Diário do Alentejo

“Temos um património artístico único, que interessa divulgar e preservar”

19 de outubro 2025 - 08:00
Responsável pelo futuro Museu da Banda Desenhada, em Beja, galardoado em Viseu

Paulo Monteiro, 57 anos, natural de Vila Nova de Gaia

 

Licenciou-se em Letras e pós-graduou-se em História da Arte pela Universidade de Lisboa, em 1993, ano em que veio viver para Beja, a sua cidade adotiva. Desde 2005 que faz a direção da Bedeteca e do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Tem desenvolvido atividades ligadas ao estudo e divulgação da banda desenhada portuguesa. Como autor, tem livros publicados em vários países. É responsável pelo projeto de instalação do futuro Museu da Banda Desenhada, em Beja. Integrou a Academia Nacional de Belas Artes, como académico, em 2023.

 

Paulo Monteiro foi, recentemente, distinguido com o “Prémio Gicav BD”, na Gala Anim’Art 2025, organizada pelo Gicav – Grupo de Intervenção e Criação Artística de Viseu.

 

Com que sentimento recebeu esta distinção?Fiquei muito feliz. Foi um prémio inesperado, atribuído por uma instituição pela qual tenho muita estima.

 

É este prémio o reconhecimento do seu labor pela valorização da banda desenhada nacional?É uma distinção que me honra muito. Fruto do trabalho levado a cabo pela Bedeteca de Beja e por muitos colegas da câmara municipal e muitos amigos de Beja. Ninguém faz nada sozinho. Este prémio é, na verdade, dirigido a todos nós.

 

De forma indireta, é este um reconhecimento, também, ao trabalho que tem vindo a desenvolver junto da Bedeteca de Beja?Passa muito por aí. Sem o encaixe institucional dado pela bedeteca e pelo município não seria possível desenvolver este trabalho.

 

Qual a importância que a BD tem tido enquanto veículo de divulgação da cidade?Ao longo dos anos temos tido oportunidade de falar de Beja e dos projetos ligados à banda desenhada um pouco por todo o País e também pelo mundo (Angola, Bélgica, Brasil, Chéquia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, França, Polónia, Roménia, etc.). Inclusivamente com entrevistas em muitas televisões destes países. Existe sempre a preocupação de falar da nossa região e da nossa querida cidade de Beja. Neste momento, temos várias parcerias a decorrer em Angola, no Brasil, na Guiné-Bissau, em França e na Bélgica. Beja é conhecida um pouco em todo o lado, também por causa da BD. Notamos isso quando vamos a algum festival no estrangeiro e toda a gente já ouviu falar da nossa cidade. É muito incrível.

 

Com um novo ciclo autárquico prestes a iniciar-se o que diria, no âmbito da valorização da BD na cidade de Beja, ao executivo vencedor?Diria que este trabalho só tem sido possível porque tem existido uma estratégia que assenta na continuidade. Esta “estabilidade”, digamos assim, é essencial para que se possa crescer. É muito importante que se possa prosseguir com os projetos que temos em curso, no País e no estrangeiro, e, entre eles, o Museu da Banda Desenhada de Beja, que nos permitirá integrar os movimentos que se vão sentido no resto da Europa. Temos um património artístico único, que interessa divulgar e preservar. E Beja está no centro deste movimento.

José Serrano

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