Dia 24 de maio. São 10:00 horas e o largo da Conceição, junto ao Museu Regional de Beja, aos poucos, vai sendo ocupado, cada vez mais, por estudantes. Chegam com os seus cartazes feitos, maioritariamente, em papelão. “O capitalismo atira-nos para o abismo”, “temos nas nossas mãos o futuro”, “preservar o planeta para salvar o futuro”, “não há planeta B”, “nosso futuro, nossas regras”, “faz pelo clima”, entre tantas outras frases, avistavam-se aqui e ali. Depois uma, escrita num cartão de maior dimensão, sobressaía na dianteira da manifestação pacífica: “A terra esgotou a sua paciência e nós também”.
“No dia 15 de março existiu um movimento igual a este e, com muita pena nossa, Beja não esteve presente. Achámos, por isso, que também deveríamos de representar o Baixo Alentejo. Nós seremos os adultos de amanhã, se não lutarmos pelo nosso futuro ninguém o fará por nós”. É assim que Miguel Santos, aluno da escola Diogo de Gouveia, em Beja, explica o porquê de os alunos da cidade de Pax Julia se organizarem e se associarem a este protesto de dimensão internacional.
Recorde-se que, segundo o manifesto apresentado, “a Greve Climática Estudantil é um movimento de estudantes político-apartidário, descentralizado, pacífico e não-violento, que se insere no movimento internacional #schoolstrike4climate e #fridaysforfuture”.
Os jovens defendem, assim, que “é importante abrir um debate sério e vinculativo sobre a justiça climática” e exigem, portanto, “uma ação governamental urgente”. Estes protestos são, por isso, “uma mensagem clara de descontentamento”.
E o descontentamento também chegou aos jovens da região. “Queremos dizer que estamos atentos. Este é um assunto urgente a tratar”, prossegue Miguel Santos.
“Quem governa, em Portugal e no Mundo, não está a pensar na saúde e no ambiente, e isso deve ser algo prioritário. Para haver algo para governar tem de existir e ser saudável. Não podíamos ficar parados, Beja não podia ficar em branco no mapa destes protestos. Não podíamos ficar silenciosos. Por exemplo, aqui, a nível local e regional, preocupa-nos o olival intensivo. Mas também a seca, e não vemos que exista uma preocupação urgente nesse sentido. Não são tomadas medidas rápidas, é tudo muito lento. Mas o nosso futuro não vai esperar, porque o tempo vai continuar a andar”. Quem o afirma agora é Margarida Raposo, aluna da escola Diogo de Gouveia, que também se associou à causa em Beja.