Diário do Alentejo

Aeroneo desiste de projeto previsto para Beja

18 de agosto 2019 - 11:45

A Aeroneo desistiu do projeto de investimento anunciado em 2017 para a Base Aérea de Beja. A informação foi avançada pelo jornal Público, que cita informações transmitidas pelo presidente da autarquia benesse, Paulo Arsénio, numa das últimas reuniões do executivo municipal.

 

Através da sua página pessoal no Facebook, Paulo Arsénio confirmou que a Aeroneo "nunca fechou acordo com o Estado" para a concretização do projeto. "É um assunto entre o Estado e a empresa que envolve apenas o negócio que estava inicialmente previsto e que implicava um pagamento mensal durante 15 anos para exercício da atividade”. 

 

De acordo com o Público, o Ministro da Defesa Nacional (MDN), João Cravinho, respondendo ao pedido de esclarecimento solicitado pela autarquia sobre este assunto, explicou: “A empresa (Aeroneo) e o Estado não chegaram a celebrar o contrato” anunciado em 2017, que previa a concessão por 15 anos, renovável por igual período de tempo, de um conjunto de hangares com uma área coberta de 113.621 metros quadrados. Este equipamento que ficou conhecido por “Fábrica”, e está abandonado desde 1977, foi construído pelos alemães nos anos 70 do século passado na BA11, para a produção, presume-se, de componentes destinados à indústria militar.

 

A decisão do MDN foi tomada depois de a Aeroneo lhe ter comunicado que pretendia “desenvolver outras actividades no espaço em causa, designadamente a integração no contrato de arrendamento das actividades de manutenção, modificação e reparação de aeronaves”. Mas esta pretensão vinha contrariar a decisão expressa na Resolução do Conselho de Ministros n.º 55/2017 publicada a 24 de Agosto, ao definir que o arrendamento da “Fábrica” se destinava “exclusivamente ao desenvolvimento da actividade de desmantelamento de aeronaves e gestão de peças e componentes provenientes dessa actividade”.

 

Confrontado com as alterações propostas, o MDN “reverteu” a decisão anteriormente tomada, e que passava pela “desafectação do domínio público militar - Unidade Imobiliária 131 - Base Aérea n.º 11 Beja - área a utilizar pela Aeroneo”, gorando-se assim mais um dos vários projectos anunciados - cerca de duas dezenas - para o aeroporto de Beja e que não se concretizaram. 

 

Quando a unidade de desmantelamento de aviões foi apresentada em 2017, o Governo disponibilizou-se para “criar condições” que permitissem à empresa instalar “um hub de serviços empresariais ligados à indústria aeronáutica em Beja”. E na resolução de Conselho de Ministros já referida, é reconhecido o “elevado interesse estratégico nacional” da actividade da Aeroneo, ao mesmo tempo que classifica de “inequívoco o excepcional interesse público que a mesma actividade reveste para o desenvolvimento da indústria aeronáutica no concelho de Beja.”

 

O empreendimento, que deveria entrar em funcionamento pleno em 2020, estava dimensionado para responder à necessidade de desmantelamento de cerca de 12.500 aviões que irão ser retirados de operações nos próximos 12 anos, nomeadamente Airbus 319 e 320 e Boeing 737. A “revalorização de componentes aeronáuticos extraídos em aviões em fim de vida” era o objectivo do projecto anunciado para Beja, explicou naquele ano, Dominique Verhaegen, presidente da Aeroneo.

 

A empresa ainda possui licença para a ocupação, construção e exploração, no terminal civil da base de Beja, de um lote com 7500 metros quadrados, destinado à instalação de uma unidade industrial de manutenção de aeronaves. 

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