Diário do Alentejo

Municípios do Baixo Alentejo reduzem dívida em 56%

03 de janeiro 2020 - 00:40

Em sete anos, a dívida dos municípios alentejanos baixou de cerca de 495 milhões para 280 milhões. A nível nacional a redução é de quase 50 por cento, mas ainda existem 23 municípios que não cumprem o rácio legal de endividamento. A nova situação económica abre perspetivas para uma maior capacidade de investimento das autarquias, mesmo continuando a diminuir o passivo.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Em 2011 a dívida da totalidade dos municípios portugueses era de quase oito mil milhões de euros (7 926 965,00 euros). Nos números agora divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no final de 2018 a redução atingiu os 50 por cento, para os 4 017 297,00 euros. Na região do Alentejo, a dívida total das quatro sub-regiões (Alto, Baixo, Litoral e Norte) teve um recuo de 56 por cento, passando de 494  679,00 para 280 419,00 euros. No caso do Baixo Alentejo (que, para o INE, não inclui Odemira, nem os restantes concelhos do Alentejo Litoral), a redução também ultrapassou os 50 por cento, passando de 112 para 57 milhões, sendo que, só no último ano, a dívida baixou 8,6 milhões de euros. No Alentejo Litoral o abatimento atingiu os cinco milhões de euros.

Esta nova situação económica dos municípios, segundo Jorge Rosa, presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal), por muito que possa parecer “contraditório”, e apesar de haver “uma tendência generalizada para a continuação da diminuição da dívida”, irá permitir “um aumento do financiamento de novos projetos” aos municípios. E a que se deve a mudança de paradigma? “Com todos os problemas que o País tem vivido, os municípios aprenderam a gerir os dinheiros públicos de outra forma”. No entanto, acrescenta o também presidente da Câmara Municipal de Mértola, “apesar da redução da dívida têm-se conseguido fazer alguma obra”.

 

Para este abatimento contribuiu uma série de fatores, desde logo “os constrangimentos [impostos pelos governos] para a admissão de trabalhadores – e a natural saída de alguns devido à reforma”, o que obrigou “os municípios a pouparem alguma verba”, mas “também fazendo parte desta estratégia, a agregação dos municípios ao nível das comunidades intermunicipais (com a criação de centrais de compras, por exemplo), também permitiu alguma poupança”.

 

 

“Uma descentralização mal concretizada pode desequilibrar todo um orçamento municipal”

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que se reuniu em congresso no passado mês de novembro, em Vila Real, quer “uma reforma do regime legal” aplicado às autarquias e defende uma Lei das Finanças Locais que não fique “ao sabor das flutuações e oscilações inerente às maiorias parlamentares” de cada momento. Os autarcas querem, também, uma nova Lei das Finanças Locais “dotada de valor reforçado” para “garantir a estabilidade na sua aplicação, impedindo que os seus normativos possam ser livremente derrogados ou alterados por qualquer outra lei”.

 

O documento aprovado dedica ao “Financiamento local” defende, ainda, que o Fundo de Financiamento da Descentralização garante “a adequabilidade e sustentabilidade das competências transferidas”, da administração central para a local, quer “ao nível da sua suficiência financeira”, da “adequação dos recursos humanos” e “implicações organizacionais nas autarquias e entidades intermunicipais”.

 

Os autarcas alertam para o facto de “uma descentralização mal concretizada” poder “desequilibrar todo um orçamento municipal”. O reforço do poder tributário por parte dos municípios e o fim de “isenções automáticas relativamente a impostos que constituem receitas municipais” também é defendido.

 

A ANMP pretende ainda que “os imóveis do Estado, os prédios em centros históricos, paisagens culturais e conjuntos classificados como monumentos nacionais” fiquem dependentes dos municípios para a “concessão de isenções ou benefícios”, e, caso isso não aconteça, deverão as autarquias “ser compensadas pela perda da receita”.

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