A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, visitou na terça-feira, dia 18, o Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, e mostrou-se “muito preocupada” com as instalações “deficientes” do edifício, admitindo que o projeto de ampliação e requalificação “tem mesmo de arrancar no ano de 2026”.
Texto | Ana Filipa Sousa de SousaFoto | Ricardo Zambujo
“Posso deixar a total garantia de que, neste momento, a unidade local de saúde (ULS) está preparada para, no início do próximo ano, abrir o concurso para o projeto e depois o concurso para a construção”. Foi esta a salvaguarda que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, deixou na última terça-feira, dia 18, depois de visitar as instalações do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja.Segundo a responsável pela tutela, o edifício atual tem condições “muito deficientes” e, por isso, “não podemos estar mais 20 anos à espera que este hospital tenha modernização”. “Os doentes são bem tratados, porque, acima de tudo, os profissionais têm essa grande característica de serem capazes de quase fazerem milagres, mas isto não são condições de trabalho e não pode continuar”, disse.Consciente de que “tudo é complicadíssimo” e que não se pode “ultrapassar aquilo que é a própria legislação”, a ministra da Saúde assume que poderá demorar, mas que a remodelação e a ampliação do hospital de Beja “tem mesmo de arrancar no ano de 2026”.Relativamente à disponibilidade de verbas para avançar com a elaboração do projeto, Ana Paula Martins admite que a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) “tem dinheiro que está previsto no seu plano de desenvolvimento organizacional” e que, por isso, “a obra vai ser feita”.Questionada quanto às últimas declarações do deputado do PS eleito pelo círculo de Beja, Pedro do Carmo, que afirmava temer que o projeto em questão estivesse “perdido dentro de uma qualquer gaveta do Ministério da Saúde”, a ministra garante que este “não está na gaveta [e] nem está em cima da secretária”, mas, sim, com “pernas” a andar. Recorde-se que o parlamentar, em comunicado de imprensa enviado ao “Diário do Alentejo” (“DA”), mostrou-se surpreendido “por a segunda fase de ampliação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, não constar do Orçamento do Estado [OE] para 2026”, tendo, por isso, solicitado explicações ao Governo. Por seu turno, o deputado do PSD também eleito pelo círculo de Beja, Gonçalo Valente, em resposta ao pedido de explicações, referiu que o Ministério das Finanças colocou no OE do próximo ano “as obras que estão em curso ou [que] podem iniciar-se em 2026”, pelo que a “ampliação e a requalificação do hospital de Beja não precisam de estar no articulado, nem no relatório do OE, só no orçamento da Saúde”, visto que a verba “já foi cabimentada no OE para 2025”.Na semana passada, em declarações ao “DA” o presidente do conselho de administração da Ulsba confirmou que o júri designado em junho para analisar o projeto de arquitetura e especialidades já deu início “aos trabalhos para produzir um caderno de encargos que será posto a concurso”, provavelmente, “durante o primeiro trimestre do próximo ano”.Segundo José Carlos Queimado, se o primeiro concurso for publicado, “por exemplo, no primeiro trimestre do próximo ano e dando três ou quatro meses para a apresentação de candidaturas e, depois, mais ou menos o mesmo para escolher um vencedor, significaria que no final do próximo ano [ou] início de 2027 se iniciaria a obra”.“Este é um projeto apetecível, naturalmente. É um projeto grande, em que está muito dinheiro envolvido, e os grandes gabinetes de arquitetura vão concorrer, de certeza, e normalmente não gostam de perder”, justificava, admitindo que poderá existir atrasos nestes prazos face a “reclamações” e “pedidos de esclarecimento”.Ana Paula Martins, que visitou o hospital de Beja no âmbito de um “périplo” pelas unidades locais de saúde de todo o País para conhecer a “preparação do Serviço Nacional de Saúde para o período de inverno”, relembrou, ainda, a importância desta instituição situada num “distrito que tem efetivamente a dispersão geográfica que tem” e “uma demografia sénior grande”. “Há uma coisa que temos de assumir, [isto é] a atenção que tem de ser dada, concretamente, a esta ULS a vários níveis. Vou daqui com essa incumbência de que temos de reforçar aqui o investimento, não só para equipamentos necessários [mas] também a questão concreta da Rede Nacional de Cuidados Continuados”, referiu. Acrescentando que: “No fundo, os doentes têm alta clínica, mas precisam de ir para um lar ou para cuidados de média ou longa duração que não estão assegurados e, portanto, é preciso que o Governo ajude a própria direção executiva neste contexto”.
Urgência do hospital de Bejaé “prioridade” na linha de financiamentoA ministra da Saúde revelou, ainda, durante a visita, que se está a projetar “uma requalificação da urgência” do hospital de Beja durante “o próximo ano”, existindo, para já, “um projeto [que] já está feito”. “Já sabemos exatamente qual é o valor [da obra] e esperamos que haja uma linha de financiamento, como houve também no Governo anterior para os blocos de parto, para a requalificação das urgências e este hospital terá prioridade”, assegurou.