Diário do Alentejo

Sobreiro e azinheira ocupam a maior área de floresta

28 de junho 2019 - 19:00

O montado (sobreiro e azinheira) ocupa a maior área de floresta em Portugal, com um total de 1 milhão hectares, concluiu o 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6), divulgado pelo Ministério da Agricultura, considerando ainda que a área de eucalipto (844 mil hectares) “cresceu abaixo das estimativas”, tendo diminuido a área de pinheiro bravo (714 mil hectares) e aumentado a área de pinheiro manso (193.000 hectares).

 

De acordo com o Ministério da Agricultura, os trabalhos de fotointerpretação terminaram no final de 2018, contudo os dados finais “só foram entregues” este mês, tendo estado envolvidos na realização do IFN6 seis empresas na recolha de dados, sob coordenação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Este trabalho, que concluiu que os espaços florestais (floresta, matos e terrenos improdutivos) ocupam 6,1 milhões de hectares (69 por cento) do território nacional continental, foi “executado dentro do prazo” anunciado pelo Governo.

 

Ainda em relação aos “montados”, o IFN6 conclui que são a principal ocupação florestal, com mais de um milhão de hectares de superfície, representando “um terço” da floresta, sendo ecossistemas florestais de uso múltiplo, que têm na produção de cortiça a sua principal função. “Os pinhais são a segunda formação florestal, ocupando uma área superior a 900 mil hectares. Apesar do crescimento da área de pinheiro manso, regista-se um decréscimo da área ocupada pelo pinheiro bravo”, lê-se na nota.

 

Em termos globais, o IFN6 conclui que “mantém-se a tendência” de redução da área ocupada com pinho, que vem desde 1995, embora o ritmo da redução esteja a “abrandar”, revelando a “capacidade de resiliência” destas árvores às perturbações, como é o caso das pragas que afetam os pinhais. Os eucaliptais ocupam 844 mil hectares, área inferior à que tem sido estimada e que representa “cerca de 26 por cento” da floresta continental.

 

A nota do Ministério da Agricultura acrescenta que a floresta, que inclui terrenos arborizados e temporariamente desarborizados (superfícies cortadas, ardidas e em regeneração), “é o principal uso” do solo nacional (36 por cento). A tendência de diminuição da área de floresta, que se verificava desde 1995, “inverteu-se”, registando-se com este inventário um “aumento de 59 mil hectares (1,9 por cento) face a 2010, data da última avaliação.

 

Já os matos e pastagens representam a “segunda categoria mais expressiva” de uso do solo (31 por cento), registando um “crescimento contínuo” da área ocupada desde 1995, sendo que a floresta nacional é “maioritariamente” constituída por espécies florestais autóctones (72 por cento). O documento também revela que as folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras) registam um “aumento sistemático” de área ocupada ao longo dos últimos 20 anos, sendo o crescimento dessa área mais significativo no período entre os dois últimos inventários (2005 e 2015), apesar de constituírem a formação florestal menos representativa em área ocupada.

 

“Em termos estruturais, funcionais e paisagísticos, a floresta do continente está organizada em quatro grandes grupos, ou formações florestais: pinhais (constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo e pinheiro-manso), folhosas perenifólias “montados”, sobreirais e azinhais), folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras), e as folhosas silvo-industriais (eucaliptais)”, acrescenta o documento.

 

O Ministério da Agricultura explica que em todos os pontos de amostragem no terreno procedeu-se à identificação das espécies exóticas ou invasoras (de acordo com a classificação do Decreto-Lei n.º 565/99), tendo-se “confirmado” a presença destas espécies pelo território continental de “forma generalizada”, apesar de as situações de presença maciça (grupos de plantas ou extensão por toda a superfície) sejam “significativamente raras”.  Dentro desta área, as acácias e háqueas, canas e chorão-das-praias são as espécies mais detetadas.

Comentários