do Alentejo

O Clube de Futebol União Serpense cessou a sua atividade desportiva

23 de setembro 2022 - 11:15
“Linces de Serpa” em extinção
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Clube de Futebol União Serpense Sport Clube, cuja equipa de futebol faltou em Castro Verde na jornada inaugural do Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja, terminou a sua atividade.

 

Texto Firmino Paixão

 

Fundado em 5 de julho de 2019, o Clube de Futebol União Serpense Sport Clube, também denominado “Os Linces de Serpa” desiste da sua participação no principal campeonato da Associação de Futebol de Beja, em virtude de só ter inscrito um jogador e o prazo de inscrição para atletas estrangeiros já ter encerrado.

 

O empresário Alfredo Mestre, presidente do clube, revelou ter descoberto que o diretor desportivo do clube, Djama Luiz Galhardi “pediu dinheiro aos jogadores para que fossem inscritos e acabou por fugir com o dinheiro (um montante estimado entre os quinze e os vinte mil euros) e deixou-nos com este problema. Uma situação que não conseguimos resolver a tempo de nos apresentarmos no primeiro jogo da época”.

 

Djalma Galhardi tem uma página na rede social Facebook em que se autointitula de “artista”. Tem também uma empresa de gestão desportiva, denominada “D&G Gestão Esportivo Galhardi10”e está incontactável desde que falou ao compromisso de inscrição dos atletas que, tal como o treinador Paulo Fernandes, permanecem na cidade de Serpa, à espera de soluções.

 

Alfredo Mestre, contou ao Diário do Alentejo que “estava tudo controlado e mais ou menos direcionado para que o processo corresse bem. Havia um investidor que, supostamente iria entrar no clube, começámos a mandar vir jogadores através do Djalma, para que se formasse a equipa o que aconteceu e sempre, ao longo desse tempo, com promessas de que haveria investimento, pois existiam pessoas interessadas em ficar com o clube e eu estava disposto a entregar o União Serpense a pessoas que levassem este projeto para a frente”.

 

O presidente do clube esteve em férias no mês de setembro, contudo, deixou todo o processo burocrático (fichas de inscrição) devidamente organizado. “Fiquei descansado porque acreditava nas pessoas. O Djalma era o diretor desportivo e, nessa qualidade, até esteve presente na Associação de Futebol de Beja no momento em que se realizaram os sorteios do campeonato. Mais adiante acabei por saber através dos serviços administrativos da Associação de Futebol de Beja que não havia jogadores inscritos. Só estava um jogador inscrito”.

 

Alfredo Mestre, desolado com a situação, confessou: “Sinto-me triste, desiludido, incapacitado e, sobretudo, impotente para resolver este problema, depois do trabalho que fiz desde 2019, fico com uma mágoa muito grande”.

 

Os jogadores permanecem numa residência no centro histórico da cidade alentejana, o treinador também, mas revela o ainda dirigente do clube: “O União Serpense já não irá continuar. O mister Paulo Fernandes tem uma ideia para formar uma academia, mas já não será comigo”.

 

Ainda assim, garante: “Vou fazer de tudo para que nada falte aos jogadores, enquanto aqui ficarem, Acabamos com isto, mas não sou desumano. Já apresentámos queixa na Guarda Nacional Republicana e no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, falámos com a nossa advogada, que nos aconselhou a alguma contenção e vamos tentar fazer a coisa da melhor forma”.

 

Sem contratos de trabalho, nem nacionalidade portuguesa, alguns dos atletas podem, presumivelmente, incorrer numa situação de permanência irregular no país. O União Serpense não se apresentará, neste domingo, para receber o Sporting de Cuba, tão pouco viajará, na jornada seguinte, para jogar no Penedo Gordo, e por aí adiante. À terceira falta de comparência será desclassificado e o Campeonato Distrital da 1.ª Divisão ficará, apenas, com 11 clubes.

 

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