Diário do Alentejo

Hospital de Beja com “capacidade total” para realizar implantes de pacemaker sem fios

20 de dezembro 2025 - 08:00
Novo procedimento evita encaminhamento de doentes para outros centros hospitalaresFoto | Ulsba

A Ulsba realizou o primeiro implante de pacemaker sem elétrodos, uma tecnologia minimamente invasiva que evita encaminhar doentes para hospitais de Lisboa.

 

Texto | Nélia Pedrosa

 

O serviço de Cardiologia do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, realizou, no passado dia 28 de novembro, o primeiro implante de pacemaker sem elétrodos, um procedimento que “representa um avanço significativo nos cuidados cardíacos oferecidos na região, garantindo aos doentes locais acesso a uma opção terapêutica inovadora, menos invasiva e mais segura, particularmente, benéfica para perfis clínicos específicos”, refere, em nota de imprensa enviada ao “Diário do Alentejo” (“DA”), a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba), adiantando que “são dispositivos de dimensões reduzidas, implantados diretamente no coração, que eliminam a necessidade de elétrodos tradicionais e minimizam o risco de complicações associadas”.Em declarações ao “DA”, Luís Duarte, o cardiologista responsável por este procedimento, sublinha que a introdução da referida técnica no hospital de Beja foi possível devido à entrada em funcionamento, em maio último, de uma nova unidade de intervenção cardiovascular, que é dotada “de um moderno angiógrafo topo de gama”, que “permite fazer intervenções estruturais na parte do coração que não eram possíveis antes”. E acrescenta: “Houve um salto tecnológico em termos de equipamento pesado que possibilita o alargamento do tipo de intervenções, porque o sistema que nós tínhamos de radiologia era um sistema já antigo, não tinha a capacidade de definição que este sistema permite”. A par disso, adianta, “há claramente, sobretudo, na área da cardiologia e em termos de intervenção, uma inovação permanente. Estão sempre a aparecer novas técnicas, novos cateteres, novos dispositivos”. De acordo com o cardiologista, “a possibilidade de colocar um pacemaker sem elétrodos, [também] chamado pacemaker sem fios, permite resolver, às vezes, as limitações que existem quando temos de intervir em pessoas já idosas ou com alterações anatómicas que dificultam a implantação dos pacemakers” ditos convencionais. “O objetivo [com o novo implante] é evitar a colocação do elétrodo, que implica uma cirurgia. Há doentes em que há complicações depois de implantar os pacemakers e ao fim de uns anos. Temos, assim, para doentes em que haja essas limitações, [outra] opção”, especifica. Para além disso, acrescenta, este novo procedimento elimina “limitações”, por exemplo, ao nível do exercício físico. “O doente com pacemaker convencional tem sempre algumas limitações desportivas. Não pode jogar futebol, por exemplo”. Até agora, os doentes com indicação para este tipo de dispositivo eram referenciados para os hospitais de Santa Marta e Santa Maria, em Lisboa, conforme o tipo de patologias, adianta o médico, garantindo que o hospital de Beja tem uma “capacidade total” para realizar este novo procedimento. “Não há qualquer limitação para podermos tomar a decisão mais apropriada para cada doente. Sempre que tivemos um doente, que por qualquer motivo não seja possível colocar um pacemaker convencional, vamos colocar o pacemaker sem fios”. Além disso, sublinha, os pacientes com este dispositivo “terão cuidados de proximidade [no hospital de Beja]”, eliminado “a necessidade de deslocações para outras zonas”.Luís Duarte frisa, contudo, “que, neste momento, em todo o lado, o pacemaker sem elétrodo continua a ser uma opção de retaguarda quando a primeira opção [a convencional] não é possível”. O cardiologista acredita, no entanto, que “no futuro haverá uma maior generalização do pacemaker sem fios”, porque permite “fazer uma vida totalmente normal”. Com “este passo estratégico”, realça a Ulsba, o Hospital José Joaquim Fernandes “passa a integrar o grupo de unidades de saúde portuguesas que disponibilizam esta abordagem terapêutica, reforçando a confiança da comunidade no serviço público e na sua capacidade de inovação responsável”. Até ao momento, na região Alentejo, este procedimento era feito apenas no hospital de Évora.

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