O Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja tem cerca de sete dezenas de árbitros filiados, nas modalidades de futebol e de futsal. Com as competições paradas desde meados de março, os juízes estão focados na próxima época, mantendo atividade física individual e pedagógica.
Texto Firmino Paixão
Luís Cabral, presidente do Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja (AFBeja) revela que o organismo a que preside tomou medidas no sentido de os seus filiados prosseguirem uma atividade física individual e pedagógica à distância. O dirigente anuncia que existem reuniões com o Conselho Nacional de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) no sentido de se avaliar a possibilidade de os árbitros serem classificados, embora tivessem ficado por realizar algumas observações ao seu desempenho, bem como a eventualidade de existirem promoções aos quadros nacionais. Os próximos dias serão decisivos para conclusões sobre estas matérias, afirma Luís Cabral.
Como é que os árbitros e dirigentes do Conselho Regional de Arbitragem da AFBeja têm estado a viver este tempo de grave ameaça à saúde pública?
Assim que foi conhecido o perigo que o vírus SARS CoV-2, que provoca a covid-19 representava, o Conselho Regional de Arbitragem tomou de imediato medidas no sentido de evitar contacto entre árbitros e dirigentes, nomeadamente, promovendo a suspensão do centro de treinos e transmitindo recomendações no sentido de existir resguardo social.
Cada um tem adotado, individual- mente, as medidas de contingência aconselhadas pelas autoridades de saúde?
Sem dúvida. Apesar da atividade de arbitragem envolver bastante treino físico, foi aconselhado que as medidas recomendadas pela Direção-Geral da Saúde fossem adotadas por todos, privilegiando os treinos físicos individuais e tendo a maior contenção no relacionamento social.
O Conselho Regional de Arbitragem deu-lhes algumas indicações específicas para confinamento?
Não. As indicações que lhes transmitimos foram no sentido do resguardo, mantendo, tanto quanto possível, a forma física. No âmbito da academia de arbitragem, continuámos com o envio de atividades formativas.
Como foi recebida, no universo da arbitragem regional, a notícia da suspensão e/ou cancelamento de todas as provas distritais?
Era expectável que assim acontecesse, dada a precaução sempre evidenciada pela AFBeja no sentido da preservação da saúde, tanto pública como individual, de cada interveniente neste processo desportivo.
Sem os habituais prémios finan- ceiros, os árbitros sentiram um impacto negativo nos seus rendimentos habituais?
Nestes tempos difíceis todas as situações são impactantes mas, e com todo o mérito da AFBeja, no princípio do corrente mês foram liquidadas todas as expressões pecuniárias referentes ao mês de março, o que pode significar, também, uma boa ajuda nesse sentido.
Ficaram por realizar algumas provas/ testes, provavelmente muitas observações e avaliações, que seriam determinantes para as classificações da época?
A realização das provas físicas e teóricas foi inteiramente assegurada. Já em termos de observações, ficaram, de facto, algumas por realizar. As classificações, de acordo com as normas do Conselho Regional de Arbitragem da AFBeja, que incluem o regulamento de arbitragem e normas de classificação, seriam publicadas no fim da época desportiva. Com as devidas adaptações, face aos difíceis tempos vividos, que exigem tomadas de posição por vezes difíceis, poderia ser elaborada uma classificação final.
Que orientações existem nesse sentido? Não existirão promoções nem despromoções entre os respetivos quadros?
Já foi realizada uma reunião inicial, por videoconferência, por parte do Conselho Nacional de Arbitragem da FPF, com todos os presidentes dos conselhos regionais, para definir a estratégia a seguir nesse sentido, tanto nas classificações como nos quadros de árbitros e demais matérias.
Quais foram as conclusões?
Penso que da próxima reunião, a realizar brevemente, sairão decisões. Foi ainda anulado o Fórum da Arbitragem que estava marcado para os dias 18 e 19 de abril, e que seria um local, por excelência, para discussão e tomada de decisões. A minha posição é que não se deve desaproveitar completamente a época desportiva e que o mérito deve ser sempre recompensado, tanto a nível distrital como nacional.
Tão pouco subirão árbitros aos quadros nacionais?
Conforme já referi, essas são situações estão a ser avaliadas e serão discutidas numa próxima reunião. As decisões serão, posteriormente, anunciadas.
Os árbitros podem já focar-se na próxima época? O International Football Association Board fez alterações nas regras que terão de ser do seu conhecimento?
O Conselho Regional de Arbitragem da AFBeja tomou medidas no sentido de promover uma continuidade, tanto da atividade pedagógica, como da atividade física, pelo que todos deverão focar-se já na próxima época desportiva e retirarem desta situação, bastante complicada, conhecimentos que lhes permitam encarar o futuro com segurança. As alterações serão comunicadas no início da época pelo que, a nível oficial, ainda não temos qual- quer indicação a esse propósito.
Tem confiança num regresso rápido à normalidade?
Confiança não, mas esperança sim. Tenho muita esperança que isso possa acontecer e que, acima de tudo, saiamos todos mais fortes desta grave situação, global, que atravessamos.