Diário do Alentejo

IPBeja desenvolve investigação na Antártida

14 de fevereiro 2020 - 15:00

Luís Madeira é estudante de doutoramento na Universidade do Algarve (UAlg), com especialização em Ciências e Tecnologias do Ambiente, em parceria com o Instituto Politécnico de Beja (IPBeja). Mestre em Engenharia do Ambiente na UAlg é professor no IPBeja. Atualmente o seu interesse é o de tratamento de águas residuais. Tânia Correia é estudante de doutoramento em Ambiente e Sustentabilidade na Universidade Nova de Lisboa. Mestre em Engenharia do Ambiente pelo IPBeja é professora assistente e bolseira de investigação (projeto Hydroreuse) na mesma instituição.

 

Texto José Serrano

 

Luís Madeira e Tânia Correia, alunos de doutoramento coorientados no Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) pela professora Fátima Carvalho, participam no Programa Antártico de Investigação & Educação (PAIE) que decorre na Base Great Wall (base da China), na ilha King George, Antártica, até 16 de fevereiro. O PAIE é um programa interdisciplinar desenvolvido através da colaboração de docentes do IPBeja – Nuno Pereira e Ana Rodrigues (Estig), Aldo Passarinho e Sandra Saúde (ESE), Mariana Regado e Fátima Carvalho (ESA) – e do envolvimento de alunos da licenciatura em Engenharia Informática e de doutoramento em várias áreas, num processo de aprendizagem em contexto de investigação.

 

 

Qual o trabalho que estão, no âmbito do PAIE, a desenvolver na Antártida?

Estamos a desenvolver o projeto Why Antarctica que consiste no tratamento e reutilização das águas residuais da base Great Wall num sistema de cultivo hidropónico (sem solo) para produção de alface. O sistema foi desenvolvido pela equipa e o pré-tratamento das águas baseia-se num processo patenteado pelo IPBeja. O sistema conta ainda com um meio de monitorização de variáveis ambientais desenvolvido em colaboração com Rui Anastácio, aluno do curso de engenharia informática do IPBeja. O projeto pretende contribuir para a diminuição da pegada ambiental das bases de investigação na Antártida – através do tratamento e reutilização das suas águas residuais – e permitir o acesso a vegetais frescos.

 

 

Poderão os dados provenientes desta investigação vir a ter aplicação no Alentejo?

A investigação do tratamento e reutilização de águas residuais em cultivo hidropónico já era desenvolvida no IPBeja e foi transposta para a Antártida. Inicialmente, a investigação no IPBeja focou-se em águas residuais agroindustriais. Na Antártida fazemos tratamento e reutilização de águas domésticas/urbanas, o que abre muito o leque de aplicações da tecnologia, para aplicação no Alentejo, em Portugal ou em qualquer parte do mundo.

 

 

Como é um dia normal “de escritório” para um investigador no continente gelado?

O dia de trabalho inicia-se após o pequeno-almoço: verificamos o funcionamento do sistema, medimos a qualidade da água e o crescimento das plantas, recolhemos amostras e analisamos os dados recolhidos. Passamos muito tempo no laboratório mas temos uma vista esplêndida para o exterior que nos conforta nos momentos de pausa. No fim do dia existem atividades de lazer: ténis de mesa, badminton, futebol…

 

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