Diário do Alentejo

Beja pode acolher investimento da Fujitsu

02 de junho 2019 - 08:10

Texto José Serrano

 

A Fujitsu, companhia de tecnologias de informação e comunicação, cujo departamento de serviços abrange 170 países, está interessada em abrir, em Beja, um novo centro de competências.  O projeto, relacionado com a cibersegurança e a ciberdefesa advém do trabalho desenvolvido, desde há dez anos, pelo Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) através do seu Laboratório UbiNET, estrutura laboratorial sediada na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (Estig), que se dedica à segurança informática e ao combate ao cibercrime. 

 

A parceria, entre a empresa japonesa e o IPBeja, decorre desde há algum tempo, tendo sido assinado, em maio, durante o Simpósio de Segurança Informática e Cibercrime (SimSIC), um protocolo de cooperação que prevê o desenvolvimento e a implementação de projetos de investigação aplicada nas áreas da cibersegurança e ciberdefesa, a promoção e comercialização de produtos e serviços desenvolvidos pelo UbiNet e a cooperação na realização de seminários e ações de formação profissional orientadas a empresas ou entidades públicas nas referidas áreas. 

 

Para além deste protocolo, a parceria parece agora poder adquirir novas proporções, mais abrangentes, com a empresa multinacional a manifestar a intenção de instalar, na cidade de Beja, um novo centro de competências nas áreas da proteção da informação digital.  As negociações entre os parceiros estão a decorrer, dependendo a realização deste novo projeto “de uma série de requisitos que estamos neste momento, em conjunto, a analisar de forma intensa, e que têm, naturalmente, de estar garantidos para que o projeto se possa efetivamente concretizar”, diz João Paulo Trindade, presidente do IPBeja. 

O responsável pelo instituto refere ainda que, “não estando ainda nada concretizado” as expetativas das negociações são “elevadas” e que “dentro de pouco tempo”, se poderá revelar uma definição “mais concreta sobre o caminho deste projeto, de muita importância para o IPBeja, para a cidade e para a região”.

Rui Silva, coordenador do mestrado em Engenharia de Segurança Informática, lecionado na Estig, organizador do SimSIC e fundador do Laboratório UbiNet considera que a perspetiva desta “grande envolvência” entre a Fujitsu e o IPBeja se relaciona com a credibilidade que a UbiNET oferece no domínio da segurança informática. 

 

“Nestes dez anos, o trabalho desenvolvido pela UbiNET teve uma série de resultados práticos quantificáveis”, referindo como exemplos a sua participação na Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), entre 2010 e 2014, o desenvolvimento do “CryptoChannel” um produto desenvolvido pelo UbiNET em parceria com o Gabinete Nacional de Segurança e destinado a garantir a segurança de comunicações entre chefias do Estado ou as centenas de peritagens forenses, “de casos muito mediáticos”, para a Procuradoria-Geral da República. 

 

“Nós temos um histórico de competências na área da cibersegurança, que lhes dá [à Fujitsu] garantia de qualidade”, expõe Rui Silva, considerando assim que “há de facto que criar expetativas” sendo que as possibilidades de concretização deste importante projeto “são reais”. 

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